Com 89.632.912 habitantes e 303.886 médicos, a região Sudeste possui um percentual de 3,39 profissionais por mil habitantes. O número é o maior entre todas as regiões do Brasil, segundo dados da Demografia Médica no Brasil 2023, cujos resultados foram publicados no dia 8 de março.
Apesar de ficar acima, inclusive, da média Brasil – em que para cada mil habitantes existem 2,41 médicos -, no Sudeste existem grandes diferenças regionais e entre os municípios. Ou seja, a distribuição de médicos é desigual nos estados e municípios da região e, na comparação com outras regiões, evidencia problemas de infraestrutura e de valorização da classe, contribuindo para a falta de acesso de parte da população a serviços básicos de saúde.
Nos estados do Sudeste, a razão entre profissionais da área por mil habitantes é de: 3,77 no Rio de Janeiro; de 3,50 em São Paulo; de 3,00 no Espírito Santo; e de 2,91 em Minas Gerais. As variações também se aprofundam nos diferentes municípios. Enquanto as capitais do Sudeste possuem uma razão de 6,64 médicos por mil habitantes, o interior tem 2,70 e as regiões metropolitanas 1,51, maior que a média de estados como o Pará (1,18), cuja razão é a menor do Brasil.
Embora existam grades diferenças entre regiões recentes levantamentos mostram que houve um aumento no número de médicos no Brasil. Estudo realizado pela Universidade de São Paulo (USP) em parceria com a Associação Médica Brasileira (AMB), em pouco mais de 20 anos, o número de médicos mais que dobrou no país. Em janeiro deste ano, havia 562.229 médicos inscritos nos 27 Conselhos Regionais de Medicina (CRMs), o que corresponde a uma taxa nacional de 2,6 médicos por mil habitantes.
De acordo com Raul Canal, presidente da Sociedade Brasileira de Direito Médico e Bioética (Anadem), o Brasil sofre com uma grande desigualdade na distribuição da população médica. Isso significa que, segundo o especialista, o volume não resolve o problema de saúde do Brasil. Além disso, a proporção de profissionais da área atuando em municípios pequenos e mais distantes dos grandes centros urbanos é ainda menor.
“Analisando o cenário, não é difícil constatar que a má distribuição de profissionais não resulta de um suposto desinteresse dos médicos, que até chegam a migrar para essas regiões. O grande problema é que acabam desistindo de atuar nessas cidades, onde notam a ausência de uma infraestrutura mínima: não há hospitais, postos de saúde, unidades especializadas, remédios, transporte. Não há o mínimo para atender com dignidade”, aponta o presidente da Anadem.
As desigualdades relacionadas à demografia médica também se fazem presentes em recortes entre gêneros. O estudo mostra que as mulheres médicas ganham, em média, R$ 13 mil a menos que os homens. De acordo com o presidente da Anadem, a desigualdade na renda entre homens e mulheres também deve ser discutida pelos órgãos competentes e autoridades. “Se as mulheres possuem a mesma formação e obedecem aos mesmos trâmites burocráticos que os homens ao longo de sua trajetória profissional, não há explicação racional para que haja essa diferenciação salarial”, esclarece.
Atualmente Ribeirão Preto possui quatro faculdades de medicina. Três particulares – Estácio, Centro Universitário Barão de Mauá e Unaerp -, e uma faculdade pública, a Universidade de São Paulo (USP).