Meus amigos sessentões, a parada é a seguinte: nós somos como a música “Sapato velho”, de Claudio Nucci, Mu Carvalho e Paulinho Tapajós. Além da melodia ser lindíssima, a letra representa o que fomos e o que somos. Cada palavra da letra entra em meu peito, fazendo-me sentir dentro da canção. Foi composta em 1981, mas, como todas as grandes composições, será sempre atual.
Escrevo hoje sobre nós para alertar de coisas que ainda pensamos poder fazer, só que o corpo não obedece. Falo por mim, que antes vestia minhas cuecas em pé com a maior facilidade. Hoje até dou risadas porque meu corpo não obedece minha mente, e sabemos que na nossa idade quebrar um osso dá a maior zebra (rsrsr).
Cruzei com o Mário (que Mário?), meu amigo das antigas. Jogava muita bola, é canhoto e como todo canhoto é habilidoso. Não fugiu à regra. Sua perna esquerda fazia peripécias de se tirar o chapéu. Era o craque. Na nossa época, quem ganhava no par ou ímpar já escolhia o Marião, depois vinha o resto. O cara pendurou as chuteiras e hoje tem uma franquia dos Correios na Mariana Junqueira com a Tibiriçá.
No bate-papo, ele me contou sobre um acidente doméstico que havia sofrido. Disse que estava sozinho em casa e inventou de subir em uma escada caseira para trocar uma lâmpada, desequilibrou, caiu de joelhos no chão e sua cabeça tirou uma fininha de uma quina de mesinha. Levou a maior dura de sua primeira-dama, o joelho foi pro vinagre, baixou a bola e ficou a promessa de não subir mais nenhum degrau quando estivesse sozinho.
Mais um problema que acontece muito com quem está acima de sessenta: a ereção. Uma noite, faz uns 15 anos, estava com Sócrates no Empório Brasília e se aproximou um sessentão, puxou papo com o Magrão e quando ficou mais íntimo, tascou uma pergunta: “Sócrates, um amigo tá com problemas de ereção, mas tem receio de tomar estes comprimidos que dizem ser os salvadores da pátria. Você, como médico, pode indicar algum?”
O Doutor riu e disse que, por ser médico e muito curioso, tomou dos dois mais famosos, em dias alternados, pra ver que reação teria no organismo. Notou que se não tiver estímulo da parceira, nada acontece. “Passe essa dica pra ele”, disse o Magrão. O cara saiu feliz da vida e Sócrates comentou: “Buenão, tenho certeza que o problema é com ele e não com o amigo (rsrsrs)”.
O causo a seguir já aconteceu aqui em Ribeirão Preto, e no último sábado teve repeteco, só que em Sorocaba. Amigo meu falou sobre uma família que ama futebol e cerveja. Estavam todos reunidos assistindo à final da Libertadores, Palmeiras x Santos, quando, no intervalo, o pai sessentão foi ao banheiro.
Começou o segundo tempo e o idoso não havia voltado. Foram ao banheiro, chamaram pelo pai e nada. A porta estava trancada por dentro e a solução foi arrombá-la. Deu o maior trabalho e encontraram o idoso morto, infarto fulminante. Meu conselho, meus amigos, quando usarem o banheiro, fechem a porta, mas não tranquem.
Faz algum tempo, recebi em minha página no Facebook uma postagem de Curitiba dando conta de que haviam feito uma pesquisa sobre a morte de idosos, cuja causa era a incidência de câncer no bilau. Levei um tranco e me liguei no lance. Sgundo os médicos, o principal motivo de estar acontecendo isso lá era a falta de higiene com o orgulho masculino, o herói de muitas batalhas.
Os idosos, na hora do banho, esqueceram de dar um trato no valoroso guerreiro, sem lembrar das muitas alegrias de outrora, das batalhas mais diversas e que não era por estar fora de combate, de já ter ido a lona que deveria ser jogado pra escanteio dessa maneira. Vamos dar a ele aquele merecido repouso, vamos salvar o bilau dando-lhe aquele merecido banho (heheheh).
Sexta conto mais.