Migrações da oposição para a base de sustentação do governo Duarte Nogueira Júnior (PSDB) redefiniram o jogo político na Câmara de Ribeirão Preto dão o tom nos bastidores da disputa marcada para o próximo dia 14 de dezembro, quando será eleita a Mesa Diretora que comandará o Legislativo em 2018.
O Tribuna apurou que no momento a disputa está concentrada em dois nomes – Rodrigo Simões (PDT), atual presidente, eleito em janeiro pela oposição, numa acirrada disputa com a tucana Gláucia Berenice (14 votos a 13), e Igor Oliveira (PMDB), o mais votado entre os 27 parlamentares e que, por essa condição, presidiu a primeira sessão da atual legislatura (2017-2020).
Apesar de pertencer ao mesmo PDT do ex-vereador Ricardo Silva, candidato derrotado pelo prefeito Duarte Nogueira no segundo turno das eleições de 2016, Simões tem agora a simpatia do bloco aliado ao governo, no qual o único integrante que ameaça a sua pretensão pela reeleição é Marco Antonio Di Bonifácio, o Boni (Rede Sustentabilidade), atual vice-presidente, que já colocou seu nome à disposição.
O vereador Marcos Papa (Rede) diz que 15 vereadores estão comprometidos com o grupo – para ganhar a eleição bastam 14 votos (maioria simples). Segundo ele, nos próximos dias eles irão se reunir para fechar a chapa com cinco integrantes (presidente, primeiro vice, segundo vice, primeiro secretário e segundo secretário). Gláucia Berenice (PSDB) confirmou que seu nome não está na disputa.
Do lado da oposição, o nome mais cotado é o de Igor Oliveira. O peemeebista confirma a candidatura, destacando sua condição de vereador mais votado (8.489 votos) nas eleições do ano passado. O Tribuna apurou que seu pai, o deputado estadual Léo Oliveira (PMDB), vem trabalhado intensamente nos bastidores, na tentativa de angariar o apoio necessário.
Igor Oliveira afirma que nos próximos dias o grupo de oposição vai se reunir para “bater o martelo” em relação a chapa de cinco nomes. Isaac Antunes (PR), citado nos bastidores como outro membro da oposição interessado em presidir a Casa de Leis, nega a candidatura. Atual presidente da poderosa Comissão de Justiça e Redação – a popular Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), por onde passam todos os projetos –, diz que não é candidato a integrar a Mesa Diretora e que para 2018 almeja apenas uma vaga no Conselho de Ética.
Curiosamente, Igor Oliveira diz que o grupo de oposição também tem 15 membros – a exemplo do número citado por Marcos Papa como integrantes do grupo aliado ao prefeito Duarte Nogueira. Como a Câmara tem 27 parlamentares, e não 30, alguém fez cálculo errado ou está blefando. O Tribuna apurou que nas últimas semanas se acirrou a pressão em torno dos dois vereadores do Democratas, André Trindade e Fabiano Guimarães. Em janeiro, ambos votaram em Gláucia Berenice (PSDB).
Caso mantenham o apoio à administração tucana, devem decidir o jogo em favor da reeleição de Rodrigo Simões, apesar do “desgaste” sofrido pelo pedetista nos últimos meses, depois que foi revelado o relatório da perícia da Polícia Federal no aparelho celular do empresário Marcelo Plastino, da Atmosphera Construções e Empreendimentos, foco de fraudes na administração Dárcy Vera.
Segundo o relatório da Polícia Federal, Plastino, encontrado morto em seu apartamento em novembro, teria deixado uma anotação informando que pagou mesada de R$ 5 mil a Simões, o que colocou o atual presidente da Câmara no rol dos citados na Operação Sevandija. O pedetista já apresentou defesa ao Conselho de Ética. Ele refuta todas as acusações, nega a prática de atos ilícitos e diz que jamais esteve com Plastino ou conversou com o suicida por telefone.
A eleição de 14 de dezembro pode ainda ter um componente surpresa – o retorno do vereador afastado Waldyr Villela (PSD), que em janeiro votou com a oposição. Investigado pela Polícia Civil e pelo Grupo e Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado (Gaeco) por suspeita de crimes como exercício ilegal da Medicina, Villela foi proibido de adentar o recinto da Câmara e por isso encontra-se afastado do cumprimento do mandato – sua cadeira foi ocupada pelo suplente Ariovaldo de Souza, o “Dadinho” (PTB).
Seus advogados ingressaram no Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ/SP) com pedido de habeas corpus, que deve ser julgado até o final deste mês. Se o recurso for acatado pelos desembargadores, Villela reassumirá a cadeira e votará nas eleições de dezembro. Na condição de ordenador de despesas, o novo presidente da Câmara de Ribeirão Preto terá a disposição em 2018 um orçamento de mais de R$ 70 milhões, segundo consta na Lei Orçamentária Anual (LOA) elaborada pela prefeitura.