O governador de São Paulo, João Doria (PSDB), informou que foram confirmados R$ 96 milhões em doações do setor privado para o Instituto Butantan. As doações fazem parte de um programa do governo do Estado que busca R$ 130 milhões para que o instituto possa dobrar a capacidade de produção da vacina contra o coronavírus, a CoronaVac, em desenvolvimento em parceria com a farmacêutica Sinovac.
De acordo com o governador, o objetivo é que o Instituto Butantan produza 120 milhões de doses da vacina, a serem aplicadas duas vezes. Doria afirmou também que o governo do Estado foi procurado por países vizinhos, na América Latina, para o fornecimento dos imunizantes. “As doações são prova da generosidade do empresariado de São Paulo e daqueles que acreditam na esperança da vacina”, disse Doria durante entrevista coletiva no Palácio dos Bandeirantes.
O Instituto Butantã foi procurado por autoridades da Rússia para negociar uma eventual parceria para produção de uma vacina contra o coronavírus, segundo, o diretor Dimas Tadeu Covas. As negociações seguem em andamento. Ele afirma que a parceria não é descartada pelo instituto, que já está associado ao laboratório da China Sinovac Biotech para o desenvolvimento da fase 3 de um imunizante chinês.
Para isso, entretanto, o instituto aguarda um novo contato dos russos, com respostas para algumas informações solicitadas pelo instituto. A partir desta quinta-feira, 30 de julho, mais quatro centros de pesquisa vão dar início aos testes com a vacina chinesa. A terceira fase de testes em humanos da CoronaVac teve início na terça-feira passada (21) no Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de São Paulo.
Um destes centros é o Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto, ligada à Universidade de São Paulo (HCFMRP/USP), que selecionou 500 voluntários para receber a primeira dose da vacina. Ao todo, os testes com a CoronaVac serão realizados em nove mil voluntários recrutados em doze centros de pesquisas de seis estados brasileiros.
Os candidatos de Ribeirão Preto são enfermeiros, médicos, técnicos de enfermagem e outros profissionais de saúde que atuam no atendimento direto aos pacientes com coronavírus. Eles estão em boas condições de saúde e não contraíram o vírus. No caso das candidatas mulheres, elas não podem estar grávidas.
Apenas profissionais da saúde que ainda não tiveram a doença e que atuam com pacientes com covid-19, a doença provocada pelo novo coronavírus, podem participar dos testes. Para atender aos critérios, esses profissionais da saúde não podem ter outras doenças e nem estarem em fase de testes para outras vacinas.
A previsão do governo paulista é de que essa fase de testes da vacina seja concluída nestas doze instituições até meados de setembro e a expectativa é de iniciar a vacinação no começo de 2021. A vacina é aplicada em duas doses, com intervalo de 14 dias. Caso seja comprovado o sucesso, ela começará a ser produzida pelo Instituto Butantan. Mais de um milhão de pessoas se candidataram para ser voluntárias nos testes da CoronaVac.
O custo da testagem no Brasil é de R$ 85 milhões, pagos pelo governo. A CoronaVac é uma das vacinas contra o novo coronavírus em fase mais adiantada de testes. Ela já está na terceira etapa, chamada clínica, de testagem em humanos. O laboratório chinês já realizou testes do produto em cerca de mil voluntários na China, nas fases 1 e 2. Antes, o modelo experimental aplicado em macacos apresentou resultados expressivos em termos de resposta imune contra as proteínas do vírus.
O acordo com o laboratório chinês prevê que, se a vacina for efetiva, o Brasil receberá 60 milhões de doses fabricadas na China para distribuição. De acordo com o governo estadual, o instituto está adaptando uma fábrica para a produção da vacina. Primeiro, receberão a vacina profissionais da saúde e pessoas dos grupos de risco, como idosos e pacientes com comorbidades, e depois será destinada a todos os brasileiros através do Sistema Único de Saúde (SUS).