Por Luiz Carlos Merten
Com a decisão da Petrobras – a empresa cortou patrocínios -, o clima era de apreensão e incerteza. Felizmente, começa a se anunciar uma luz no fim do túnel. O tradicional festival Anima Mundi conseguiu viabilizar-se por meio de um bem-sucedido crowdfunding. E a Sessão Vitrine, ex-Petrobras, reuniu a imprensa nesta quarta-feira, 3, no Petra Belas Artes, em São Paulo, para anunciar a boa-nova. A distribuidora Vitrine ainda busca patrocínio – a Petrobras investia R$ 2,3 milhões no projeto de lançamento no horário de 16 horas -, mas o programa não está paralisado e recomeça dia 11.
Como? Por meio de parcerias, que poderão não repor a verba perdida, mas estão criando condições e ferramentas para manter ativo um programa que tem sido fundamental para o setor do audiovisual, barateando o preço do ingresso e dando impulso à formação de público. Diretora-geral da Vitrine Filmes, Sílvia Cruz reflete: “É um momento muito importante do cinema nacional. Primeiro, pela qualidade de filmes produzidos no Brasil e, segundo, pelo reconhecimento que esses filmes estão recebendo mundialmente. O paradoxo é que também vivemos momentos de incerteza e de questionamento da produção cultural como um todo. Há até uma tentativa de criminalização da produção cultural, e do audiovisual, porque o setor tem resistido criticamente a esse governo. Pois são momentos como esse que proporcionam a oportunidade de refletir e nos reinventar.”
Graças a uma parceria com a agregadora de VOD (vídeo on Demand), Sofá Digital, os lançamentos não vão ocorrer apenas nas salas de cinema, mas também em outras plataformas. Os filmes estarão disponíveis para compra e locação no Apple TV, Google Play/YouTube Premium, Vivo Play e Now. Para divulgar os filmes que estiveram nas edições anteriores do projeto, foram firmadas duas novas parcerias: com a Mubi, plataforma de streaming voltada para filmes de arte, e com o Videocamp, ferramenta que viabiliza sessões sob demanda em locais que não dispõem de distribuição comercial.
Como a propaganda sempre foi a alma do negócio, o serviço de Filmmelier será responsável pela divulgação dos filmes, com o uso de ferramentas de inteligência artificial e big data.
Para iniciar a nova fase, foi escolhido o documentário Estou Me Guardando para Quando o Carnaval Chegar, de Marcelo Gomes (de Cinema, Aspirinas e Urubus), que, desde o começo do ano, já circulou por festivais como Berlim e É Tudo Verdade. Será o primeiro de dez títulos, mais uma sessão de curtas.
Os lançamentos devem ocorrer à razão de um por mês, com direito a debate com os realizadores e ingressos vendidos a R$ 15 e R$ 7,50. E tem mais novidades. Com o Canal Brasil e o BR Lab, a Sessão Vitrine está criando um novo conceito – Novos Clássicos do Cinema Brasileiro.
Um filme selecionado ganhará o aporte financeiro direto do canal para ser seguido desde a fase do roteiro até a estreia. O primeiro selecionado é a ficção As Criadas, de Carolina Rodrigues, um BO – produção de baixo orçamento – da Gato do Parque.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.