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STJ livra ex-prefeita de audiências

Foto: Alfredo Risk

O ministro Rogério Schietti Cruz, da Sexta Turma do Supe­rior Tribunal de Justiça (STJ) e relator de todos os recursos apresentados pelos réus da Operação Sevandija, concedeu uma liminar e liberou a ex­-prefeita Dárcy Vera (PSD) de comparecer às audiências com testemunhas da ação penal que envolve os honorários advoca­tícios do acordo de reposição de 28,35% referente às perdas do Plano Collor.

As primeiras audiências serão no início da tarde de se­gunda-feira, 25 de setembro, e as demais estão agendadas para quinta (28) e sexta-feira, dia 29, com uma testemunha de defesa e oito de acusação, no Fórum Esta­dual de Justiça de Ribeirão Preto. A advogada de Dárcy Vera, Ma­ria Cláudia Seixas, já havia entra­do com pedido de habeas corpus na 4ª Vara Criminal, onde tra­mitam os processo da Sevandija, mas o juiz Lúcio Alberto Eneas da Silva Ferreira negou o recurso.

Posteriormente, a defesa re­correu à 8ª Câmara de Direito Criminal do Tribunal de Jus­tiça de São Paulo (TJ/SP), que manteve a decisão de primei­ra instância. No entanto, nesta quinta-feira, dia 21, Schietti Cruz acatou os argumentos apresen­tados por Maria Cláudia Seixas. Ela argumenta que há risco de a ex-prefeita, atualmente presa na Penitenciária I de Tremembé, no Vale do Paraíba, e listada como um dos seis réus do processo, sofrer “linchamento moral” nas visitas ao Fórum Estadual, além do risco de agressão física e gasto desnecessário com combustível.

O juiz Silva Ferreira, ao ne­gar o pedido, disse que já havia requisitado reforço na seguran­ça à Polícia Militar e que a dis­pensa poderia ser vista como “um privilégio incompatível”, já que os outros cinco réus ti­veram solicitações negadas. Em Brasília (DF), o caso foi encaminhado para julgamento com um pedido de priorida­de devido à proximidade das audiências. Ao contrário dos pareceres anteriores, Schietti Cruz considerou que o compa­recimento de Dárcy Vera à sede da Justiça de Ribeirão Preto não é indispensável e deve ser um compromisso facultativo.

As audiências terão início às 13h45. Na segunda-feira (25), serão ouvidos o delegado da Po­lícia Federal, Flavio Vieitez Reis, e os agentes da PF Luiz Alécio Janones e Roni Claudio Sterf Pires – já depuseram na ação da Companhia de Desenvolvimen­to Econômico de Ribeirão Preto (Coderp) com a Atmosphera Construções e Empreendimen­tos, da Marcelo Plastino, que co­meteu suicídio em novembro.

No próximo dia 28, está mar­cado para serem interrogados os servidores da Prefeitura de Ribeirão Preto Silvia Petrocelli, Dulcineia Abonisio Godoi e Carmem Lucia Gouveia Zeo­ti – as duas últimas também já foram ouvidas nas oitivas do processo da Coderp. No dia 29 de setembro está marcada a inquirição da também servi­dora Rosemeire Buosi e do filho de Maria Zuely, o advogado Le­andro Alves Librandi, além de Dorcelina Pereira da Silva.

O processo dos honorários advocatícios é um dos três pilares da Sevandija, que também apura fraudes em licitações do Depar­tamento de Água e Esgoto de Ri­beirão Preto (Daerp) e pagamen­to de propina, apadrinhamento e processos licitatórios suspeitos da Coderp. Assim como ocorreu nas audiências das testemunhas arroladas no caso da companhia, as sessões contarão com os seis réus investigados no caso.

Dárcy Vera está detida em Tremembé desde 19 de maio, acusada de chefiar um esquema que desviou R$ 230 milhões dos cofres públicos – nesta ação, o valor desviado seria de R$ 45 milhões, por meio de fraude no acordo dos 28,35% dos servi­dores. Dos seis réus nesta ação, apenas Hentz e Rodrigues estão em liberdade. O advogado diz que recebeu pagamento legal por ser defensor de Maria Zue­ly e não tem nada a ver com o esquema que teria desviado, no total, mais de R$ 230 milhões dos cofres públicos. Já Rodrigues assinou acordo de delação pre­miada com o Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado (Gaeco).

Segundo investigação da Ope­ração Sevandija, Dárcy Vera rece­beu R$ 7 milhões em propina para facilitar o pagamento indevido de honorários advocatícios a Maria Zuely, que atuou em uma causa movida pelo sindicato contra a Prefeitura. A ex-prefeita foi denun­ciada em dezembro de 2016 pela Procuradoria-Geral de Justiça, res­ponsável por investigar e processar criminalmente os prefeitos.

Ela é acusada de corrupção passiva, peculato e associação criminosa. A Justiça também decretou a indisponibilidade de seus bens. A ex-prefeita nega a prática de qualquer ato ilícito. Oito pessoas estão presas – nesta semana passada o STJ autorizou o ex-secretário de Educação de Ribeirão Preto, Ângelo Inver­nizzi Lopes, a cumprir prisão domiciliar para cuidar da mu­lher, que está com a saúde frágil. Todos os acusados negam qual­quer participação nos crimes investigados pelo Ministério Pú­blico e Polícia Federal.

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