Por Mariane Morisawa, ESPECIAL PARA O ESTADO
Em abril de 1986, um dos reatores da usina nuclear de Chernobyl, na Ucrânia, explodiu, no pior desastre do tipo na história. Milhares de pessoas foram imediatamente expostas à nuvem radioativa, que ameaçou toda a Europa. Trinta e uma pessoas morreram nos primeiros três meses, mas milhares pereceram nos anos seguintes de doenças relacionadas à exposição à radiação. Os efeitos são sentidos até hoje. No cerne de tudo, uma série de mentiras do governo da então União Soviética, liderado por Mikhail Gorbachev, que sustentou por muito tempo que se tratava de um simples incêndio, pondo bombeiros e funcionários diretamente em contato com o material tóxico. A minissérie Chernobyl, que estreia na sexta, 10, às 21h, na HBO, conta essa história em cinco episódios, numa mistura de drama, thriller político e horror.Mas por que agora? “É o tipo de acontecimento que nenhum de nós jamais deveria esquecer”, disse o criador Craig Mazin em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo. “Acredito também que estamos divididos hoje em dia entre as nações e dentro dos nossos próprios países. E o desastre nos lembra que essas divisões são artificiais. Chernobyl não se importou com fronteiras. A radiação não ligou para nacionalidade, religião ou raça. Então é uma tragédia global, com que todos nós neste planeta temos de lidar.”
A série começa dois anos após o desastre, mostrando as consequências para Valery Legasov (Jared Harris, de Mad Men), um dos membros do conselho de gerenciamento da crise e defensor da retirada imediata da população no entorno de Chernobyl. Depois, volta à noite da explosão. A minissérie é múltiplo, mostrando o drama humano, indo de Lyudmilla Ignatenko (Jessie Buckley), mulher de um bombeiro chamado para controlar o “incêndio”, a Anatoly Dyatlov (Paul Ritter), o responsável pela usina, que se recusa a aceitar que houve uma explosão do núcleo, porque achava que isso era impossível.
“No Ocidente, é um direito inato falar o que se pensa. Mas não era assim na União Soviética”, afirmou a atriz Emily Watson, que interpreta Ulana Khomyuk, cientista da Bielo-Rússia, um dos países mais atingidos pelo desastre.
A União Soviética negou a explosão o quanto pode, até que o sistema de captação de partículas radioativas de uma usina na Suécia deu o alarme. Os EUA também viram a nuvem com ajuda de satélites. E isso foi embaraçoso para os soviéticos. “Chernobyl finalmente expôs a cultura de mentira do regime”, acrescentou Mazin. “É difícil se recuperar disso.”
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.