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Edwaldo Arantes lança coletânea de artigos 

“Johnny Alf disse que era a pessoa mais sozinha no mundo”, conta Edwaldo (Divulgação)

Edwaldo Arantes recebeu em maio um convite do escritor Deonísio da Silva para publicar seus artigos na Editora Almedina. “Fiquei muito emocionado e senti que finalmente era a hora de ter minha publicação”. Ele então fez uma coletânea de artigos já publicados e também começou a escrever novos textos. O convite que aconteceu no início do ano se materializou e agora em dezembro, está sendo comercializado pela internet. “Logo, logo, estará também nas livrarias”, garante. 

A própria editora percebeu que num desses artigos existia aquele específico sobre o compositor, cantor e pianista brasileiro Johnny Half, na época em que ele morou em Ribeirão Preto. “Abro o livro com este artigo, que fala da nossa amizade e que acabou sendo a capa do livro, mas outros não menos importantes compõe a obra, como textos sobre o Sócrates, o Rolando Boldrin, Eudóxia do Barros, Deonísio da Silva, Joaquim Botelho, entre outros”, explica.  

Edwaldo Arantes sempre esteve ao lado das letras. Filho de educadora, a escrita para ele faz parte da vida. Mesmo assim ele nunca tinha escrito um livro, apesar de vários convites e incentivo por parte de colegas. Edwaldo foi um dos idealizadores da Feira do Livro, antes mesmo da criação do Instituto do Livro Ribeirão Preto e sempre escrevia artigos. “Muita gente me incentivava a escrever um livro, mas como sempre trabalhei no poder público não achava ético ter meu próprio livro.  

Johnny Alf foi um dos fundadores da Bossa Nova e para Edwaldo, pouco sabemos sobre ele. “Fora do Brasil ele é muito conhecido”, declara. Em Ribeirão Preto, Johnny tocava muito na Recreativa e em outros bares da cidade. “Em três noites ficamos amigos”, fala Edwaldo, que conviveu com o músico de maneira intensa por volta de sete meses. O artigo que fala sobre o músico chama-se a “Brisa que não se apaga”, por causa da música “Eu e a Brisa”.  

O livro pode ser adquirido online no site da Livraria da Travessa https://www.travessa.com.br [Johnny & cia: a bossa nova e o brasil – 1ªed. (2023)]. 

Livro  

O livro cobre lembranças que vão dos primeiros passos do compositor Johnny Alf até morrer esquecido por todos. Nascido no bairro Tijuca, no Rio, perdeu o pai muito cedo e a mãe tornou-se empregada doméstica para criar o filho. A patroa tinha um piano e o menino tinha nove anos quando recebeu autorização para tocar um pouquinho… A dona da casa deslumbrou-se com o talento da criança, falou com o marido e este matriculou o menino num curso de piano. Era a preparação indispensável a trabalhos memoráveis.  

Formado, para ajudar a mãe, passou a tocar em boates na companhia de músicos conhecidos. Os antigos patrões o repreenderam, havia pago cursos de música erudita, e interromperam o apoio. O rapaz foi procurar meios de sobreviver, ganhando uns trocados aqui e ali, trocou a música erudita pela música americana ao estudar inglês no Instituto Cultural Brasil-EUA, no Rio, integrou um clube artístico com filhos de gente mais influente, passou a estudar no Colégio Pedro II e encontrou Dick Farney, Mary Gonçalves e outros cantores. Frank Sinatra acontecia também no Brasil.  

O contexto brasileiro dos finais da década de 1950 e a tumultuada década de 1960 são pano de fundo deste memorial que ora brota do livro de Edwaldo Arantes sobre Johnny Alf, gênio musical, que pagou caro por coisas que não escolheu: ser pobre, ser negro e ser homossexual num país até então muito preconceituoso. E não pôde formar patrimônio algum com o dom com que nasceu, nem mesmo preparar um fim diferente daquele que teve num hospital de Santo André (SP), depois de três anos de sofrimento por causa de câncer na próstata.  

O livro traz ainda outros textos sobre personalidades como Sócrates, o líder corintiano e jogador de destaque na seleção brasileira, e o cineasta Zé do Caixão. 

 

 

 

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