Por: Adalberto Luque
Gabriel Souza Brito, de 28 anos, preso no Rio de Janeiro na segunda-feira (15) e que só chegou a Ribeirão Preto no início da madrugada deste sábado (20), após uma grande operação da Divisão Especializada em Investigações Criminais (DEIC), foi ouvido nesta segunda-feira (22) sobre sua participação na morte do executivo brasileiro Paulo Roberto Carvalho Pena Braga Filho, que trabalhava e morava em San Diego, Califórnia, EUA.
O depoimento durou cerca de uma hora e meia. O advogado Wagner Simões, que foi constituído no período da manhã, acompanhou o interrogatório.
Após depoimento, Brito falou com os jornalistas, embora sem revelar muitos detalhes do que teria ocorrido. “Não foi intencional que isso acontecesse. [Peço desculpas] para a família, principalmente para a mãe. Eu também sou pai e imagino que isso esteja sendo torturador”, disse.
O preso teria dito que houve uma discussão e a morte de Beto Braga foi uma fatalidade, mas não quis entrar em maiores detalhes, inclusive não confirmou se houve ou não outra pessoa presente à cena do crime. “Vou assumir que fiz isso [estar presente], mas não posso dizer se havia outra pessoa. Tinha usado muito entorpecente”, acrescenta. Ele também afirma ter sido muito “judiado pelos presos lá no Rio de Janeiro.”
O advogado Wagner Simões também conversou com os jornalistas. Disse que vai demonstrar que seu cliente não sabe especificar como o crime ocorreu. “[Ele] não pode negar, porque ele estava presente. Para todos os efeitos, a polícia identificou ele, sabe que o apartamento foi alugado em nome dele e a vítima contratou o trabalho dele. Então não tem como ele negar a participação. Mas com o transcorrer das investigações, será provado que o fato não foi cometido por ele”, garantiu.
De acordo com o advogado, há fortes indícios da participação dele. “Mas desses indícios, não temos certeza da autoria do fato homicídio. Ele se sente culpado por estar participando e estar presente”, avalia.
Simões diz que o celular de Brito foi apreendido no dia da prisão e deve ser periciado. Ele acredita que a Polícia vai conseguir identificar várias provas em relação a transferências bancárias e outras circunstâncias que irão demonstrar o que realmente ocorreu.
Depoimento tranquilo
O delegado responsável pelo caso, Targino Donizete Osório, disse que foi um depoimento tranquilo. “Ele confessa a participação no delito. As agora o trabalho ainda continua, porque existe uma terceira pessoa, que nós temos apenas o apelido. E vamos tentar levantar quem é essa pessoa para deixar o caso bem claro”, observou.
Osório adiantou ainda que não houve propriamente uma briga. “Num primeiro momento, houve uma discórdia que acabou resultando neste fato grave. Temos duas pessoas: o Gabriel e um terceiro. Qual foi a participação de cada um ainda vamos apurar. O Gabriel tem uma versão e essa terceira pessoa pode ter outra”, relaciona. O delegado também informou que, em depoimento, Brito disse ter conhecido Beto Braga por intermédio desta terceira pessoa, mas não confirmou se tudo foi marcado através de site de relacionamentos e se essa outra pessoa seria ou não de Ribeirão Preto. As investigações prosseguem e o caso corre em segredo de Justiça.
O caso
Beto Braga veio passar as festas de final de ano com a família, que mora em Ribeirão Preto. Ele chegou no dia 19 de dezembro e, no dia 28, disse que iria sair com amigos. Seu corpo foi encontrado no quarto de um imóvel de locação para curtos períodos, próximo à Avenida do Café, Vila Amélia, zona Oeste de Ribeirão Preto, no dia 30 de dezembro.
O corpo apresentava sinais de ter sido estrangulado com o uso de algum tipo de tecido, possivelmente uma camiseta. O celular da vítima sumiu e, antes que o corpo fosse encontrado, um homem ligou para a família de Beto dizendo ter achado o aparelho e chegou a marcar um encontro com a mãe do executivo para devolvê-lo, mas não compareceu.
O dono do imóvel, que aluga os quartos por meio de aplicativo, disse que a pessoa que alugou para o encontro com Beto já havia alugado diversas vezes antes, sem dar problemas. Depois de investigações e uso de inteligência policial, os agentes conseguiram encontrar Brito no Rio de Janeiro.