Tribuna Ribeirão
Política

STF não consegue concluir julgamento sobre foro

Depois de ter sido formada maioria no Supremo Tribunal Federal (STF) para reduzir o al­cance do foro privilegiado, o mi­nistro Dias Toffoli decidiu nesta quinta-feira, 23, pedir vista (mais tempo para análise) com o ob­jetivo de refletir melhor sobre o assunto e esclarecer eventuais dú­vidas sobre as consequências da tese defendida pelo ministro Luís Roberto Barroso. O julgamento, portanto, não será concluído nes­ta quinta-feira, sem previsão de quando será retomado.

Toffoli pediu vista após o STF ter formado maioria para fixar que os deputados federais e senadores só terão direito ao foro privilegiado se o crime do qual forem acusados tiver sido cometido no exercício do man­dato e for relacionado ao cargo que ocupam.

Durante a sua fala, que se estendeu por mais de uma hora, Toffoli questionou Barro­so: “O seu voto acaba com esses 50 mil casos de prerrogativa de função? Alguém que era gover­nador, e o processo veio pra cá, com uma decisão aqui toma­da, e hoje o político é senador da República, e o inquérito ou ação penal em razão de ato pra­ticado em razão de governador, esse caso baixaria para qual instância? Porque é anterior ao mandato de senador”

Toffoli prosseguiu: “Eu tenho dúvidas de quantos questiona­mentos, são várias as hipóteses consequenciais da nossa decisão.”

Barroso respondeu ao colega que fixou a sua tese ao analisar um caso concreto. “Eu não fiz uma te­oria geral do foro privilegiado, eu decidi num caso concreto. É mui­to difícil de, em abstrato, nós pre­vermos todas as situações da vida. O meu sentimento é que a regra geral em direito pelo princípio re­publicano é que as pessoas devem estar sujeitas ao juízo de primeiro grau como todo mundo, salvo as exceções previstas na Constitui­ção. Eu sou de entendimento que a regra geral deve ser a jurisdição de primeiro grau”, disse Barroso.

Para Toffoli, o entendimento firmado pela corrente majoritária do tribunal vai produzir uma sé­rie de consequências. “Vamos ter consequência das discussões que continuarão a vir no STF. O ato criminoso foi praticado em fun­ção do cargo ou não? As discus­sões vão continuar. Estou a ima­ginar várias questões que podem surgir e teremos de responder posteriormente”, afirmou Toffoli.
“Gostaria de refletir melhor sobre questionamentos para acla­rar dúvidas”, finalizou o ministro, ao justificar o pedido de vista.

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