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Sim, o Palmeiras tem mundial!

Não é brincadeira, tão pouco provocação. Diferente dos milhões de torcedores das demais agremiações que cotidiana­mente compartilham vídeos e memes com a frase: “O Palmei­ras não tem mundial” em franca provocação aos palmeiren­ses, que celebram o campeonato de 1951, estamos aqui para celebrar um título que certamente entrará para a história.

Durante a cerimônia promovida pela FIFA, em Milão, Lionel Messi foi o vencedor do prêmio The Best, sendo eleito pela sexta vez o melhor jogador do mundo, igualando o recorde da brasileira Marta. No ano em que o futebol femi­nino conseguiu seu maior protagonismo, Megan Rapinoe,a melhor jogadora do mundo em 2019, fez um discurso mili­tante convocando os atletas profissionais a usarem o esporte para combater o racismo, a homofobia e todas as formas de preconceito. Segundo ela a mobilização dos esportistas pode mudar o mundo para melhor.Mas e o título do Palmeiras?

Como não poderia deixar de ser, o título mundial foi conquistado por integrantes da “torcida que canta e vibra” e, entre a legião palmeirense, dois emocionaram o mundo: Silvia Grecco e o garoto Nickollas de 12 anos, descobertos pelo repórterMarco Aurélio Souza que fez uma matéria sobre a mulher que acompanha seu filho cego em todos os jogos do verdão no Allianz Parque e no Pacaembu. A mãe narra os jogos e faz áudio descrição possibilitando que o adolescente tenha todas as informações necessárias para curtir sua paixão pelo futebol.

Ao ser eleita a melhor torcedora do mundo, Silvia dedicou o título a um concorrente ao prêmio, o uruguaio Justo Sán­chez, que apesar de torcer pelo Cerro, passou a acompanhar os jogos do Rampla Juniors como homenagem a memória de seu filho, que morreu na volta de uma viagem após acompa­nhar uma partida do time de coração. A brasileira aproveitou toda a visibilidade do prêmio para abrir os olhos do mundo do futebol sobre a existência das pessoas com deficiências e suas necessidades de amor, respeito e inclusão.

A história de carinho e dedicação é mais linda do que se possa imaginar. Nickollas poderia ser apenas um núme­ro perdido em estatísticas. Nasceu prematuro, autista, com deficiência visual e, provavelmente, estaria condenado a uma vida de exclusão. Após quatro meses de internação e, depois de ser rejeitado por doze casais, foi adotado por Silvia. Sem­pre ignorados, durante anos foram ao estádio e repetiram o mesmo ritual, até que o olhar atento de um repórter esportivo possibilitou que a história fosse compartilhada com o Brasil e agora com todo mundo.

Além dos palmeirenses, milhares de torcedores de diver­sos times foram mobilizados para votar na comovente família brasileira. Durante a premiação, Silvia foi ovacionada, poucos não aplaudiram, talvez porque suas mãos estivessem ocupa­das enxugando as lágrimas. Seu título é individual, mas ins­pira o coletivo. Que seu exemplo seja multiplicado por país, irmãos, amigos, enfim por todos os apaixonados por futebol.

Ah! Antes que esqueça, agora o Palmeiras tem mundial.

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