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Sobre os campeonatos de futebol e de política

Na última quinta-feira o Estádio Santa Cruz foi palco da final do Troféu do Interior Paulista. A vitória do Ituano frustrou os planos tricolores de participar da próxima edição da Copa do Brasil, que seria uma espécie de compensação pela eliminação precoce deste ano. Muitos aspectos da partida poderiam ser abordados, mas um destaque todo especial deve ser feito aos mais de quatro mil torcedores que compareceram, notadamente os que permaneceram até o final cantando e incentivando a equipe, apesar da chuva e da derrota contundente.

Realmente ninguém cala o amor do verdadeiro botafoguense que sabe que diretorias, treinadores e jogadores passam, mas a instituição permanece. Sim, todos passam. No futebol a troca de camisas é algo normal, tanto que alguns jogadores chegam a defender até três equipes diferentes na mesma temporada. Ao assinar o contrato juram dedicação e amor eterno, posam para fotos com o novo manto e beijando o escudo, mas logo vão embora. O que fica são as lembranças das boas ou más atuações, das conquistas e das derrotas. O problema é quando as equipes são rebaixadas e experimentam, além da dor emocional, os amargos prejuízos financeiros.

Na sexta-feira fechou-se a janela partidária – período em que deputadas e deputados federais, estaduais e distritais podiam trocar de partido para concorrer sem perder o mandato. Já no sábado, exatos seis meses das elei­ções, termina o prazo para a desincompatibilização de quem pretende con­correr e ocupar alguns tipos de cargo público; e para que todas as eventuais candidatas e candidatos estejam devidamente filiados ao partido pelo qual pretendem concorrer. O que se observou no jogo político foram as grandes movimentações com promessas quebradas, flertes infrutíferos e alianças improváveis. Ao posar para as fotos com as fichas partidárias em mãos as frases de efeito são sempre semelhantes: lutar pela democracia, pelos sonhos e por um país melhor.

Muitos acompanham a política com a mesma paixão que frequen­tam estádios de futebol. Eles discutem, gritam e até brigam por partidos e candidatos de estimação. A diferença é que um gol perdido pode significar um campeonato, enquanto um projeto de lei equivocado ou uma verba mal empregada podem resultar na falta de medicamentos ou de vagas em serviços de saúde, na qualidade do ensino, na conservação de estradas, no fornecimento de água ou na garantia de saneamento básico para todos. Os atos políticos impactam no futuro e até na vida das pessoas. O torcedor fica indignado com a derrota, mas no próximo jogo está lá, firme e forte, mas o eleitor não pode ser assim.

Os atletas se preparam para as competições através de aprimoramento físico e tático. A indústria do esporte disponibiliza recursos tecnológicos para obter o melhor desempenho, garantindo performances e resolutivi­dade capazes de formar equipes vencedoras. De seu lado, os candidatos já iniciam o planejamento financeiro, as estratégicas de marketing, contratam me­dia training, preparam estruturas e pré-campanha para se apresentarem ao elei­torado, porém, muitos sequer sabem as funções, responsabilidades e obrigações do cargo que postulam. Outro fato interessante é que alguns parlamentares que estavam afastados ocupando ministérios ou secretarias estaduais retomaram seus mandatos na Câmara e nas Assembleias para disputarem a reeleição para mais quatro anos em cargos que já não honraram na atual legislatura.

Ao final da partida o técnico do Botafogo afirmou que a derrota será um aprendizado para a Série C do Campeonato Brasileiro. Esperamos que isso aconteça e o pantera retome seu lugar de destaque no futebol brasilei­ro. E os postulantes aos cargos eletivos de 2022, será que aprenderam algo com o que ocorreu nos últimos anos no Brasil? E o povo aprendeu a lição? Paixões à parte, não dá para negar que o atual governo tem um péssimo desempenho e, após ser derrotado pela inflação, pelo arrocho salarial, pelo desemprego e demais mazelas, o torcedor/eleitor não poderá permanecerá alheio, apenas observando. Neste início de campeonato eleitoral é muito importante conhecer cada pré-candidato, sua histórias, suas propostas e os interesses que realmente representa. Além da torcida, o eleitor é convocado a ser protagonista comparecendo às urnas e fazendo a diferença.

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