A sonda Hayabusa2, da Agência Espacial do Japão (Jaxa), descobriu que as rochas do asteroide Ryugu são, surpreendentemente ‘fofas’. Os pedregulhos são tão porosos quanto blocos de construção dos planetas. O novo estudo afirma que os materiais são 75% ocos, ou mais.
Os resultados encontrados podem ajudar com informações sobre a formação da Terra e de outros planetas. Esses corpos começaram a se formar a partir dos chamados planetesimais, pedaços de rochas que variam de tamanho entre asteroides e planetas anões. Acreditava-se, antigamente, que eles surgiram a partir de aglomerados de poeira muito porosos e fofo.
Na teoria passada, o calor, a gravidade e os impactos compactariam tudo com o tempo. Mas, a ideia não foi comprovada, de acordo com Naoya Sakatani, cientista planetário da Universidade Rikkyo, no Japão, e autor principal do novo estudo.
A sonda Hayabusa2 observou que o asteroide Ryugu, próximo à Terra e com 850 metros de largura, é coberto de rochas entre 30% e 50% porosas. A equipe de Sakatani, ao estudar as informações, percebeu que essas pedras podem ter mais de 70% do espaço vazio. Quase tão ocas quanto os antigos planetesimais. Isso sugere que os materiais contenham vestígios do início do Sistema Solar.
Para analisar a superfície de Ryugu, os cientistas usaram a câmera infravermelha térmica da Hayabusa2. Eles descobriram dois pontos de acesso isolados. O telescópio da espaçonave ainda conseguiu capturar, em alta resolução, detalhes de um dos pontos. Ali, revelou um aglomerado de pedras localizadas próximo ao centro de uma cratera de 9 metros de largura.
Nas áreas mais porosas havia menos matéria e era mais fácil de aquecer. Com base nesses pontos, os pesquisadores estimaram que aquele aglomerado de pedras era de 72% a 91% poroso. Algo tão poroso quanto os corpos dos cometas.
Assim, Sakatani e sua equipe sugerem que as pedras do ponto quente de Ryugu podem ser remanescentes de planetesimais antigos, com explosões causadas por impactos cósmicos no asteroide formando as rochas. Mas, a sonda Hayabusa2 disparou uma bola de canhão no corpo celeste e não viu nenhuma rocha porosa semelhante aparecer em seguida, dando a entender que o impacto não criou as rochas porosas.
O artigo com o estudo da equipe foi publicado na revista científica Nature Astronomy, no dia 24 de maio. A sonda Hayabusa2 capturou as amostras da superfície de Ryugu em 2019 e trouxe de volta à Terra em dezembro do ano passado. Algumas das rochas podem ter vindo junto, mas analisá-las é difícil, pela fragilidade, explicou Sakatani.
Via: Space