Tribuna Ribeirão
Cultura

Marilena Ansaldi morre aos 86 anos

ESTADÃO CONTEÚDO

A atriz e bailarina Mari­lena Ansaldi morreu nesta terça-feira, 9 de fevereiro, aos 86 anos, por complicações pulmonares. Ela estava inter­nada em São Paulo. As infor­mações são do diretor teatral José Possi Neto. Em 2008, ela anunciou a aposentadoria e se afastou dos palcos, mas retornou em 2014 com “Pai­xão e Fúria – Callas, o Mito”. Seu último espetáculo foi “Depois”, da Studio 3 Cia de Dança, com direção teatral de William Pereira e coreografia de Anselmo Zolla, em 2019.

Nascida no Rio de Janei­ro, em 1934, Marilena Hele­na Ansaldi foi a figura mais importante da dança brasi­leira, segundo Possi Neto. Nos anos 1950 e 1960, foi a principal solista do Corpo de Baile do Teatro Municipal de São Paulo, e antes do Balé de Ópera. “Ela foi para a Suécia participar de um festival por­que queria entrar na União Soviética para dançar no Balé de Bolshoi.”

Segundo o diretor, Mari­lena ficou por dois anos, e se apresentou nos espetáculos “Dom Quixote”, em 1962, e “A Fonte de Batissarai”, em 1964. Ela deixou a compa­nhia por conta da Cortina de Ferro, que dividiu a Europa após a Segunda Guerra. “Se ela ficasse por um período maior, seria preciso se natu­ralizar, o que significava acei­tar as condições políticas ali”, conta Possi Neto.

Deixar a União Soviética não significou que a artista te­nha vindo direto para o Brasil. Para evitar desembarcar no país com o passaporte carim­bado pelos russos e levantar suspeitas, Marilena passou uma temporada em Paris, vivendo de pequenos traba­lhos. “Ela fez bicos e viveu, praticamente, de sanduíches.

Quando retornou ao Bra­sil, Marilena estreou “Dama das Camélias”, no Teatro Mu­nicipal de São Paulo, com figurinos do estilista Dener. Nos anos 1970, a artista se afastou da dança clássica e se aproxima da dança-teatro. Ela foi casada por 15 anos com o crítico teatral do Esta­dão Sábato Magaldi.

Com direção de Iacov Hillel, o espetáculo “Isso ou Aquilo”, de 1975, mar­cou uma nova fase para a artista. “O texto era dela e o espetáculo foi um enorme sucesso”, lembra Possi Neto. Ao longo da carreira, Mari­lena fez trabalhos com Cel­so Nunes, como “Escuta, Zé Ninguém” (1977), “Fundo de Olho “(1978), “Márcio Auré­lio: Hamletmachine” (1987), “Desassossego” (2005) e “A Metafísica do Amor” (2007).

Com Possi Neto, Marilena estreou “Um Sopro de Vida” (1979), inspirado em Clari­ce Lispector, “Geni” (1980), a partir da música de Chico Buarque, e “Picasso e Eu” (1982), em que interpretava todas as mulheres que se rela­cionaram com o pintor espa­nhol. Também desenvolveu parcerias com William Perei­ra e Cibele Forjaz. Em 2011, a bailarina dançou no clipe “Te Amo”, de Vanessa da Mata.

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