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Sequestrador é morto por ‘sniper’

FOTO: PILAR OLIVARES/REUTERS

Um homem que fazia passa­geiros de um ônibus da Viação Galo Branco reféns na Ponte Rio-Niterói na manhã desta ter­ça-feira, 20 de agosto, foi morto por atiradores de elite da Polí­cia Militar do Estado do Rio de Janeiro. O sequestro teve início por volta das 5h30 e durou cer­ca de quatro horas. Segundo os 37 passageiros, William Augus­to do Nascimento, de 20 anos, disse que não queria machucar ninguém nem roubar nada. De acordo com os reféns, o homem dizia apenas que queria “entrar para a História”.

A ação toda, no entanto, parecia planejada, segundo as testemunhas. O sequestrador havia levado os potinhos de gar­rafa PET para colocar gasolina, barbante para amarrar os pas­sageiros, coquetel molotov, além de uma faca, uma arma falsa e teaser. “Ele só falava que queria entrar para a História, que a gen­te ia entrar para a História e que teria muita história pra contar”, disse o professor de Geografia Hans Miller, de 34 anos, que es­tava no ônibus.

Segundo Miller, embora ele tenha pendurado os potes com gasolina por todo o ônibus, em nenhum momento ele ameaçou botar fogo no veículo. “Ele disse que não queria tocar fogo no ônibus e que só queria dinheiro do Estado, que quem ia pagar a conta era o Estado”, disse. O professor chegou a fazer carta­zes com informações sobre o sequestrador para passar infor­mações à polícia.

Ele colocava os avisos entre o vidro e as cortinas, que tinham sido fechadas por determinação do criminoso. Daniele Farias, de 38 anos, mulher de um ou­tro refém, com quem manteve contato por mensagem durante todo o sequestro, contou uma história parecida. “Meu marido falou comigo o tempo todo, di­zendo que estava tudo bem, que ele não estava ameaçando nin­guém, que estava calmo e que o que ele queria era parar a cidade, botar o terror”, declarou Daniele.

O sequestrador morreu com seis perfurações, indica uma pri­meira análise da perícia. Os tiros causaram ferimentos no ante­braço direito, na perna esquer­da, no braço esquerdo e no tórax (duas vezes) de Willian Augusto da Silva. Ainda não é possível di­zer, segundo os peritos, quantos tiros atingiram o sequestrador, já que um mesmo disparo pode ter causado mais de um ferimento – ao penetrar o corpo e ao sair.

O governador Wilson Witzel (PSC) foi à Ponte Rio-Niterói de helicóptero, abraçou os policiais e vibrou com a ação dos agentes de segurança. A arma usada pelo seqüestrador era de brinquedo. Os passageiros foram libertados – nenhum dos 37 reféns ficou fe­rido. William Augusto do Nasci­mento afirmou que era policial, mas a informação foi negada pelo governo do Rio de Janeiro.

“Primeiro, eu quero agra­decer a Deus. Não foi a melhor solução possível, o ideal era que todos saíssem com vida, mas tomamos a decisão de salvar os reféns”, afirmou. “(Toma­mos a decisão de) solucionar o problema rapidamente, foi um trabalho muito técnico da polí­cia, que usou atiradores de elite, eu fiquei monitorando o tempo todo.” Witzel disse que conver­sou com parentes do sequestra­dor, que pediram desculpas à população e aos reféns por seu comportamento.

“Falaram que houve uma falha na educação, a mãe dele estava chorando muito”, disse o governador. O governador informou que a recém-criada Secretaria de Vitimização irá cuidar não apenas dos 37 reféns, mas também da família do ho­mem morto. Witzel aproveitou o que chamou de “sucesso” da operação para comparar com a situação das comunidades, onde pelo menos cinco jovens foram mortos, vítimas de bala perdida na última semana.

“Foi um trabalho de excelên­cia, se a PM não tivesse abatido o criminoso, muitas vidas não te­riam sido poupadas, e é isso que está acontecendo nas comuni­dades: se a polícia puder abater quem está de fuzil, muitas vidas serão poupadas”, disse. “Fizemos a oração do Pai Nosso junto com as vítimas e oramos pelo crimi­noso que morreu.” Já o porta­-voz da PM fluminense, coronel Mauro Fliess, considerou a ação policial bem-sucedida e parabe­nizou os agentes envolvidos na ocorrência.

“Essa é a polícia que quere­mos ver. Foi necessário o disparo de um sniper para neutralizar o marginal e salvar todas as pesso­as do ônibus. Estamos prestando toda a atenção à saúde dos reféns e agindo com solidariedade. Pa­rabenizo todos os envolvidos”, afirmou o porta-voz. “Nenhum refém ferido, eles estão receben­do atendimentos médicos e psi­cológicos em caso de necessida­de. Mas nenhum ferimento.”

A arma do sequestrador era de brinquedo, mas, segundo o coronel Fliess, o homem jo­gou combustível no veículo e ameaçou incendiá-lo. A Ponte Rio-Niterói foi totalmente in­terditada, no sentido Rio. Já o sentido Niterói foi tempo­rariamente bloqueado, para implantação de faixa reversí­vel, de acordo com a Ecopon­te. Agentes da Companhia de Engenharia de Tráfego (CE­T-Rio) implantaram fecha­mentos também nos acessos à ponte pela avenida Brasil e pelo Viaduto do Gasômetro. Agentes da Polícia Rodoviária Federal (PRF), da Polícia Mili­tar, do Batalhão de Operações Policiais Especiais (Bope) e do Corpo de Bombeiros cercaram o veículo que ficou parado na altura do Vão Central. Viaturas dos bombeiros chegaram ao local por volta das 7h10.

Pelas redes sociais, o presi­dente Jair Bolsonaro parabeni­zou os PMs. “Parabéns aos poli­ciais do Rio de Janeiro pela ação bem sucedida que pôs fim ao se­questro do ônibus na ponte Rio­-Niterói nesta manhã. Crimino­so neutralizado e nenhum refém ferido. Hoje não chora a família de um inocente.” O ministro da Justiça e Segurança Pública, Sérgio Moro, também divulgou mensagem parabenizando os policiais: “Situação de sequestro e reféns é sempre tensa, impre­visível e pode não acabar bem. Parabéns à PMERJ pelo resgate dos reféns sãos e salvos”

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