Tribuna Ribeirão
Artigos

Somos mais pedintes ou agradecidos?

Neste dia 2 de fevereiro, a Igreja celebrou uma festa de origem oriental: a Apresentação do Senhor ao Templo. No Brasil, é muito conhecida do povo como devoção a Nossa Senhora das Candeias, da Candelária ou dos Navegantes. A vinda do Senhor ao Templo de Jerusalém, passados quarenta dias de seu nascimento em Belém, é narrada como apresen­tação e purificação da mãe, dois ritos não necessariamente conexos na tradição judaica, mas que em nossa atual liturgia tem um “sabor” de manifestação de Jesus ao Povo da Antiga Aliança. Simeão e Ana são os últimos que “esticam o pesco­ço”, já na economia do Novo Testamento, para testemunhar a realização das promessas.

A ação litúrgica que chama a atenção nesta celebração, sem dúvida, é o lucernário e a procissão com velas bentas e acesas, que nos remete à liturgia da Vigília Pascal. Conta, portanto, com nossa gratidão a Deus, que nos enviou Seu Filho para ser a Luz do Mundo, nosso Salvador. A festa, em si, encerra os encantos do Tempo de Natal, para introduzir-nos ao centro de nossa Fé, a Páscoa, Festa da Ressurreição do Senhor.

Já nesta quarta-feira, dia 3 de Fevereiro, celebramos a Memória de São Brás, Bispo de Sebaste, conhecido como umas das últimas vítimas das perseguições romanas, “viveu na Ar­mênia, entre o 3º e 4º séculos. É invocado como protetor contra os males da garganta, em lembrança de um milagre que a tradi­ção lhe atribui: teria salvado uma criança que morria engasga­da por uma espinha de peixe” (cf. Liturgia Diária da Paulus de Fevereiro de 2021, p. 24). Sua bênção é muito procurada pelo povo. Geralmente nossas Igrejas lotam de fiéis.

Basta constatar em qual das duas celebrações temos maior número de fiéis participantes, para percebermos se Somos mais pedintes ou agradecidos? Não é aqui nossa intenção de julgar a fé e a relação madura dos cristãos. Porém, devería­mos preocupar-nos, sim, com a evangelização mais madura, do que com uma simples catequese debruçada sobre devo­ções populares. Se nosso povo fosse realmente mais maduro e evangelizado, a celebração da Apresentação do Senhor ao Templo precederia à Missa onde buscamos a bênção contra os males da garganta.

Já no tempo das Curas de Jesus, dos dez, somente um dos leprosos curados voltou para agradecer. Como seríamos mais configurados com as Comunidades dos Apóstolos, se fôssemos mais agradecidos e menos “pidões”, já que o Senhor nos conce­de tudo de que precisamos para sermos felizes e realizados.

O Senhor gosta que peçamos. Mesmo sabendo do que precisamos, Ele gosta que o invoquemos, até mesmo por meio dos santos e santas que nos precedem na eternidade. “Pedi e vos será dado, procurai e encontrareis, batei e a porta vos será aberta” (Mt 7,7). Mas também nós devemos, além de demonstrar nossa gratidão, fazer a nossa parte. Não adianta pedirmos que o Senhor nos livre da Pandemia, se não obser­varmos as orientações da ciência, da medicina e das autorida­des sanitárias que promovem a vida.

De repente aparecem opiniões, as mais “loucas”, de pes­soas que se descobriram especialistas em pandemias, medi­camentos, vacinas e protocolos a serem ou não observados. Como seria bom se nos respeitássemos mais e nos enfrentás­semos menos. Quem sabe com mais paz, respeito, diálogo e dignidade, conseguiremos superar melhor e o quanto antes essa pandemia que tanto nos judia ainda em nossos dias?

Postagens relacionadas

A transição planetária (parte VII – a conclusão – I)!  

Redação 2

A reciclagem das pessoas e a coleta seletiva

Redação 1

O PIBinho, o sociopata e o Doido

William Teodoro

Utilizamos cookies para melhorar a sua experiência no site. Ao continuar navegando, você concorda com a nossa Política de Privacidade. Aceitar Política de Privacidade

Social Media Auto Publish Powered By : XYZScripts.com