Tribuna Ribeirão
Cultura

Sebastião Tapajós morre aos 79 anos

O violonista Sebastião Ta­pajós Pena Macião morreu na noite de sábado, 2 de ou­tubro, em Santarém, no Pará, aos 79 anos de idade, em de­corrência de um infarto agu­do do miocárdio. O músico foi considerado um dos prin­cipais violonistas brasileiros e fez sucesso internacional a partir da década de 1970.

Consta que Sebastião teve os primeiros contatos com o violão aos nove anos, por intermédio de seu pai, e se tornou um autodidata. Anos depois, estudou teoria musi­cal em Belém e, em 1963, fez um curso intensivo de téc­nica violonística com Othon Saleiro, no Rio de Janeiro. Foi nesse ano que lançou seu álbum de estreia, “Apresen­tando Sebastião Tapajós e seu Conjunto”.

Em 1964, foi viver em Portugal, com uma bolsa de estudos no Conservatório Na­cional de Música de Lisboa, e depois rumou à Espanha, para frequentar o Instituto de Cultura Hispânica de Madri. Voltou ao Brasil e deu aulas no Conservatório Carlos Go­mes, em Belém, até 1967.

“Eu não precisei de muito estudo técnico para executar o meu trabalho, mas duas pessoas foram primordiais para mim: Othon Saleiro, no Rio de Janeiro, e o famo­so professor Pujol, mestre de violão espanhol”, contou em entrevista de 1988.

Suas primeiras apresenta­ções no velho continente se deram em 1971. “O lugar da Europa para se trabalhar é a Alemanha. Nos países latinos, a reação é boa, mas são um pouco abrasileirados. Minha brecha foi aberta pela execu­ção de um repertório clássico e popular, pela bagagem e pela vivência”, disse em 1981.

Sete anos depois, comenta­va: “Tom Jobim, Baden Powell e eu deveríamos ter um reco­nhecimento do Itamaraty pela divulgação que fazemos do país lá fora”. Ao longo da car­reira, lançou mais de 50 discos e realizou milhares de shows, incluindo algumas parcerias marcantes com músicos como Gilson Peranzetta, Fafá de Be­lém e o Zimbo Trio.

Ao saber da notícia da morte, Fafá publicou um texto relembrando sua rela­ção com o violonista e des­tacando sua grandiosidade: “Sebastião Tapajós é o maior músico paraense de repre­sentatividade mundial, jun­to com Waldemar Henrique – cada um no seu tempo. A ele se aplica o termo gênio. E sempre foi de uma simplici­dade e humor únicos”.

Já a cantora Leila Pinhei­ro escreveu: “Teu violão, tua música, tua delicadeza, simplicidade e tudo o que ensinaste pra tanta gente, permanecerá. Um dia nos re­encontraremos, meu amigo! Vai em paz!”. Em 1998, acres­centou o apelido Tapajós, re­ferente à região em que cres­ceu e passou a maior parte da vida, oficialmente ao seu nome em cartório.

“Aqui, apaixonei-me per­didamente pela música, ex­poente maior da minha ca­minhada e amiga inseparável de toda a minha vida. Minha grande felicidade foi mostrar, por onde passei, que a poesia do meu violão tem suas raízes neste pequeno paraíso encra­vado no Oeste do Pará”, dizia em discurso realizado em Santarém à época em que re­cebeu o título de Doutor Ho­noris Causa por parte da Uni­versidade Federal do Oeste do Pará (Ufopa), em 2013.

A Câmara Municipal da cidade, onde o artista viveu seus últimos anos, divulgou uma nota de pesar pela morte: “O legislativo santareno reco­nhece o talento e o valor desse artista para a cultura santare­na que, com seu trabalho, le­vou o nome da Pérola do Ta­pajós para vários continentes.” O governo do Pará também divulgou uma nota oficial.

“O governo do Pará, por meio da Secretaria de Estado de Cultura (Secult), lamenta a morte do músico Sebastião Tapajós, um dos mais talen­tosos violonistas do mundo. Ele teve um infarto na noite deste sábado (02). Natural de Alenquer, no Oeste do Pará, Sebastião iniciou sua trajetó­ria com o violão ainda crian­ça, em Santarém”.

“Em 2019, o selo Violão Paraense, da Secult, home­nageou Sebastião Tapajós reunindo 30 partituras e a biografia do compositor. A Secretaria de Cultura se so­lidariza com os familiares, amigos e fãs desse grande mestre da cultura mundial.”

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