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Em meio a protestos, Servidores invadem plenário da Câmara

Foi um quiproquó dos dia­bos. Galeria lotada, servidores “amordaçados”, cartazes com críticas ao prefeito Duarte No­gueira Júnior (PSDB), cornetas, apitos, muita tensão e até inva­são do plenário. Assim foi a ses­são da Câmara de Ribeirão Preto nesta terça-feira, 17 de abril, pal­co de protesto do funcionalismo público em greve. A Guarda Civil Municipal (GCM) foi cha­mada para acalmar os ânimos. Vereadores bateram boca com os grevistas e o tempo fechou no Legislativo. Até a tribuna da Casa de Leis foi ocupada.

O objetivo da invasão, deba­tido durante um ato realizado na manhã desta terça-feira, na pra­ça Alto do São Bento, no Jardim Mosteiro, era impedir a realiza­ção das sessões – tanto a ordi­nária, marcada para as 18 horas, quanto a extraordinária, para votação, em segunda discussão, do projeto de revisão do Plano Diretor. No entanto, os grevistas não tiveram sucesso.

O presidente da Câmara, Igor Oliveira (MDB), abriu a ses­são e imediatamente anunciou a presença de uma comissão de vereadores, com o maior núme­ro possível de parlamentares, no Palácio Rio Branco, nesta quar­ta-feira (18), às onze horas, na tentativa de convencer o prefeito Duarte Nogueira Júnior (PSDB) a retomar s negociações e apre­sentar nova contraproposta.

As duas já apresentadas pela administração, de 1,81% e 2,06%, ambas com base no Ín­dice Nacional de Preços (INPC), foram recusadas pela categoria, que deflagrou greve na terça-fei­ra da semana passada pedindo reajuste de 10,8% – o indexador é o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA).

A participação da comissão da Câmara na negociação é uma reivindicação do presidente do Sindicato dos Servidores Muni­cipais (SSM/RP), Laerte Carlos Augusto. No entanto, nem a ga­rantia de que os vereadores vão tentar interceder junto à prefeitu­ra acalmou os ânimos acirrados dos grevistas.

Eram 18h30 e os vereadores tentavam dar prosseguimento à sessão, mesmo sem ninguém es­cutar o que os colegas diziam ao microfone, quando um grupo de servidores municipais invadiu o recinto da imprensa, localizado em uma das laterais do plenário. Poucos segundos depois, salta­ram por cima da bancada e in­vadiram o plenário, para correria dos nove guardas civis munici­pais e dos três policiais civis apo­sentados que fazem a segurança dos parlamentares.

Pelo menos duas jovens con­seguiram ingressar no plenário, onde só é permitida a presença de vereadores e de funcionários autorizados. Imediatamente elas foram contidas pela equipe de segurança formada por GCMs e policiais civis e convencidas a deixar o plenário pacificamente.

No momento da invasão, a maioria dos parlamentares per­maneceu em suas cadeiras, à ex­ceção de Isaac Antunes (PR), que correu para se abrigar atrás da Mesa Diretora, e do colega Rena­to Zucoloto (PP), que fez o con­trário – correu em direção aos invasores aos gritos de “baderna aqui não, baderna aqui não”.

No entanto, os servidores ocuparam a frente do plenário, onde ficam as mesas dos vere­adores, e começaram a gritar “não vai ter sessão”. A ordiná­ria, das 18 horas, que geral­mente termina por volta das 20 horas, desta vez acabou em tempo recorde – às 18h50. Em dois minutos foi aberta a extraor­dinária, e a revisão do Plano Di­retor, que levou 15 anos para ser votada, foi aprovada em segunda em dois minutos.

Na noite de segunda-feira (16), o sindicato foi notificado da liminar expedida pela juíza Luísa Helena Carvalho Pita, da 2ª Vara da Fazenda Pública, reafirman­do sua decisão pela manutenção de 100% dos servidores em ativi­dade nas áreas da educação, saú­de e assistência social e 60% nas demais repartições. No entanto, alunos seguem sem aula e con­sultas são canceladas diariamen­te. A magistrada proibiu piquetes e impôs multa diária de R$ 20 mil em caso de descumprimento da ordem judicial.

A categoria está em greve desde a zero hora de 10 de abril. Na segunda-feira (9), antes do início do movimento, o juiz Re­ginaldo Siqueira concedeu liminar ao Departamento de Água e Esgo­tos (Daerp) em que praticamente proibiu a paralisação de funcioná­rios da autarquia. Segundo o ma­gistrado, o sindicato é obrigado a manter 100% de toda a área operacional e de atendimento ao público durante a greve.

Já as demais áreas são obri­gadas a manter 80% do quadro. A tutela cautelar ainda impõe multa diária de R$ 20 mil em caso de descumprimento. A autarquia tem 898 funcioná­rios. A prefeitura garante que não houve paralisação no setor. Segundo a administração, a adesão geral nesta terça-feira foi de 8,59% – dos 9.988 servidores da prefeitura, 858 cruzaram os braços em protesto.

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