Tribuna Ribeirão
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Suposto golpe – Bolsonaro depõe à PF por duas horas

VALTER CAMPANATO/AG.BR.

Após cerca de duas horas de depoimento, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) deixou a sede da Polícia Federal (PF), em Brasília. Ele foi ouvido no inquérito que investiga uma tentativa de golpe de Estado que teria sido articu­lada pelo senador Marcos do Val (Podemos-ES). O inquérito foi aberto em fevereiro pelo minis­tro do Supremo Tribunal Fede­ral Alexandre de Moraes.

Questionada, a Polícia Fe­deral não revelou o conteúdo do depoimento. O ex-presi­dente chegou na PF por volta de 13h40 e começou a ser ou­vido por volta das 14 horas. Antes das 16h30, a oitiva se encerrava. Em conversa com a imprensa na saída, Bolsona­ro negou ter qualquer vínculo com Marcos do Val.

Entretanto, admitiu ter par­ticipado de uma reunião com o senador e o então deputado fe­deral Daniel Silveira no início de dezembro. É o conteúdo dessa reunião que está sendo investi­gado pela polícia. As suspeitas são de que os três discutiram uma possível tentativa de dar um golpe de Estado, invalidan­do as eleições ocorridas pouco mais de um mês antes.

“Nada aconteceu no dia 8 de dezembro. Até porque não tinha nenhum vínculo com o senhor Marcos do Val. Que eu me lembre, nunca tive uma reunião com ele, nunca o recebi em audiência, a não ser, talvez, fotografia, que é muito comum acontecer entre nós. Então, nada foi tratado, não tinha nenhum plano”, disse o ex-presidente.

Ele afirmou que ficou ca­lado durante todo o encontro com os parlamentares, ambos da base de seu governo. “O que eu tirei da conversa, fiquei calado ali, era que o Daniel Sil­veira queria que o Marcos do Val falasse alguma coisa. Ele também não falou nada”.

A impressão que ele afirma ter de Silveira e Do Val é que os dois não tinham hábito de con­versar entre eles, mas ambos se aproximaram após o senador dizer durante uma audiência pública que precisaria se ausen­tar para uma reunião com o mi­nistro do Supremo.

“Passou a ter [uma relação entre os dois parlamentares] após aquela audiência pública onde o Marcos do Val, ao fa­lar que iria se encontrar com o ministro Alexandre de Moraes, poderia extrair algo de útil desse possível relacionamento entre o senador e o ministro”.

As suspeitas são de que o se­nador queria gravar a conversa na busca por uma declaração do ministro admitindo ter, em algum momento, ultrapassado “as quatro linhas da Constitui­ção”. Essa admissão de culpa, que nunca ocorreu por parte do magistrado, poderia ser usada como argumento para questionar o resultado das eleições de 2022, na qual Bol­sonaro foi derrotado por Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

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