O Índice de Preços dos Supermercados (IPS), calculado pela Associação Paulista de Supermercados (Apas) e pela Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe), voltou a subir em fevereiro, com alta de 1,13%, o maior resultado para um mês desde a greve dos caminhoneiros, em maio de 2017. A inflação do setor no primeiro bimestre está acumulada em 2,15%.
O acumulado em janeiro e fevereiro é o terceiro pior resultado da inflação dos supermercados para o primeiro bimestre nos últimos 16 anos. “O feijão subiu 54% apenas em um mês e foi um dos responsáveis pelo índice de inflação bater este recorde. Batata, alface, leite e ovos também foram outros produtos com aumentos de preço relevantes e com forte impacto no prato do brasileiro”, explica o economista da Apas, Thiago Berka.
Em fevereiro, das 27 categorias acompanhadas 15 apresentaram inflação. Este cenário é um pouco diferente do que aconteceu no mês anterior, quando foram registrados aumentos em 22 categorias. Em janeiro, a Apas estimou que o quilo do feijão a R$ 8 seria o valor máximo que o produto poderia atingir, dada a situação de safra e chuvas. Em São Paulo, valor do quilo em alguns supermercados e praças já variam de R$ 6 a R$ 9 – nas regiões norte e nordeste do país o preço já alcança R$ 10 o quilo.
“A conjuntura de dois fatores causou o choque que o consumidor percebe hoje nas gôndolas: o primeiro foi a redução da área plantada em até 10%, devido aos anos de preços ruins que os produtos obtiveram, obrigando produtores a optarem por culturas mais rentáveis no momento, como soja e milho. O segundo fator foi a estiagem nas zonas produtoras em momentos críticos da semeadura, como no Paraná, maior produtor de feijão do Brasil”, enfatiza Thiago Berka. Uma possível normalização só deverá ocorrer com a segunda safra do feijão, em abril, e em março podem ocorrer novos aumentos.
Hortifrútis seguem crescendo
A categoria de hortifrútis foi outra que contribuiu para a alta da inflação de fevereiro. Considerando o acumulado do primeiro bimestre de cada ano, desde o início do plano real, as categorias frutas, tubérculos e legumes ficaram entre os três maiores aumentos da história. No caso do grupo de legumes, 2019 foi o maior crescimento já observado em um bimestre. Isso demonstra o tamanho da contribuição dos hortifrútis em geral no índice de preços dos supermercados.
Em fevereiro, as frutas cresceram 1,55%. Porém, duas das frutas de maior peso e consumo do brasileiro, laranja e maçã, seguem com choques de preço e tiveram alta de, respectivamente, 5,5% e 8,1%. No caso da maçã, esta segue no terceiro mês consecutivo com altas acima de 8% no preço, enquanto a laranja teve o sétimo aumento seguido. Outro produto que segue como impulsionador da alta nos preços é a batata. O consumidor continua percebendo preços maiores, que tiveram alta de 27,39% em fevereiro e chegaram a 75% de aumento no acumulado dos últimos 12 meses.
Produto que demonstrava seguidas quedas, o ovo registrou alta de 7,3% em fevereiro, maior aumento já registrado para o mês desde a criação do plano real, início da série histórica de medição do IPS. A alface foi quem teve uma das maiores altas entre as verduras, com 19,3% de crescimento. Este é um produto muito presente na mesa do paulista e do brasileiro em geral, sendo a terceira folhosa mais consumida no país. Por conta desta representatividade na alimentação, o impacto da alface em alta é bastante sentido no IPS.