“Retratos da Cidadania” possui 17 obras de arte e fica em cartaz até março, no novo espaço de cultura e lazer da Secretaria da Cultura do Estado
O Estação Cultura, novo espaço expositivo da Secretaria da Cultura do Estado de São Paulo, localizado na sede da pasta – Rua Mauá nº 51, bairro da Luz, na capital –, apresenta a exposição “Retratos da Cidadania: arte e obras do Ministério Público”. A entrada é franca e ficará em cartaz até 9 de março. A mostra traz 17 produções de artistas paulistas que se inspiraram em entrevistas de promotores de Justiça, cidadãos e especialistas na composição de seus trabalhos, feitos em telas e esculturas.
Um dos quadros, da artista plástica Isabella Moral, retrata a Operação Sevandija, o maior escândalo político de Ribeirão Preto, deflagrada em 1º de setembro de 2016 e que resultou na prisão da ex-prefeita Dárcy Vera (sem partido) – ela refuta as acusações e diz que vai provar inocência. Outro caso regional está retratado na mostra: o combate a candidaturas fantasmas de mulheres em Santa Rosa do Viterbo, em tela de Gabriel Bueno.
Também participam da mostra Lygia Pires, Pedro Luis Soares, Bernardo Abreu, Nathália Marçal, Henrique Campeã, Alberto Lazarini, Hiram Denf, Gabriel Coimbra, Rodolfo Martins, Henrique Cencini, Carol Coimbra, Feppa Rodrigues, Shun Izumi, Julia Belik, Debora Seiva, Pedro Drunska e Vinícius Marada.
“É a primeira de muitas parcerias que esperamos realizar com o Ministério Público Estadual (MPE), que faz um incrível trabalho na defesa dos direitos da cidadania. Entre as funções da arte está a de expor as feridas da sociedade, gerando um diálogo que leve o espectador a refletir sobre essas questões”, afirma o secretário da Cultura do Estado, José Luiz Penna.
Produzida em parceria com a agência VML (parceira pró-bono do MPE desde 2013), a exposição traz releituras de casos emblemáticos que demonstram a parceria entre o Ministério Público e a população, tais como o retorno para os cofres públicos do dinheiro desviado pelo ex-prefeito Paulo Maluf, o impulso à construção de mais de 85 mil vagas em creches, a operação que gerou a prisão da ex-prefeita de Ribeirão Preto, Dárcy Vera, e o fim de um programa ilegal de retirada de rins de cadáveres.
“Essa exposição é uma verdadeira prestação de contas, criada a partir da sensibilidade desses grandes artistas e do trabalho do Ministério Público em favor da sociedade”, diz o procurador-geral de Justiça, Gianpaolo Smanio. Os visitantes também poderão assistir a todas as entrevistas que serviram de inspiração para os artistas.
Histórias como a de mulheres atendidas pelo projeto Guardiã Maria da Penha (programa de proteção de mulheres vítimas de violência doméstica), o trabalho de combate à crise hídrica no estado de São Paulo, os relatos de catadores de material reciclável que deixaram a invisibilidade após a extinção do lixão de Presidente Prudente e consequente abertura de um aterro controlado,
a história de crianças, jovens e adultos que conquistaram o nome de seus pais por meio do projeto Encontre Seu Pai Aqui, a família que conquistou um CEP com a urbanização de uma favela em Itaquaquecetuba, a fraude em plantão médico de Araçatuba e muitas outras.
A escolha dos artistas e a curadoria da exposição foram realizadas pela agência VML e a impressão e montagem das artes pela BPrint Comunicação Visual, que atuaram de forma voluntária. A Estação Cultura fica na rua Mauá nº 51, no bairro da Luz, em São Paulo. Para conhecer a programação cultural de todo o estado, acesse a plataforma www.estadodacultura.sp.gov.br.
Operação Sevandija – A Operação Sevandija –”parasita”– comandada pelo Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado (Gaeco) em Ribeirão Preto foi deflagrada após desdobramentos da investigação de uma licitação suspeita de R$ 26 milhões para a compra de catracas para escolas municipais, que nunca funcionaram como deveriam. A denúncia chegou à Promotoria em 2015 e, a partir dela, descobriu-se um esquema de recebimento de propina envolvendo honorários advocatícios, corrupção em um contrato do setor de água e o uso de uma empresa terceirizada para empregar indicados por vereadores.
A apuração chegou a licitações fraudadas que somam R$ 203 milhões, segundo o Gaeco. Foram denunciadas 34 pessoas e bloqueados R$ 33 milhões, além de 68 imóveis e 66 veículos. Nove delas estão presas (duas em prisão domiciliar): a ex-prefeita Dárcy Vera, três ex-secretários (Administração, Educação e Casa Civil), dois ex-servidores, dois advogados e um ex-vereador.
Santa Rosa do Viterbo – O Tribunal Regional Eleitoral de São Paulo (TRE-SP) cassou, por unanimidade, em agosto de 2017, o diploma de candidatos de uma coligação de Santa Rosa do Viterbo, na região de Ribeirão Preto, que lançou candidaturas femininas fraudulentamente, apenas com o intuito de cumprir a cota de gênero em sua chapa e, assim, viabilizar o deferimento do registro da coligação para as eleições de 2016.
O Ministério Público apurou que três candidatas não receberam nenhum voto no pleito de 2016, tendo tampouco recebido qualquer doação em dinheiro ou em serviços, uso de bens móveis, imóveis. Nesse caso, verificou-se que a presença das mulheres no registro de candidatura, ao invés de buscar a igualdade de gênero na política, representou burla a aplicação da legislação eleitoral.
Isabella Moral
Tela da artista Isabella Moral, batizado de “Caos em Ribeirão – caso Operação Sevandija”, retrata o maior escândalo político da história da cidade
Gabriel Bueno
Outro caso regional está retratado na mostra: o combate a candidaturas fantasmas de mulheres em Santa Rosa do Viterbo, em tela de Gabriel Bueno
Joca Duarte
A mostra “Retratos da Cidadania: arte e obras do Ministério Público” ficará em exposição na Estação Cultura, no bairro da Luz, na capital, até dia 9 de março