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Servidores receberão salário em dia

FOTO: ALFREDO RISK

A Câmara de Vereadores repassou R$ 6,2 milhões para a prefeitura de Ribeirão Preto nesta quinta-feira, 29 de agosto, e o secretário municipal da Fa­zenda, Manoel de Jesus Gonçal­ves, anunciou que o Palácio Rio Branco não vai mais parcelar o salário de agosto de 1.674 ser­vidores da administração direta com vencimento superior a R$ 3,5 mil mensais. O governo pre­tendia dividir o pagamento deste mês em duas vezes por causa da crise financeira do município.

A devolução dos R$ 6,2 mi­lhões, segundo o presidente da Câmara, Lincoln Fernandes (PDT), foi antecipada para que “a prefeitura evite o atraso e o parcelamento dos salários de parte de seus servidores, garan­tindo assim a normalidade e es­tabilidade dos serviços públicos”. Regra geral, o Legislativo devol­ve os recursos que não utilizou no final do ano, em dezembro.

O comunicado enviado à imprensa diz: “A economia de recursos gerada pelo trabalho dos 27 vereadores no ano de 2019 permite, nesse momento, o repasse imediato e antecipa­do de R$ 6,2 milhões para que a prefeitura evite o atraso e parce­lamento dos salários de parte de seus servidores, garantindo as­sim a normalidade e estabilida­de dos serviços públicos”. Além do presidente Lincoln Fernan­des, o texto também é subscrito pelo primeiro vice-presidentes Otoniel Lima (PRB), pelo se­gundo vice Adauto Honorato, o “Marmita” (PR), pelo primeiro secretário, Jean Corauci (PDT), e pelo segundo secretário do Le­gislativo, Paulo Modas (Pros).

O documento destaca tam­bém que a devolução antecipa­da foi provocada pelo atual o momento financeiro enfrenta­do pelo município. “A Câmara Municipal têm sido exemplo de gestão de recursos públicos gerando economia de mais de R$ 30 milhões de reais nos úl­timos dois anos e com previsão de R$ 50 milhões a serem eco­nomizados nos primeiros três anos da atual legislatura”, fina­liza o comunicado.

A previsão orçamentária da Câmara é baseada no artigo 29 da Constituição Federal e garan­te ao Legislativo o teto de 4,5% da receita corrente líquida do município. No final do ano pas­sado, o Legislativo reduziu – por iniciativa própria – o índice para 4,08%. Com a mudança, o valor previsto para 2019 caiu de R$ 70,82 milhões para R$ 64,24 mi­lhões, cerca de R$ 6,58 milhões a menos e economia de 9,3% a menos em relação ao previsto.

O governo Duarte Noguei­ra Júnior (PSDB) havia anun­ciado que o vencimento deste mês dos funcionários públicos do município seria feito de duas maneiras, a partir de se­tembro. Servidores de empre­sas públicas com receita pró­pria, Departamento de Água e Esgotos (Daerp), Empresa de Trânsito e Transporte Urba­no (Transerp), Companhia de Desenvolvimento Econômico de Ribeirão Preto (Coderp) e da Secretaria Municipal da Educação receberiam normal­mente no quino dia útil, assim como os 5.875 aposentados e pensionistas do município.

Além deles, o salário dos servidores da ativa com venci­mento mensal de até R$ 3,5 mil líquidos também seria credita­do normalmente no quinto dia útil, mas quem ganha acima deste valor teria o salário par­celado em duas vezes.

A primeira parcela, com va­lor de até R$ 3,5 mil, seria paga em 4 de setembro. Já a segunda parcela, ou seja, o restante do salário, só seria depositada pelo governo no dia 14. Agora, to­dos serão pagos no quinto dia útil, 6 de setembro.

Segundo o secretário mu­nicipal da Fazenda, Manoel de Jesus Gonçalves, o valor de R$ 3,5 mil para o pagamento inte­gral foi estabelecido a partir de critérios técnicos. Ou seja, este é o valor máximo per capta que a prefeitura tem em caixa atual­mente para fazer o pagamento. “Estamos trabalhando incan­savelmente para honrar todos nossos compromissos”, afirmou anteontem. Nesta quinta-feira, disse que com o repasse da Câ­mara será possível pagar a folha.

Segundo a prefeitura, o parcelamento seria necessário por causa do repasse feto este mês ao Instituto de Previdên­cia dos Municipiários no valor de R$ 24 milhões para ban­car os benefícios dos cerca de 5.875 aposentados e pensio­nistas. Com a transferência, faltou dinheiro para completar a folha de pagamento dos ser­vidores da ativa. Como a lei de reestruturação do IPM ainda não foi sancionada e não está em vigor, a administração teve de bancar o aporte.

Após a divulgação do repas­se que será feito pela Câmara o Executivo emitiu a seguinte nota: “O repasse anunciado pelo Legislativo é bem-vindo à admi­nistração municipal e contribui­rá para a antecipação da parcela dos salários que seria realizada no dia 14 de setembro. Registra­-se, também, o agradecimento à Mesa diretora da Casa”. A fo­lha de pagamento dos cerca de 9.204 servidores é de aproxima­damente R$ 63 milhões.


Sindicato emite nota com crítica ao governo
Em comunicado enviado ao Tribuna na quarta-feira (28), o Sindicato dos Servidores Municipais de Ribeirão Preto, Guatapará e Pradópolis (SSM/RP) afirmava que convocaria greve geral da categoria contra o parcelamento do salários. Além da paralisação, a entidade disse que iria protocolar, na Câmara de vereadores, pedido de impeach­ment do prefeito Duarte Nogueira Júnior (PSDB).
Nesta quinta-feira (29), antes do anúncio de devolu­ção feito pela Câmara, a entidade anunciou a produção de dez mil panfletos com informações sobre o parcela­mento e quais medidas seriam adotadas pela entidade sindical. Porém, no final da tarde, enviou novo comuni­cado à imprensa. Diz o texto:
“Diante da inexistência de respaldo legal a embasar a conduta do governo Nogueira em atrasar o salário do funcionalismo, bem como diante da completa ausência de justificativa plausível a justificar o atraso/ parcelamento dos salários dos servidores, o Sindicato dos Servidores Municipais já havia adotado todas as providências preventivas possíveis no campo legal e organizativo para enfrentar mais esse descalabro administrativo da atual gestão, que está levando nossa cidade à ruína.
Há, entretanto, um anúncio veiculado pela imprensa de que o governo recuou de sua posição e, segundo o noti­ciado, não haverá atraso de salário neste mês. O sindicato foi oficialmente informado na tarde desta quinta-feira (29) sobre a iniciativa da Câmara Municipal em promover o repasse de R$ 6 milhões para a prefeitura.
Mas, para que nos próximos meses o atual governo não volte a agredir o funcionalismo com ameaças, perpetuando o improviso, é preciso soluções duradouras. Parte desta solução duradoura passa pelo término deste (des)governo. A Constituição Federal, em seu artigo 1º, III, assegura o prin­cípio da dignidade da pessoa humana como fundamento do Estado Democrático de Direito.
Atrasar o salário do servidor é ferir gravemente a dignidade humana do servidor público, ferindo também a Constituição e o Estado Democrático. Um gestor que admite buscar o equilíbrio das contas públicas atrasan­do o pagamento e confiscando parte dos salários dos servidores, que possui caráter alimentar, admite prática ilegal e inconstitucional de enriquecimento sem causa da administração em detrimento do prejuízo causado ao servidor e, portanto, sua permanência à frente da administração tornou-se insustentável”.

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