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Sesi-RP expõe obras do mestre de xilogravuras, J. Borges  

Mostra reúne suas xilogravuras mais importantes e oito inéditas com matrizes, além de abrigar literatura de cordel, uma cinebiografia e obras de seus filhos aprendizes 

Imaginário popular do Nordeste está presente em símbolos e figuras talhadas por J. Borges, artista pernambucano falecido recentemente aos 88 anos (Divulgação)

O Centro Cultural Sesi Ribeirão Preto apresenta a exposição “J. Borges O Mestre da Xilogravura”, com visitação gratuita. O imaginário popular do Nordeste está presente em símbolos e figuras talhadas por J. Borges (1936-2024), artista pernambucano falecido recentemente aos 88 anos. A abertura ocorreu em 3 de outubro e a temporada vai até 9 de março de 2025. 
 
A mostra traz uma coletânea de 44 xilogravuras, sendo oito delas até então inéditas (com suas respectivas matrizes), junto a outras 28 importantes obras da carreira de J. Borges. Os temas retratados simbolizam a trajetória de vida do artista, considerado pelo dramaturgo Ariano Suassuna (1927-2014), como o melhor gravador popular do Brasil”.  
 
Também faz parte da mostra duas obras assinadas por Pablo Borges e Bacaro Borges, filhos e aprendizes do artista, além da exibição de uma cinebiografia sobre sua vida e obra, assinada pelo jornalista Eduardo Homem. Os visitantes vão apreciar obras de diversas fases de sua história, identificadas por temas. 
 
São eles Viagem a Trabalho e Negócios, Serviços do Campo, Plantio de Algodão, Forró Nordestino, Plantio de Cana, Feira de Caruaru, Carnaval em Pernambuco e Festa dos Apaixonados. A poesia popular também tem lugar na exposição, que reserva um espaço dedicado especialmente à sua literatura de cordel.  
 
Cordelista por mais de 50 anos, os versos de J. Borges tratam do cotidiano do agreste, de acontecimentos políticos e de fatos lendários, folclóricos e pitorescos da vida. Em 2023, feliz com o início da circulação de sua mostra por unidades do Sesi-SP, o artista declarou: “O que me inspira é a vida, é a continuação, é o movimento. Minha obra é aquilo que eu vejo, aquilo que eu sinto”.  
 
J. Borges foi Patrimônio Vivo de Pernambuco, título que lhe foi concedido pelo Estado, e suas obras foram expostas em países como França, Alemanha, Suíça, Itália, Estados Unidos, Venezuela e Cuba; também deu aulas na França e nos EUA, ilustrou livros em vários países e foi destaque no The New York Times. 
 
Equilibrando cheios e vazios com maestria, J. Borges desenhava direto na madeira, sem a produção de esboços, estudos ou rascunhos. O título da peça é o mote para criar o desenho, onde as narrativas próprias do cordel têm espaço na expressiva imagem da gravura.  
 
O fundo da matriz, talhado ao redor da figura, recebia aplicação de tinta, tendo como resultado um fundo branco e a imagem impressa em cor. As xilogravuras não apresentam uma preocupação rigorosa com perspectiva ou proporção. A originalidade, irreverência e personagens imaginários são notáveis nas suas obras.  
 
Os temas mais recorrentes em seu repertório são o cotidiano da vida simples do campo, o cangaço, o amor, os castigos do céu, os mistérios, os milagres, crimes e corrupção, os folguedos, a religiosidade, a picardia, enfim todo o rico universo cultural do povo nordestino.  
 
Com curadoria de Ângelo Filizola (1959-2024) e produção e idealização da Cactus Promoções e Produções, a exposição “J. Borges O Mestre da Xilogravura já foi apresentada no Centro Cultural Fiesp e nas unidades do Sesi em Campinas, São José do Rio Preto, Itapetininga e São José dos Campos. 
 
J. Borges – Reconhecido como um dos maiores xilogravuristas e cordelistas do país, J. Borges dedicou sua vida à cultura popular, sobretudo a que simbolizava seu estado natal, Pernambuco, e também a temas religiosos. O artista também foi poeta e escritor. Entre seus admiradores mais notáveis estava o escritor Ariano Suassuna (1927-2014), que considerava J. Borges o melhor do Brasil. 
 
Sem poder estudar na infância por conta das condições adversas em que nasceu, J. Borges, que trabalhou como agricultor, pedreiro e oleiro, começou a esculpir figuras religiosas em madeira. Em seguida, descobriu a literatura de cordel. Publicou uma história pela primeira vez em 1964. 
 
Sua primeira xilogravura foi uma igrejinha, atualmente exposta na mostra que reúne cerca de 200 obras do artista no Museu Pontal, no Rio de Janeiro, aberta recentemente. Em depoimento à exposição, J.Borges contou que se apaixonou pelo cordel logo na infância, quando seu pai, antes de dormir, lia as histórias para a família. “Eu ia dormir satisfeito”, disse o artista. 
 
As obras de J. Borges ganharam o mundo após ilustrar capas de livros, como As Palavras Andantes (1993), do autor uruguaio Eduardo Galeano, e O Lagarto, do português José Saramago. O cantor e compositor pernambucano Alceu Valença colocou uma criação de J. Borges na capa do álbum Alceu Valença e Paulo Rafael, lançado em 2022. 
 
Em 2023, o presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva presenteou o papa Francisco com o quadro Jesus, Maria e José! A Sagrada Família!, de J. Borges, quando fez uma visita ao Vaticano. Ao longo da vida, o artista, que tinha o título de Patrimônio Vivo de Pernambuco, recebeu homenagens e honrarias. 
 
Entre elas, a comenda da Ordem do Mérito Cultural e o prêmio da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco). O velório de J. Borges ocorreu nesta sexta-feira, no Centro de Artesanato de Pernambuco, em Bezerros, onde viveu a vida toda.  
 
Serviço 
Exposição: “J.  Borges O  Mestre da  Xilogravura 
Quando: até 9 de março de 2025 
Horários  
De quarta-feira a  sábado 
Das 11 às 20 horas 
Domingos 
Das 13 às 19 horas 
Entrada: gratuita 
Classificação: livre. 
Acessibilidade: obras  com audiodescrição 
Agendamentos de grupos e escolas:  
[email protected] 
Onde: Espaço Cultural  
Sesi Ribeirão Preto 
Centro de Atividades José  
Villela de Andrade Júnior 
Local: Espaço Galeria, rua João Ignacchitti s/nº, 
Jardim Castelo Branco 
Fone: (16) 3603-7300  
Site: ribeiraopreto.sesisp.org.br 

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