Nesta semana o mundo celebrou o Dia Mundial da Água, data instituída pela Organização das Nações Unidas com o objetivo de conscientizar a comunidade internacional sobre questões essenciais que envolvem os recursos hídricos. Todos querem um mundo seguro de água. Mas cada vez mais pessoas, empresas e organizações, estão percebendo que isso não é uma garantia absoluta.
A crise hídrica emergiu como um grande risco global no Relatório de Riscos Globais do Fórum Econômico Mundial em 2016. A falta de água é, de fato, a principal preocupação dos líderes políticos, sindicais, empresariais e populares, para a próxima década.
Por aqui, também, a situação não tem sido fácil. O Brasil está secando. Segundo o projeto MapBiomas, que reúne universidades, organizações ambientais e empresas de tecnologia, nos últimos 35 anos o País perdeu 16% da superfície de água.
Em Ribeirão Preto, a perda de água é em certa medida mais preocupante, porque o governo municipal resolveu ignorar a Lei Orgânica do Município e transformou o DAERP em uma secretaria municipal, com menor capacidade gerencial e sustentabilidade comprometida. Com o desrespeito ao texto da lei, a falta de água – que tem sido uma realidade de muitos bairros de nossa cidade tende a acentuar-se e tornar-se cada vez mais contínua. As crises hídricas deverão ser mais recorrentes e intensas.
A verdade é que o fortalecimento da capacidade gerencial e operacional do DAERP deveria estar no centro da política ambiental de qualquer governo. Mas, acabou sendo completamente abandonada com a extinção ilegal da autarquia pública. Os investimentos e a busca por inovação no setor ambiental, com ênfase na proteção a nossa água potável, não tem como ser permanente e com resultados eficientes com os serviços voltando a ser prestados por um órgão da administração direta.
O resultado da extinção do DAERP enquanto autarquia vai redundar – num curto espaço de tempo – no envelhecimento e na ineficiência do sistema e, mais do que isso, vai encobrir o descaso das autoridades responsáveis com o dever de construção, operação e manutenção das redes que levam água às residências da nossa cidade.
Na semana em que comemoramos o Dia Mundial da Água, o uso responsável deste bem tão precioso e finito deveria ser um propósito geral. No entanto, há forte registro de que na maioria dos municípios, a poluição dos rios acaba sendo ocasionada pelos próprios centros urbanos, através das redes de esgotos.
Ribeirão, sem o DAERP, caminha para ser uma cidade que cada vez mais irá comprometer a qualidade da água dos rios da região, sobretudo do Pardo. E, ao mesmo tempo, cada vez mais caminha para a necessidade objetiva de fazer uso da água do Pardo para fins residenciais.
Nos parece muito claro que a garantia de água na torneira da pia da nossa população não depende apenas da vontade da natureza, das chuvas e do clima. Depende, sobretudo, de providências, como a definição de regras e de operadoras responsáveis pelos serviços e a realização de obras. A extinção ilegal do DAERP vem a revelar o desleixo das autoridades públicas com a proteção da água.