Tribuna Ribeirão
Cultura

Obra alerta sobre o fracasso escolar sob influência da Reforma Educacional de 1964

Com especialização em Ética, Valores e Cidadania na Escola, a professora e psico­pedagoga Aline Mori Ferrei­ra lança, em março, o livro “Fracasso Escolar e Formação Docente Inicial – Intrínsecas Relações”. A obra, resultado de uma pesquisa de campo apro­vada pelo Conselho de Ética em Pesquisa para o TCC da Psicopedagogia Clínica e Insti­tucional do Centro Universitá­rio Barão de Mauá, toca o cer­ne sobre o sistema educacional herdado após a reforma educa­cional de 64, os resquícios do autoritarismo que permeiam as grades escolares, travando, consequentemente, a base da formação social brasileira.

Essa relação intrínseca, segun­do a autora, advém – entre outros fatores – de os cursos de licen­ciatura requererem atualizações quanto à disciplina didática, os modelos de estágio obrigatório, estando o formato educacional ainda sob influência da reforma educacional de 1964.

Isso, além de o sucesso es­colar ainda precisar contar com esforço que envolva pro­fessores, pais, alunos, entida­des e órgãos públicos para que esse entrave educacional do fracasso escolar não desague nos debates sobre o tema ape­nas a partir do senso comum que envolve a pobreza, as con­dições de trabalho e a desva­lorização da profissão docente como exclusivas causas.

Uma dinâmica que, aliás, tende a se repetir e se agravar cada vez mais com o tempo. “É dessa relação de que falo, formação inicial docente em condição que caminha para­lelamente à vivência rotineira escolar em que um abismo de realidade se evidencia. A dis­ciplina Didática, como norte­adora dos cursos de licencia­tura, com exemplificação real dos próprios professores uni­versitários , seria já um cami­nho próspero contra o fracasso escolar a fim de que a formação dos licenciando não mais se en­contrasse à mercê de um mode­lo – pode-se dizer – ultrapassa­do, de uma época de exceção e que, evidentemente, não vem funcionando ao longo do tem­po”, aponta a pesquisadora.

Falhas persistentes
“Queremos um ensino am­plo, plural e democrático que possibilite ao licenciando algo que lhe apresente opções, co­nhecimento técnico aplicável por meio da Didática e dos estágios para a formação de profissionais e cidadãos com visões humanistas e munidos de conceitos educacionais mo­dernos e eficientes não apenas sobre suas áreas específicas, mas sobre Educação como um todo e em sua melhor for­ma como ciência e não como mera teoria utópica”, defende Aline Mori.

“Consequentemente, asso­ciar o fracasso escolar e a forma­ção docente foi inovador. Com esse estudo cuidadoso foi pos­sível identificar que tais entraves não contribuem positivamente como poderiam/deveriam com a educação e a formação de edu­cadores e, consequentemente, com a sociedade”, explica.

Para ela, enquanto o ensi­no superior não assume uma reformulação pertinente a transformações a formação continuada do docente precisa possibilitar acesso específico a questões efetivamente relevan­tes que possam minimamente suprir a carência que a forma­ção inicial deixa: foco no pro­fessor e na aprendizagem, em sua formação técnica ampla que lhe garanta o acesso a didá­ticas várias para que o instinto não seja um recurso, mas o conhecimento fundamentado, aliviando o estresse, a insegu­rança e o desgaste de todas as ordens, entre outras questões tão importantes quanto.

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