Tribuna Ribeirão
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Supostos hackers vão continuar presos

A Justiça Federal prorrogou na tarde desta segunda-fei­ra, 30 de setembro, as prisões preventivas de Luiz Henrique Molição, de 19 anos, preso em Sertãozinho, e de Thiago Elie­zer Martins dos Santos, o ”Chi­clete”, de 25 anos, acusados de fazer parte de uma organiza­ção criminosa que grampeou e vazou mensagens de pro­curadores da força-tarefa da Lava Jato e do então juiz Sergio Moro, hoje ministro da Justiça e Segurança Pública.

Molição e Santos foram presos na segunda fase da Operação Spoofing. Em au­diência de custódia, o juiz da 10ª Vara Federal do Distri­to Federal, Ricardo Augusto Leite, considerou que ainda é cedo para soltar os dois inves­tigados, já que a Polícia Federal ainda não concluiu as perícias nem o inquérito do caso. O juiz também considerou que os crimes imputados aos acu­sados são graves.

O Ministério Público Fede­ral, representado pela procura­dora Luciana Loureiro Oliveira, também manifestou pela manu­tenção da prisão até a finalização da perícia, que está em curso pela PF em Brasília. No caso de Molição, o juiz disse que não está clara a extensão da partici­pação dele no grupo criminoso, mas alertou que as acusações que pesam sobre ele “são muito graves”. Segundo a PF, o rapaz se Sertãozinho pode ter planejado e instruído Walter Delgatti Neto, o “Vermelho”, de 30 anos, nos ataques cibernéticos.

O advogado Ademar Cos­ta, que representa Molição, dis­se que vai entrar com novo pe­dido de liberdade. “Meu cliente não tem envolvimento. A gen­te acredita na inocência dele. Ele está participativo. A Justiça podia ter decretado alguma medida alternativa”, justificou. O advogado Thiago Vitor dos Santos Batista, que defende Eliezer Martins, afirmou que o cliente colabora com a investi­gação e que respondeu a todos os questionamentos feitos pela autoridade policial.

A defesa afirma ainda que “Chiclete” não teve envolvi­mento técnico com as invasões de celulares das autoridades e que a única relação que teve com “Vermelho” foi comercial. A investigação sobre as inva­sões de aplicativos de comuni­cação de altas autoridades da República aponta a prática de crime contra a Lei de Seguran­ça Nacional, na modalidade de espionagem.

A citação ao “possível cri­me” consta de documentos do inquérito sigiloso. Em parecer, o procurador da República Wellington Divino Marques de Oliveira afirmou que os ele­mentos da investigação colhidos pela Polícia Federal indicam “diversas condutas relacionadas à invasão de aparelhos de comu­nicação privados de autoridades públicas colocando em risco a segurança nacional e o próprio conceito de estado democrático de direito”.

Além da afirmação do pro­curador, o juiz Ricardo Leite citou na ordem de prisão tem­porária de Molição e Santos “possível crime contra a Segu­rança Nacional”, mencionando expressamente o artigo 13, pará­grafo único, I, da lei nº 7170/83 – a Lei de Segurança Nacional.
O trecho prevê pena de três a 15 anos a quem “mantém ser­viço de espionagem ou dele par­ticipa”, com o objetivo de “co­municar, entregar ou permitir a comunicação ou a entrega – a governo ou grupo estrangeiro ou a organização ou grupo de existência ilegal – de dados, do­cumentos ou cópias de docu­mentos, planos, códigos, cifras ou assuntos que, no interesse do Estado brasileiro, são classifica­dos como sigilosos”.

A possibilidade de uma denúncia por infração à Lei de Segurança Nacional foi co­mentada nos bastidores desde a primeira fase da Operação Spoofing, deflagrada no fim de julho, mas ainda não havia sido registrada em documen­tos até a sua segunda etapa, ocorrida no dia 19 com as pri­sões de Luiz Molição e Thiago Martins. O envolvimento dos dois, apontado por investiga­dores, desmontou o discurso de Walter Delgatti Neto, de que teria agido sozinho.

Além deles, há outros três presos, o casal Gustavo Santos e Suellen Priscila, cada um com 25 anos, e Danilo Cristiano Mar­ques, de 36. Investigadores bus­cam esclarecer se houve mais participantes e, principalmente, se houve pagamento para a ob­tenção e comunicação das men­sagens de autoridades.

Molição foi preso em sua casa no bairro Primeiro de Maio, em Sertãozinho, na Re­gião Metropolitana de Ribei­rão Preto (RMRP). Segundo as investigações, ele e “Chiclete” são integrantes do grupo que interceptou os celulares de mais de mil autoridades. Ele estuda Direito em uma facul­dade em Ribeirão Preto, onde conheceu “Vermelho”, foi pre­so no Edifício Premium, na avenida Leão XIII, no bairro da Ribeirânia, em 23 de julho, na primeira fase da Spoofing.

Inicialmente, os presos são investigados pelos crimes de associação criminosa, invasão de dispositivos informáticos e interceptações telefônicas. Caso também sejam enquadrados na Lei de Segurança Nacional, como defendem integrantes do Planalto, a punição pode chegar a 15 anos de prisão.

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