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SP quer vender áreas de Cerrado  

Denúncia é da Associação dos Pesquisadores Científicos do Estado de São Paulo (APqC), que monitora 39 áreas de experimentação ligadas à Secretaria de Agricultura   

Cerrado é reconhecido pela capacidade de absorver água da chuva e liberar lentamente ao longo de todo ano: em São Paulo, protege o Aquífero Guarani (Divulgação)

A venda de áreas de pesquisa no Estado de São Paulo pela gestão Tarcísio de Freitas (Republicanos) pode colocar em risco o que resta do bioma do Cerrado, considerado o “berço das águas”, em território paulista, estimado hoje em apenas 3% da vegetação original.

A afirmação é da Associação dos Pesquisadores Científicos do Estado de São Paulo (APqC), que monitora 39 áreas de experimentação ligadas à Secretaria de Agricultura e Abastecimento (SAA), todas com vocação para pesquisa e conservação do bioma.

“O atual governo já confirmou, em resposta a um ofício da Assembleia Legislativa, que realiza um estudo para vender essas áreas. São fazendas fundamentais para a pesquisa científica, a produção de conhecimento, e, mais do que isso, essenciais para conservar o pouco que nos resta do bioma do Cerrado no Estado”, diz em comunicado a presidente da APqC, Helena Dutra Lutgens.

O Cerrado é reconhecido pela capacidade de absorver água da chuva e liberar lentamente ao longo de todo ano. No Estado de São Paulo, segundo cientistas, ele cumpre um papel ainda mais relevante, o de proteger o Aquífero Guarani, maior manancial de água doce subterrânea do mundo.

“Diante do atual cenário de mudanças climáticas, o Estado mais rico da nação deveria estar preocupado em buscar investimentos para desenvolver pesquisas sobre como enfrentar a escassez hídrica, que já afeta muitos municípios do interior paulista, ou estudos para evitar que os mananciais sejam contaminados pela exploração agrícola, algo que também já ocorre em diferentes regiões do Estado”, destaca Lutgens.

Segundo a APqC, os 16 institutos públicos de pesquisa de São Paulo têm realizado estudos para identificar variedades mais resistentes às mudanças climáticas, em diferentes culturas. Mas, segundo a APqC, os esforços dos pesquisadores dependem de maior investimento, além da contratação de mais cientistas.

“A segurança alimentar das próximas gerações depende do investimento em pesquisa que fazemos hoje. O uso sustentável da água e a descoberta de novas variedades de alimentos adaptadas ao novo clima dependem da ciência e não há como produzir conhecimento sem áreas de pesquisa, sem ter onde experimentar essas descobertas. Vender áreas de pesquisa diante do quadro que vivemos é um crime contra as futuras gerações”, finaliza Lutgens.

O Aquífero Guarani é o maior reservatório subterrâneo de água doce do mundo. Tem cerca de 1,2 milhão de quilômetros quadrados de extensão e se estende por oito estados do Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai. Ribeirão Preto é a cidade que mais usa o manancial.

Todo o abastecimento da população de 728.400 habitantes é feito via 120 poços artesianos da Secretaria de Água e Esgoto (Saerp). O nível, porém, caiu 120 metros em 71 anos. A água consumida na cidade tem aproximadamente três mil anos.

De acordo com o professor Ricardo Hirata, um dos maiores especialistas em águas subterrâneas do país, com 42 anos de vida profissional realizando pesquisas em mais de 30 países, isso demonstra a qualidade da água e ao mesmo tempo a preocupação com o tempo de recarga do aquífero
Agência Estado

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