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SP pretende testar e produzir vacina

O governador João Doria (PSDB) anunciou que o Ins­tituto Butantã, do governo paulista, fechou parceria com um laboratório chinês para testar e produzir uma vacina contra o novo coronavírus. O imunizante está na fase 3 – a última antes da aprovação –, e o acordo prevê testes clíni­cos no país com nove mil vo­luntários a partir de julho. Se a eficácia da vacina for com­provada, a tecnologia poderá ser fornecida ao sistema pú­blico do Brasil para produção em larga escala já no primeiro semestre de 2021.

“O mundo contabiliza mais de cem vacinas em de­senvolvimento, mas apenas dez atingiram a fase de testes. A vacina do Instituto Butan­tã, em parceria com a Sinovac Biotech, pode estar disponível no primeiro semestre de 2021, e com ela poderemos imunizar milhões de brasileiros”, diz o governador. O imunizante foi batizado de coronavac.

De acordo com o diretor do Instituto Butantan, coor­denador do Centro de Con­tingência contra a Covid-19 e do Hemocentro de Ribeirão Preto, Dimas Tadeu Covas, a vacina passou pelas fases 1 e 2 na China. “É uma das vacinas mais avançadas (em desen­volvimento). Ela contém frag­mentos do vírus e tem uma tecnologia que o Butantã do­mina. A da dengue já é produ­zida assim, e por isso a oportu­nidade deste acordo.”

A vacina é formada pelo vírus Sars-CoV-2 isolado, mul­tiplicado e inativado no labora­tório chinês. Segundo o micro­biólogo e virologista Rômulo Neris, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), a ideia das vacinas é apresentar para o organismo pedaços ou agente infeccioso inteiro antes da in­fecção para que o nosso sistema imune desenvolva uma “memó­ria” imunológica e consiga gerar uma resposta mais rápida quan­do a gente for de fato infectado.

Dimas Covas explica que os testes iniciais foram feitos em macacos e os resultados, publi­cados na Revista Science. De­pois, o imunizante foi testado na China com 144 voluntários e agora outros 600 são acom­panhados, segundo o diretor do Butantã. “Até a fase 2, ela se mostrou muito efetiva. Agora temos o desafio de campo, ver se protege e qual é o grau de proteção dela.”

A fase de estudos clínicos custará R$ 85 milhões ao go­verno do Estado de São Pau­lo. Os grupos prioritários para aplicação da vacina devem ser os de maior risco, como idosos e pacientes com comorbidades, segundo o governo do Estado. Confirmada a eficácia, a vacina terá de ser registrada pela Agên­cia Nacional de Vigilância Sani­tária (Anvisa).

“Num primeiro momento, ela pode vir da China e depois passará a ser produzida em grande escala aqui pelo Butan­tã”, diz Dimas Tadeu Covas. Todos os imunizantes produ­zidos pelo Butantã são desti­nados ao programa nacional, promovido pelo governo fede­ral por meio do Sistema Único de Saúde (SUS).

A vacina contra a covid-19 que está sendo desenvolvida na Universidade de Oxford, no Reino Unido, será testada também no Brasil. Considera­do um dos mais promissores, o imunizante já está na fase três de testes, em que dez mil pesso­as serão testadas para se avaliar a eficácia do produto. O país também está em negociações para se tornar um dos produto­res mundiais desta vacina.

Das mais de 70 vacinas em desenvolvimento em todo o mundo, é a que se encontra em estágio mais avançado. Segundo a Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), duas mil pes­soas participarão dos testes, que serão feitos também com apoio do Ministério da Saúde.
A testagem vai começar ainda neste mês e conta com o apoio da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (An­visa). Serão escolhidos mil voluntários em São Paulo e outros mil no Rio de Janei­ro que não foram infectados pelo Sars-CoV-2. A produção brasileira abasteceria toda a América Latina.

Testagem
O Brasil se tornou um bom local para a realização de testes de vacina porque é atualmente o epicentro da doença – o país registrou na última semana a maior média diária de mortos, acima dos Estados Unidos e do Reino Unido.

“Em breve, teremos a res­posta que toda a comunidade científica espera ter. Essa vaci­na deve ter uma eficácia im­portante, de pelo menos 85%. Nas fases 1 e 2, ela apresentou essa superioridade. Agora pre­cisamos ver como vai se com­portar com os voluntários”, afirma Sergio Cimerman, ex­-presidente da Sociedade Bra­sileira de Infectologia.

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