O Ministério Público Estadual (MPE) denunciou cinco homens pelo sequestro de um empresário em Ribeirão Preto, em junho. A vítima, de 74 anos, foi libertada do cativeiro pela Polícia Civil, que passou a investigar o caso depois que a família se recusou a negociar o resgate. Quatro bandidos foram presos em flagrante no local do cativeiro, uma chácara em Jardinópolis.
O quinto suspeito foi detido e levado para prestar depoimento, mas acabou liberado porque, segundo a Polícia Civil, não havia provas naquele momento sobre o envolvimento dele no esquema. Agora, a Promotoria Criminal pediu a prisão preventiva do acusado alegando que “a materialidade e autoria delitiva estão devidamente comprovadas”.
Ele teria passado informações à quadrilha sobre a rotina da vítima. Os crimes praticados são graves – seqüestro mediante extorsão – e “preveem penas elevadas e regime inicial fechado”, entre doze e 20 anos de reclusão. O caso tramita na 2ª Vara Criminal de Ribeirão Preto, mas a juíza Carolina Moreira Gama ainda não se pronunciou sobre a denúncia, realizada na segunda-feira, 1º de julho.
Em 19 de junho, a Delegacia de Investigações Gerais (DIG) de Ribeirão Preto e agentes da Divisão Antissequestro do Departamento de Homicídio e Proteção à Pessoa (DHPP) libertaram o empresário do ramo de veículos na cidade, após seis dias de sequestro. A quadrilha pedia R$ 600 mil de resgate, segundo informações da delegada Silvia Mendonça. O cativeiro ficava em uma chácara em Jardinópolis.
Suspeito de chefiar o sequestro, Francisco Souza Araújo Filho, de 35 anos, disse que não tinha a intenção de matar a vítima e depois de alguns dias passou a suspeitar que a Polícia Civil estivesse investigando o caso, porque a família se recusava a negociar o resgate. Ele e mais três comparsas foram presos depois que os agentes invadiram o cativeiro. O empresário foi libertado e socorrido – é diabético e faz uso de medicamentos controlados, e passa bem.
Segundo o sequestrador, a família começou a ganhar tempo, ofereceu R$ 50 mil e o bando não aceitou. “Para a gente, não interessava esse valor. O prazo era até sexta-feira, se não pagassem, a gente soltava”, afirmou. “Nem eu entendo, a polícia é muito inteligente, admiro”, completou. Ainda segundo Araújo Filho, ele próprio ficou cerca de 20 dias reunindo informações sobre a vítima, dona de uma revendedora de veículos em Ribeirão Preto, e depois entrou em contato com os demais integrantes da quadrilha para colocar o plano em prática.
“Ficamos em dois lugares, porque o dono do sítio precisava do sítio, estava alugado. A gente alugou por três dias, entregamos e fomos para outro. Entregamos de novo e voltamos para o primeiro cativeiro”, explicou. A diária pelo aluguel custava R$ 230. Os suspeitos foram descobertos pela Polícia Civil, a partir de uma foto postada em uma rede social na internet: um dos investigados estava com o mesmo moletom usado quando esteve no comércio da vítima, semanas antes do sequestro.
Câmeras de segurança da revendedora de carros gravaram três dos quatro homens no local, dizendo-se interessados em comprar um veículo. Um deles, ainda de acordo com a polícia, até preencheu um cadastro, informando números de Cadastro de Pessoa Física (CPF), registro Geral (RG, a cédula de indetidade) e celular verdadeiros. Além de Araújo Filho, também foram presos Jonathan Francisco de Carvalho, de 31 anos, Alexandre Jesus Santos, de 20, e Wanderson Almeida Gonçalves, de 30. Na delegacia, este último contou que foi procurado pelo chefe da quadrilha.
O grupo foi autuado por extorsão mediante sequestro e promover, constituir, financiar ou integrar organização criminosa. Ainda na delegacia, Santos também contou que aceitou participar do sequestro porque precisava do dinheiro. No local utilizado como cativeiro foram apreendidos um carro, uma arma falsa, um cartão bancário, três máquinas de cartão, um par de algemas, seis celulares e R$ 3.388 em dinheiro. O caso segue sob a responsabilidade da Delegacia de Investigações Gerais.