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Surge um novo tratamento precoce

No último feriado de finados os cemitérios ficaram reple­tos de visitantes que foram prestar homenagens aos parentes e amigos que já partiram. As tradicionais cenas de comoção se espalharam por todo país, desta vez com um requinte de dor, ainda, maior. É que entre as 609 mil vitimas da Covid, a grande maioria não teve direito a velório e os familiares não conseguiram dar o último adeus aos entes queridos que foram ensacados dentro de caixões lacrados. Muitos sequer conseguem localizar os túmulos e covas.

Na mesma semana, vários estados liberaram a presença de público nos estádios de futebol e o torcedor mais fanático teve a oportunidade de se espremer em arenas lotadas, sem distanciamento, máscara ou qualquer outro item de seguran­ça sanitária. A saudade do clube do coração e a necessidade de sentir a emoção do grito de gol foram maiores do que qualquer cuidado com a vida alheia e com a própria.

O cenário contrastado de tristeza e alegria continua ao observarmos que o Brasil conseguiu vacinar cerca de 116,8 milhões de pessoas com a segunda dose ou a dose única, os chamados totalmente imunizados, mas é o segundo país com mais mortes em consequência do vírus no mundo, atrás apenas dos EUA. O interessante é que em ambos o movimen­to antivacinação cresce e a indústria da desinformação ganha elementos financeiros. Gerar temor ou insegurança rende, além de seguidores, fã-clubes, monetização de páginas, pales­tras e comercialização de livros.

A história brasileira com a imunização pode ser contada a partir do empenho do médico sanitarista Oswaldo Cruz e a revolta das vacinas que proporcionou um legado de erradica­ção de várias doenças com campanhas amplas e estruturadas, rede pública de saúde ampla, profissionais experientes e uma boa produção nacional.

Agora a nação que ostentou o título de referência mun­dial registrou nos últimos anos uma preocupante queda da cobertura vacinal do calendário de imunização. Em 2019, pela primeira vez, nenhuma das vacinas básicas teve a meta alcançada. Para quem gosta de bater no peito gritan­do seu amor pela bandeira e pela pátria, manter a carteira de vacinação em dia deveria ser o maior ato de cidadania, aliás, praticado por todos.

A boa notícia da semana veio do Reino Unido que anun­ciou a aprovação de antiviral contra a covid-19 que, segundo o ministro da Saúde, Sajid Javid, poderá ser tomado em casa e mudará a situação para os mais vulneráveis e imunodeprimidos, que em breve poderão receber o tratamento revolucionário.

Considerando que está difícil sensibilizar as pessoas em relação aos cuidados com a saúde física e mental e, tam­bém, sobre a necessidade de uma convivência mais pacífica e respeitosa, hoje propomos aos amigos uma mobilização para instituir o tratamento precoce para combater os vírus da ignorância, da intolerância e da alienação. O kit é formado basicamente por educação e cultura.

Além do ensino formal presencial ou remoto, são indi­cados cursos livres acompanhados por doses mensais de literatura, música, teatro, dança, pintura, escultura, cinema, fotografia e arte digital. Ele não tem contra indicação. A única recomendação é que se tenha muito cuidado com a exposição às Fake News, transmitidas principalmente por redes sociais. Também é importante evitar repassar postagens sem antes proceder à checagem de fonte e veracidade.

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