Tribuna Ribeirão
Política

Servidores confirmam buracos fictícios

ALLAN S. RIBEIRO/ CÂMARA

A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Tapa-Buraco, que investiga o contrato firmado entre o Departamento de Água e Esgoto de Ribeirão Preto (Da­erp) e a empresa Mattaraia En­genharia, esteve reunida na tarde desta quarta-feira, 6 de setem­bro, para ouvir os depoimentos dos servidores da autarquia Da­niel Soares Lousada e Alexandre Aleixo e do ex-estagiário Valter Vinicius Mattos Couto.

O presidente da CPI, Paulo Modas (Pros), e os demais in­tegrantes da comissão – Ales­sandro Maraca (PMDB), André Trindade (DEM) e Gláucia Bere­nice (PSDB) – questionaram aos funcionários sobre como eram realizadas essas medições ou se houve casos de incompatibilida­de entre os dados constantes das planilhas e o serviço efetivamen­te realizado pela Mattaraia.

Os servidores afirmaram que houve casos em que o serviço de tapa-buraco não havia sido reali­zado ou simplesmente não existia problema nos endereços indica­dos nas planilhas. Os depoentes confirmaram que a Mattaraia deixava à disposição do Daerp um veículo e motorista para ser utili­zado nas medições e disseram que nas planilhas não constavam nem a assinatura do responsável pelas medições e nem datas.

Paulo Modas disse que vai so­licitar ao Daerp o envio das plani­lhas com as medições realizadas ao longo do contrato para “serviços de reposição em pavimento asfál­tico”. O contrato (nº 51/13), inicial­mente no valor de pouco mais de R$ 7 milhões, teve um aditamento e foi para mais de R$ 9 milhões. A CPI da Câmara de Ribeirão Preto apura supostas irregularidades no serviço de reposição asfáltica.

A Mattaraia Engenharia foi contratada em 2013. Na época, o Tribunal de Contas do Estado (TCE/SP) apontou erros no pri­meiro edital de licitação aberto pela autarquia, no valor inicial de R$ 11,3 milhões, para realiza­ção do serviço. A concorrência acabou sendo suspensa por de­terminação da Justiça.

Com a reabertura do proces­so, a Mattaria foi vencedora do certame e acabou contratada, a partir de janeiro de 2014, por R$ 9,1 milhões. Mas, uma perícia preliminar realizada pela Justi­ça no ano passado apontou que o pagamento à empresa estava sendo superfaturado.

Segundo laudo pericial, o va­lor pago pelo Daerp acabou sen­do 282% maior que o previsto e 48% maior que o executado pela terceirizada. Modas indicou 28 endereços a serem vistoriados, onde buracos abertos pelo Daerp para consertos nas redes de água e esgoto somavam 187 metros quadrados. O perito Sergio Abud verificou, porém, que a empresa asfaltou 485 metros quadrados e recebeu por 716.

Após a divulgação do laudo, o então superintendente do Da­erp, Tanielson Campos, rescindiu unilateralmente o contrato com a Mattaraia, quatro dias antes do seu término, alegando que poderia ser punido pelos problemas encontra­dos. A empresa entrou na Justiça com um mandado de seguran­ça, que foi concedido pela juíza Lucilene Aparecida Canella de Melo, da 2ª Vara da Fazenda Pú­blica, anulando os atos tomados pela diretoria em relação à resci­são do contrato.

O advogado Lupércio Matta­ria Junior, defensor da prestadora de serviço, afirma que o levanta­mento apurado não representa a realidade do contrato, como apontou o próprio perito no laudo apresentado à Justiça.Segundo ele, é um número ínfimo de endereços em relação aos serviços executa­dos no período da perícia, entre ja­neiro e junho de 2014. Conforme a própria autarquia afirma, foram realizados serviços em seis mil en­dereços nesse intervalo.

Mattaraia Junior alega ainda que, apesar de ter sido contratada para repor o asfalto retirado para obras do Daerp, muitas vezes a empresa realizou o serviço de tapa-buracos que deveria ser feito pela Secretaria Municipal de Infra­estrutura. A empresa nega qual­quer tipo de irregularidade.

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