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Suspeito cita ligação de vereador com advogados

O comerciante Clóvis Ângelo, de 58 anos, foi preso na madruga­da desta terça-feira, 6 de feverei­ro, na segunda fase da Operação Têmis, deflagrada pelo Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado (Gaeco) do Ministério Público Estadual (MPE) com apoio da Polícia Civil. Candidato a vereador na eleição de 2016 pelo Partido Pátria Livre (PPL), quando obteve 135 votos, ele é acusado de cooptar pessoas humildes e com restrições de cré­dito para a suposta quadrilha que teria dado um golpe de R$ 100 milhões via fraudes processuais.

A Operação Têmis investiga supostas fraudes processuais esti­madas em R$ 100 milhões. O sus­peito foi detido em sua residência, no bairro Adelino Simioni, Zona Norte de Ribeirão Preto. Docu­mentos foram apreendidos no local. De acordo com o Ministério Público, também seria um “capta­dor” de clientes para o escritório de advocacia “Lodoli, Caropreso, Baso e Vidal”, sociedade de quatro advogados presos na primeira fase da força-tarefa.

Conhecido como Capitão Ângelo, ele mencionou em de­poimento que o vereador Isaac Antunes (PR) trabalhou no es­critório de advocacia de Ribei­rão Preto investigado por frau­des judiciais – o juiz da 4ª Vara Criminal, Lúcio Alberto Enéas da Silva Ferreira, suspendeu 53,3 mil ações que tramitavam ape­nas no Fórum Estadual de Justi­ça da cidade, sem contar outros 30 mil recursos no Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP).

Em janeiro, após a primeira fase da operação, o republicano emitiu nota informando que não tinha qualquer ligação com os advogados, suspeitos de usarem indevidamente documentos e da­dos de terceiros para ganhar em cima de ações referentes a perdas inflacionárias de planos econômi­cos das décadas de 1980 e 1990 – Bresser, Verão e Collor.

Atualmente, Antunes somen­te é investigado pela Polícia Fede­ral por suspeita de ter prometido limpar o nome de inadimplentes – usados nos processos – para ganhar votos na corrida eleitoral em 2016 por meio da associação “Muda Ribeirão”. Nesta terça-feira, por meio de sua assessoria, o par­lamentar, eleito com 3.111 votos em outubro de 2016, voltou a dizer que não tem vínculos com o escri­tório de advocacia.

No depoimento, Ângelo, considerado pelos investigadores como o principal responsável por recrutar captadores de “clientes” para o escritório dos quatro advo­gados presos na primeira fase da operação, confirmou a ligação en­tre Antunes e a empresa, mas não soube detalhar a função do vere­ador no escritório nem o período em que ele teria permanecido.

Segundo o promotor Arol­do Costa Filho, que coordena a Operação Têmis e acompanhou o depoimento de Ângelo, o em­presário deixou claro que o projeto “Muda Ribeirão” tinha a mesma finalidade que a associação dos advogados, que era captar clientes. Para o representante do Ministério Público Estadual (MPE), as infor­mações pouco acrescentam à ação penal que tramita contra os advo­gados, mas pode ser importante para as diligências da Polícia Federal em relação à suspeita de crime eleitoral.

De acordo com o Ministério Público, uma representação elei­toral de março do ano passado denunciava que, para conseguir votos, Isaac Antunes mobilizou o projeto “Muda Ribeirão”, iniciati­va que prometia “limpar o nome” de pessoas com restrições de cré­dito e protestos gratuitamente. O promotor diz ter provas materiais e testemunhais contra Antunes, como fotos e depoimentos de pessoas que não tinham conhe­cimento de que as ações judiciais estavam sendo impetradas – elas teriam assinado procurações sem saber do que se tratava.

O MPE também diz ter tes­temunhas que confirmaram te­rem sido convidadas por Isaac Antunes para esses encontros e induzidas a entregar cópias de documentos e a assinar uma procuração e uma declaração de pobreza, mais tarde entregues aos advogados investigados sem que elas soubessem que acaba­riam sendo titulares de ações. Segundo Costa Filho, os indícios levantados são suficientes para ensejar um pedido de cassação.

O Conselho de Ética da Câma­ra vai abrir Comissão Processante com base na denúncia. O promo­tor também deixa claro que o ve­reador é investigado pela suposta captação ilegal de votos, e não apa­rece como réu na ação penal que envolve os advogados e as associa­ções. O parlamentar já disse ante­riormente, nas redes sociais, que o MPE está cometendo um equíovo e que vai provar inocência.

Na porta de casa, ao ser pre­so, Ângelo negou as acusações. O empresário disse que apenas pres­tava serviço aos advogados inves­tigados e não tinha conhecimento sobre como os dados captados por ele eram usados. Durante as elei­ções de 2016, o então candidato declarou à Justiça Eleitoral gasto de R$ 500. Do total, R$ 300 foram doados por Klaus Philipp Lodoli, advogado preso na primeira fase da Operação Têmis e apontado pelo MPE como um dos chefes do esquema fraudulento.

Outro advogado sócio do es­critório e que também está preso, Gustavo Garopreso Oliveira, tam­bém era filiado ao PPL. Com 135 votos, Capitão Ângelo foi eleito 12º suplente na Câmara de Ribeirão Preto durante as eleições de 2016. O presidente do Diretório Muni­cipal do PPL, Josias Lamas Neto, disse que já pediu a expulsão dele à Executiva Nacional do partido. O MPE destaca que Ângelo decla­rou à Justiça Eleitoral, em 2016, ser proprietário de um hotel em Iga­rapava e de uma microempresa, o que comprovaria a falsidade das informações de declaração de po­breza juntadas nos processos.

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