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Servidor da Justiça é condenado por extorsão

ALFREDO RISK/ ARQUIVO TRIBUNA

O juiz Lúcio Alberto Ene­as da Silva Ferreira, da 4ª Vara Criminal de Ribeirão Preto, condenou, a quatro anos e sete meses de reclusão, um servidor do Fórum Estadual de Justiça acusado de integrar uma qua­drilha que extorquia, median­te golpe, parentes de réus em processos que ainda estavam em trâmite. A ação criminosa foi descoberta na Operação Coiote, deflagrada pelo Grupo de Atuação Especial de Com­bate ao Crime Organizado (Gaeco) do Ministério Público Estadual (MPE) de São Paulo.

O escrevente Paulo Rogério Poletto foi condenado pelos crimes de corrupção passiva, prevaricação, advocacia admi­nistrativa e violação de sigilo profissional. Segundo a deci­são do magistrado, a sentença deve ser cumprida em regime semiaberto e Poletto poderá recorrer da decisão em liber­dade. O condenado foi acusa­do de repassar informações de consultas de antecedentes cri­minais de processos que trami­tavam em segredo de Justiça, como também, fornecer deta­lhes da Operação Sevandija.

De acordo com promoto­res do Gaeco, os investigados, advogados, principalmente, te­riam extorquido vítimas com detalhamentos falsos de inves­tigações e processos judiciais. Eles, inclusive, se diziam pro­motores do próprio MPE, juí­zes e desembargadores do Tri­bunal de Justiça de São Paulo (TJSP). Um casal especializado em falsificação de documentos é acusado de abrir empresas fantasmas que operavam na revenda de medicamentos des­viados e roubados.

A divulgação pela impren­sa da Operação Coiote, em maio de 2017, levou outras vítimas do golpe a procurar o Ministério Público informan­do sobre outros golpes pratica­dos pela quadrilha. Os advoga­dos de defesa de Paulo Rogério Poletto argumentaram que as acusações contra o cliente não passavam de boatos e inverda­des, e que não haviam elemen­tos comprobatórios que com­provassem a participação dele na ação criminosa.

Afirmaram, ainda, que a relação do agora condenado, com os outros advogados inves­tigados, ocorreu por questões profissionais, já que ele é funcio­nário do Fórum Estadual de Ri­beirão Preto. Além dele, foram pronunciadas denúncias contra oito suspeitos de integrarem a quadrilha. O processo tramita na Justiça Criminal. O grupo é suspeito de ter tentado aplicar golpes de até R$ 9 milhões nas vítimas de extorsão.

Sete promotores, cinco ser­vidores e 35 policiais militares cumpriram mandados de prisão temporária e de busca e apre­ensão – expedidos pela 4ª Vara Criminal de Ribeirão Preto – em dez endereços, dentre os quais casas e três escritórios de advo­cacia, em 4 de maio de 2017.

A quadrilha forjava a im­putação de crimes contra fa­miliares de pessoas presas para facilitar a oferta de benefícios judiciais ilegais em troca de pro­pina, de acordo com o MPE. Os envolvidos conseguiram arreca­dar R$ 50 mil em 2016 de pa­rentes de acusados por crimes como homicídio e tráfico de drogas, segundo o Gaeco.

Os dois falsários presos na época são Daniel Silva, acusa­do de falsificar documentos e provas, e Luciana Andréia do Nascimento, que se passava por advogada e seria a respon­sável pela extorsão – além de Poletto. Dois advogados tam­bém foram detidos e liberados posteriormente porque tive­ram os nomes citados indevi­damente pelo grupo, de acordo com a defesa. Segundo os pro­motores Leonardo Romanelli e Frederico Camargo, do Gaeco, o nome da operação tem por base a postura dos envolvidos, que agiram “de forma sorratei­ra e voraz”.

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