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Decreto anula reajuste do transporte

FOTO: ALFREDO RISK

A Câmara de Vereadores aprovou, nesta terça-feira, 8 de fevereiro, o projeto de decreto legislativo que tenta barrar o au­mento de 19% no valor da tarifa do transporte coletivo urbano de Ribeirão Preto. A decisão foi unânime e contou com o voto dos 20 parlamentares presentes na sessão – Paulo Modas (PSL) e Luís Antonio França (PSB) não compareceram.

A prefeitura não foi noti­ficada e deve recorrer ao Tri­bunal de Justiça de São Paulo (TJSP). O autor da proposta, Marcos Papa (Cidadania), pretende sustar os efeitos do decreto número 026/2022, pu­blicado no Diário Oficial do Município (DOM) do dia 1º.

A partir de 15 de fevereiro, próxima terça-feira, a tarifa do transporte coletivo urbano saltará de R$ 4,20 para R$ 5, acréscimo de R$ 0,80. O pre­feito Duarte Nogueira (PSDB) assina o decreto que autoriza o aumento. Por meio de nota, a administração municipal justi­fica o aumento.

“Esclarece que há três anos não há reajuste na tarifa de ôni­bus, além de fatores como a va­riação do preço do combustível (aumento de 64,57% entre ju­nho de 2020 a maio de 2021) e a variação do índice de preços dos veículos automotores, no último ano (18,25%) foram analisados”.

“Ressalta-se ainda que a passagem de ônibus em Ribei­rão Preto dá ao passageiro o direito de utilizar o transpor­te coletivo pelo prazo de 120 minutos, a contar do primeiro embarque”, emenda a Empresa de Trânsito e Transporte Urba­no (Transerp) no comunicado.

A cidade também tem 32.982 idosos com direito à gratuidade. No geral, contando todos os passageiros, são cer­ca de três milhões de viagens por mês. O deputado federal Ricardo Silva e os vereadores Jean Corauci e Luís Antônio França, todos filiados ao PSB, entraram com ação judicial – a terceira em menos de uma se­mana – contra o reajuste.

Além deles, o próprio Mar­cos Papa e Lincoln Fernandes (PDT) também recorreram ao Judiciário na tentativa de impe­dir o reajuste de 19% no valor da passagem de ônibus. As ações incluem mandado de seguran­ça junto ao Tribunal de Justiça de São Paulo e a elaboração de decreto legislativo. Além disso, o Tribunal de Justiça foi comu­nicado sobre a suposta ilegali­dade do reajuste proposto pela prefeitura de Ribeirão Preto.

Todos dizem que o reajuste seria descabido “pela qualida­de do serviço prestado” pelo Consórcio PróUrbano – grupo concessionário do transporte coletivo na cidade, formado por Rápido D’Oeste (50%) e Transcorp (50%) –, que em nove meses do ano passado foi autuado 450 vezes pela Empre­sa de Trânsito e Transporte Ur­bano (Transerp), mais de uma multa por dia.

As multas foram aplicadas por vários motivos, como su­perlotação de veículos, descum­primento de horários, desvio de itinerários das linhas de ônibus e falta de higienização. O valor total das autuações chega a R$ 113 mil somente entre janeiro e setembro de 2021.

Com base em mandado de segurança impetrado por Papa em 2018, quando esta­va no Rede Sustentabilidade, congelou a tarifa de ônibus de 2019 até que uma decisão final sobre o caso fosse anunciada. Em 18 de janeiro de 2020, o PróUrbano foi notificado pela prefeitura e atendeu à decisão do Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ/SP), que determinou a redução no valor da passa­gem, de R$ 4,40 para R$ 4,20, abatimento de R$ 0,20.

Este valor será mantido até dia 15, caso não haja nova decisão judicial contrária. O reajuste de 4,8% havia sido concedido no ano anterior. A redução no valor da passagem de ônibus foi determinada pelo desembargador Souza Meirel­les, da 12ª Câmara de Direito Público do Tribunal de Justiça de São Paulo, conforme deci­são emitida no dia 19 de de­zembro de 2019.

Em 2018, depois de 47 dias de embates na esfera judicial, a tarifa subiu 6,33%, de R$ 3,95 para R$ 4,20, com apor­te de R$ 0,25, e o aumento foi questionado por intermédio de um mandado de segurança impetrado pelo partido Rede Sustentabilidade. O novo va­lor passou a valer, mas novos reajustes foram barrados. Ago­ra, a prefeitura tenta conceder aumento de 19% ao consórcio.

Vereador notifica prefeitura sobre contrato do transporte
O vereador Lincoln Fernandes (PDT) notificou a prefeitura de Ribeirão Preto nesta terça-feira, 8 de fevereiro, extrajudicialmente, sobre o descumprimento de cláusulas do contrato de concessão do trans­porte coletivo pelo Consórcio PróUrbano, grupo concessionário do serviço na cidade.

Na notificação, o vereador afirma que o município precisa acabar com o caos que teria sido instaurado na cidade devido à greve dos motoristas do transporte coletivo. O contrato foi assinado em maio de 2012 e tem vigência de 20 anos, até 2032.

“Com a quinta paralisação do transporte nos últimos seis anos, e a flagrante inoperância do poder público acerca da situação, fica notifi­cada, para, no prazo máximo e improrrogável de 24 horas, à contar do recebimento desta, restaure a situação pactuada, ou aplique a interrupção imediata do contrato”, diz parte da notificação.

Fernandes argumenta que a rescisão poderá ser feita com base na cláusula 72 do contrato e que a prestação do serviço pelo concessioná­rio está em total desacordo com o pactuado. “Vide os descumprimentos constatados no ano de 2020 bem como as mais de 450 multas aplica­das pela Transerp, fiscalizadora dos serviços, durante o ano de 2021, assim como as frequentes greves de motoristas que prejudicam diretamente nossa população e a cidade como um todo”, explica.

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