Adriana Dorazi – especial para o Tribuna Ribeirão
Depois das festas de fim-de-ano, a virada para 2024 trouxe muita dor de cabeça para grande parte das famílias. Pesquisa da Confederação Nacional do Comércio mostra, com dados compilados em dezembro, que 76,6% das famílias já estavam endividadas e 29% tinham contas em atraso.
Mais complicado ainda quando contas acumuladas se juntam aos boletos e carnês tradicionais deste mês. IPTU, IPVA, material escolar, cartão de crédito e outras contas fixas exigem ginástica da classe média. Mesmo assim, o começo de um novo ano pode ser o momento de repensar o planejamento financeiro de forma a evitar dívidas e até poupar para conseguir alcançar objetivos como viagens e uma aposentadoria melhor.
A primeira orientação nesse sentido é entender os gastos pessoais, é o que recomendam diversas organizações que acompanham os hábitos de consumo, como a Serasa Experian, o Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec) e a Federação Brasileira de Bancos (Febraban).
A reportagem do Tribuna Ribeirão entrevistou o consultor financeiro Rodrigo Salgado Sátiro para dar dicas valiosas para quem quer passar o resto do ano no azul. Segundo ele o grande desafio para maioria das pessoas é como equilibrar todas as contas de início do ano no orçamento mensal que geralmente já é apertado. “É preciso evitar recorrer a soluções mirabolantes para poder honrar todas essas contas. Um erro muito comum é atrasar as contas mensais como energia elétrica, água e esgoto, internet, financiamento do veículo ou da casa, isso é uma armadilha, uma vez que, ao atrasar, normalmente as pessoas não conseguirão mais colocar em dia essas contas e aumentará mensalmente os gastos porque passará a pagar essas contas com multas e juros. Além disso o atraso de 30 a 40 dias pode levar a suspensão do fornecimento de serviços básicos”, alerta.
Dicas
O especialista lista algumas dicas:
– Fazer levantamento de todos os recebimentos e todos os gastos que você terá pelo menos de janeiro até maio;
– Veja a possibilidade de renda extra: se você é empreendedor, quais produtos ou serviços você pode agregar naquilo que você já vende? Se é funcionário, é possível ter uma outra renda fora do horário de trabalho?
– Conferir se é possível vender alguma coisa que comprou no impulso, ou que não utiliza.
Sátiro também explica que um dos passos mais importantes para conseguir equilibrar o orçamento é a mudar hábitos que pesam no bolso e atingem diretamente as despesas mensais como fast food e delivery, trocar comida pronta por cozinhar em casa, excesso de eventos sociais, economizar combustível usando transporte público sempre que possível e apertar o cinto nas contas de consumo como telefone, tarifas bancárias, assinaturas de serviços, entre outros.
“A dica principal é ter bom senso e planejamento pois, passado esse período de mudanças, já com as contas estejam equilibradas, repense o que de fato é importante para você. Planeje seus gastos de forma consciente para voltar a ter lazer e aquilo que você tem como qualidade de vida, mantendo sempre o equilíbrio financeiro”, conclui.
Outras recomendações
Como forma de sair do sufoco o Serasa Experian recomenda também que seja feita a média dos últimos seis meses para entender o que essas despesas representam. Caso o rendimento mensal não seja um salário fixo, pode ser interessante fazer a média. A partir do acompanhamento mensal é fundamental entender se as receitas conseguem cobrir todas as despesas, ou se os gastos estão ultrapassando a renda.
Para economizar e fazer o orçamento adequado à renda, opte por fazer pesquisas de preço, sair de casa com o dinheiro contado para o que precisa, evitando compras por impulso, assim como pensar com antecedência as trocas de aparelhos celulares e óculos, estipulando um tempo mínimo de uso dos itens.
Fundamental ainda é ter atenção no uso do crédito. Ferramentas como o cheque especial, que tem altos juros, só devem ser acionadas em caso de emergência. O parcelamento das compras no cartão deve observar a capacidade do orçamento familiar.
Desenrola
Para dívidas de até R$ 20 mil, o governo federal oferece auxílio com o programa Desenrola. Prorrogado até 31 de março, o programa consiste na renegociação de dívidas e limpeza do nome do consumidor. As regras de participação no programa e as informações sobre o perfil de consumidor elegível estão disponíveis no site do Desenrola ou nos aplicativos do Banco do Brasil e Caixa Federal.