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STF anula sentença de Sergio Moro!

Em 27 de agosto passado, a Segunda Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) anulou, por três votos a um, a primei­ra sentença proferida por Sergio Moro no âmbito da Ope­ração Lava Jato. Aldemir Bendini, ex-presidente do Banco do Brasil e da Petrobras, condenado pelo então juiz Sergio Moro, foi agraciado com a anulação de seu julgamento por três ministros integrantes da Segunda Turma do STF. Edson Fachin foi o voto vencido e o decano do STF, Celso de Mello, não esteve presente.

Gilmar Mendes, Ricardo Lewandowski e Carmem Lúcia acolheram os argumentos da defesa de Bendini, condenado por corrupção no decorrer de suas atividades como presiden­te do Banco do Brasil e da Petrobras, de que réus delatores e réus delatados devem ter tratamentos diferenciados. Os réus delatados teriam seus direitos de ampla defesa ameaçados, se não pudessem apresentar suas defesas por último.

A anulação da sentença surpreendeu até ministros que defendem freio na Lava Jato. A mudança de postura de Car­mem Lúcia também causou estranheza, uma vez que sempre condenou criminosos sem distinguir delatores e delatados.

Um grande número de juristas respeitados concorda com a anulação dessa sentença de Sergio Moro contra Aldemir Bendini. Mas há também outro igual número de baluartes do Direito Penal e Constitucional que se declara estarrecido com mais essa novidade de parte da Suprema Corte. Vamos con­ferir como reagirá o Plenário do STF, porque Edson Fachin encaminhou ao mesmo em caráter de urgência, para garantir a segurança jurídica no País.

O presidente do Instituto Brasileiro Giovanni Falcone de Ciências Criminais, Wálter Funganiello Maierovitch, chamou a decisão em questão de “Contorcionismo jurídico-constitu­cional”. Os ministros da Segunda Turma do STF se valeram de hermenêutica própria para, mais uma vez, declararem seu desconforto em relação à atuação de Sergio Moro, no comba­te à corrupção nos últimos quatro anos.

A ousadia e a coragem de Sérgio Moro, como Juiz da Lava Jato conquistou a simpatia de uma imensa maioria dos Brasi­leiros. Não me cabe emitir opinião jurídica sobre a atuação do ex-juiz. Mas o homem é ovacionado por razoável número de juristas e por milhões de brasileiros, que finalmente conhece­ram a corrupção sistêmica instaurada na atividade política de nosso País.

Parece notório que não gostam de Sergio Moro políticos por ele condenados, correligionários de alguns poucos parti­dos políticos, bem como aqueles que ainda deveriam prestar contas não só à justiça, mas sobretudo aos eleitores que os elegeram. O povo brasileiro que foi lesado deve ter o direito de sentir-se indignado e o quanto antes ressarcido do que lhe foi roubado.

Há uma péssima impressão de que se deva “parar” a Lava Jato. Fala-se de que as instituições funcionam com indepen­dência. Será mesmo? Os três Poderes estão em harmonia? E as picuinhas que no Poder Judiciário ficam evidentes a cada decisão como essa sobre a qual hoje refletimos, não estariam promovendo ainda maior insegurança não só jurídica, como nacional? Não sou jurista, apenas mais um cidadão “descon­fiado”, porque se o Plenário do STF confirmar a anulação da Segunda Turma, corremos o risco de ver milhares de conde­nações, não só da Lava Jato, anuladas. Isso seria justo?

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