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STJ suspende ação da Sevandija

O ministro Rogério Schietti Cruz, da Sexta Turma do Supe­rior Tribunal de Justiça (STJ), re­lator dos processos da Operação Sevandija em Brasília, concedeu liminar ao ex-secretário da Edu­cação de Ribeirão Preto, Ângelo Invernizzi Lopes, e determinou a suspensão da ação penal que investiga um suposto esquema de fraude em licitações na Com­panhia de Desenvolvimento Econômico (Coderp) e a relação da empresa com a Atmosphera Construções e Empreendimen­tos, do empresário Marcelo Plas­tino, que cometeu o suicídio em novembro de 2016.

O magistrado atendeu ao pe­dido feito pela advogada Josimary Rocha de Vilhena, que defende In­vernizzi Lopes, e barrou qualquer nova decisão do juiz da 4ª Vara Criminal de Ribeirão Preto, Lúcio Alberto Enéas da Silva Ferreira, relacionada com a ação penal da Coderp, até que haja uma decisão referente ao julgamento do mérito do habeas corpus. O processo está na fase das alegações finais – me­nos de 30 dias para que as defesas apresentem formalmente seus ar­gumentos – e sentença.

O STJ vai decidir se a ação penal deve tramitar na Justiça Estadual ou na Federal, já que o suposto esquema envolve verba federal – na gestão da ex-prefeita Dárcy Vera (sem partido), quan­do Invernizzi Lopes era secre­tário da Educação, o Ministério da Educação (MEC) financiou a compra de catracas eletrônicas para escolas municipais. O valor estimado é de R$ 26 milhões – te­ria sido superfaturado, segundo a denúncia do Ministério Público Estadual (MPE).

Segundo a advogada de In­vernizzi Lopes, a decisão tam­bém prioriza o julgamento de habeas corpus de liberdade do ex­-secretário no Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ/SP). A liminar abrange os 21 réus desta ação pe­nal (leia quadro nesta página). O magistrado de primeira instância não poderá emitir sentença ou decretar a prisão preventiva de ne­nhum dos citados pelo Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado (Gaeco), que forma a força-tarefa da Sevandija com a Polícia Federal (PF).

Os promotores Leonardo Romanelli, Walter Manoel Al­causa Lopes e Frederico de Ca­margo também não podem en­trar com recurso antes de a Sexta Turma do STJ decidir em qual esfera a ação penal vai tramitar e receber sentença.

A liminar, porém, não anula as decisões já anunciadas ante­riormente, apesar de a defesa questioná-las no habeas corpus – como o leilão de veículos agen­dado para os próximos dias.

Na semana passada, os pro­motores do Gaeco entregaram relatório com 403 páginas ao ma­gistrado em que pede a condena­ção de 21 réus por vários crimes – organização criminosa, dispensa indevida e fraude em licitações, corrupção passiva e ativa e pecu­lato. O MPE também requer a devolução de R$ 105,98 milhões aos cofres públicos e a prisão pre­ventiva de 14 pessoas, inclusive a de Invernizzi, que cumpre prisão domiciliar em razão do estado de saúde da esposa. Todos negam a prática de atos ilícitos e dizem que vão provar inocência.

Dárcy Vera não é ré nesta ação, mas o Gaeco não descarta a inclusão da ex-prefeita na lista de denunciados – por enquanto, é ré apenas no processo dos honorá­rios advocatícios. Os promotores anunciaram na semana passada que a Operação Sevandija terá uma segunda etapa. Entre os pedi­dos de prisão preventiva constam os nomes de oito vereadores, o do ex-secretário da Educação e mais cinco pessoas citadas no processo.

Segundo o Gaeco, o valor total desviado dos cofres públicos apu­rado nas três frentes de investiga­ção – Coderp, honorários e a do Departamento de Água e Esgotos de Ribeirão Preto (Daerp) – pas­sou de R$ 203 milhões para R$ 245 milhões. Além dos R$ 105,98 milhões do caso Coderp, o MPE apontou um contrato ilegal de R$ 68 milhões firmado entre o Daerp e o grupo Aegea, dos quais R$ 58 milhões foram pagos.

O outro foi de R$ 69 milhões em honorários ao escritório da advogada Maria Zuely Alves Li­brandi, responsável por defender o Sindicato dos Servidores Muni­cipais em uma ação de reposição de perdas salariais, que resultou em um desvio de R$ 45 milhões. Todos negam a prática de crimes. O ex-sócio de Plastino, Paulo Roberto de Abreu Júnior, e a ex-namorada dele, Alexandra Martins, assinaram acordo de delação premiada com o Gaeco.

Os nove ex-vereadores cita­dos nesta ação penal são Wal­ter Gomes (PTB, ex-presidente da Câmara, o único que está preso),Cícero Gomes da Silva (MDB), José Carlos de Oliveira, o Bebé (PSD), Antonio Carlos Capela Novas (PPS), Genivaldo Gomes (PSD), Maurílio Romano (PP), Samuel Zanferdini (PSD), Evaldo Mendonça, o Giló (PTB, genro da ex-prefeita Dárcy Vera) e Saulo Rodrigues (PRB, o Pastor Saulo). Walter e Cícero Gomes são acusados pela PF de receber propi­na no famoso “cafezinho de Plas­tino”. Todos os acusados negam a prática de atos ilícitos.

Os réus da ação penal
– Marco Antonio dos Santos (ex-secretário da Administração e ex-superintenden­te da Coderp e do Daerp)
– Davi Mansur Cury (ex-superintendente da Coderp)
– Layr Luchesi Júnior (ex-secretário da Casa Civil)
– Ângelo Invernizzi Lopes (ex-secretário de Educação)
– Walter Gomes (ex-vereador pelo PTB e ex-presidente da Câmara)
– Cícero Gomes da Silva (ex-vereador pelo PMDB)
– Evaldo Mendonça (ex-vereador pelo PTB, o “Giló”, genro da ex-prefeita Dárcy Vera)
– José Carlos de Oliveira (ex-vereador pelo PSD, o “Bebé”)
– Genivaldo Gomes (ex-vereador pelo PSD)
– Samuel Zanferdini (ex-vereador pelo PSD)
– Maurílio Romano (ex-vereador pelo PP)
– Saulo Rodrigues (ex-vereador pelo PRB)
– Antônio Carlos Capela Novas (ex-vereador pelo PPS)– Sandro Rovani (advogado, acusado de intermediar o pagamento de propinas para Plastino)
– Alexandra Martins (ex-namorada de Marcelo Plastino)
– Paulo Roberto Júnior (ex-sócio de Marcelo Plastino)
– Jonson Dias (proprietário de empresa com contratos com a Coderp)
– Simone Sicillini (esposa de Jonson)
– Wesley Medeiros (ex-advogado da Atmosphera)
– Vanilza Daniel (ex-gerente de Recursos Humanos da Coderp)
– Maria Lúcia Pandolfo (ex-gerente financeira da Coderp)
Obs.: Marcelo Plastino cometeu suicídio

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