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Sociedade pacificada melhora saúde mental

Os cuidados com a saúde mental, foco da campanha Janeiro Branco, são cada vez mais essenciais num planeta pós-pandêmi­co e no qual as guerras, desigualdades, dificuldades financeiras, insegurança alimentar e conflitos sociais somam-se às causas biológicas e hereditárias e a outros fatores causadores de desequilí­brios psicoemocionais. Trata-se de uma questão que merece muita atenção do governo e da sociedade, pois afeta milhares de pessoas.

Em nosso país, segundo dados da Associação Brasileira de Psiquiatria, cerca de 50 milhões de habitantes sofrem algum tipo de doença mental, como depressão, transtornos de humor, déficit de atenção e ansiedade, que afetam crianças, adultos e idosos. Num cenário atual conturbado como o do Brasil e do mundo, não precisa ser especialista para concluir que as pesso­as ficam mais fragilizadas e suscetíveis a esses problemas.

É pertinente e oportuna, portanto, uma reflexão sobre o contexto sociopolítico nacional, que tem gerado fortes tensões e preocupações diárias. Além de episódios como a invasão e depredação das sedes dos Três Poderes, assiste-se diariamente, há alguns anos, crescente intolerância entre as pessoas.

A política, esteio da democracia e polo de debates e discussões que deveriam enriquecer o acervo de ideias e propostas, tornou-se um fator desagregador, gerador de brigas de rua, agressões físicas e morais, inaceitáveis discussões de baixo nível e ataques nas redes sociais. O funcionalismo público, que presta serviços diretamente à população, muitas vezes percebe e sofre com essas situações, como às vezes se verifica nas escolas, tribunais, unidades de saúde e outras repartições, onde até mesmo o ato de cumprir leis e nor­mas é interpretado por usuários com um viés partidário.

Não se trata aqui de fazer juízo de valores ou julgar as pes­soas e suas ideias, mas de enfatizar o quanto o clima perma­nente de tensão político-ideológica e seus reflexos na econo­mia, no mercado e nas relações sociais e familiares têm sido prejudiciais ao Brasil e aos brasileiros. São fatores geradores de ansiedade, nervosismo, insegurança, ira, revanchismo e ódio, sentimentos que conspiram contra a saúde mental, bem como despertam e/ou agravam transtornos psicoemocionais.

Assim, independentemente de quem está no governo federal, nos estaduais e nos municipais, precisamos, como povo, fazer a reconciliação nacional. Isso significa resgatar o sentimento de nação e a identidade pluralista, alegre e solidária que os brasileiros sempre tiveram. Essas características culturais de nossa gente não podem ficar soterradas sob os escombros da Praça dos Três Po­deres, nem eclipsadas pela paixão ideológica exacerbada. Famílias e amigos não devem continuar separados pelo “Muro de Berlim” virtual das divergências que os fizeram romper.

Pacificar a sociedade é dever e responsabilidade de cada cida­dão e, claro, dos governantes e políticos, que devem interromper as narrativas agressivas e parar de incitar o conflito. As pessoas precisam voltar a ser reconhecidas e valorizadas por suas qualida­des pessoais e não mais pelo rótulo político-ideológico que carre­gam nas cores de suas roupas. Para nós brasileiros, neste momento grave, a melhor maneira de nos engajar na campanha Janeiro Branco é abraçar nossa própria consciência e nossa identidade cul­tural, refletir a respeito dos danos provocados pela agressividade e respeitar as diferenças de ponto de vista e a diversidade.
Sem uma atitude de boa vontade, civilidade, caráter repu­blicano e humanidade, a tendência será de aumento contínuo dos problemas relativos à saúde mental no Brasil. É prioritário pacificar nossa mente e a sociedade. Não merecemos a mes­quinhez de pensamento e a truculência como parâmetros de nosso destino como nação.

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