A senadora Kátia Abreu (PDT-TO) afirmou nesta quarta-feira, 4 de dezembro, durante o seminário Ferrovia Essencial, que o aumento do preço da carne não representa novo patamar e que o valor está abaixo do ideal. “É muito importante considerar que esse preço atual, se a gente for contabilizar e retroagir, ainda não está no patamar que deveria estar em comparação com o passado”, defendeu.
Para a ex-ministra da Agricultura, a arroba do boi gordo deve ficar mais barata nas próximas semanas. Ela destaca que o aumento de preço ocorreu por questões pontuais, como o aumento de exportações de carne bovina para a China como substituição a carne de porco em meio à peste suína. Essa é a visão do governo federal.
A ministra da Agricultura, Tereza Cristina, depois de dizer que o cenário não teria mudanças em curto prazo, afirmou que o mercado está sinalizando uma redução no preço da arroba do boi gordo e que o preço da carne “deve se normalizar em breve para o consumidor”. Kátia Abreu destacou ainda a guerra comercial entre China e Estados Unidos.
Na análise da senadora, a perspectiva é que o país asiático busque outros parceiros a médio prazo. “Isso ampliou o mercado para o Brasil não só na área de carnes, mas em outras áreas também”, afirma. “A vida é assim, o mercado funciona assim. As agruras de um são a alegria de outros.”
Em Ribeirão Preto, o preço da carne registrou aumento real de 40% em um mês – no estado de São Paulo a arroba do boi gordo subiu, em média, 35%. Algumas redes de supermercados têm afirmado que a exportação está limitando a oferta da proteína no País, além de inflacionar o produto.
A ministra Tereza Cristina nega falta de oferta para o mercado nacional. “Não é verdade. Primeiro, o Brasil tem 215 milhões de cabeças de gado. Então, não é um rebanho para acabar amanhã. Segundo, realmente o mercado chinês mexeu com as exportações, e não só da carne brasileira, mas da carne argentina, paraguaia, uruguaia. É muito grande a necessidade da China”.
“Além de o Brasil abrir as exportações, temos de lembrar que o boi tinha um preço represado há três anos. O pecuarista estava tendo prejuízo nesse período”, declara a ministra. “Antes, o produtor vendia uma arroba por R$ 140, em média. O que aconteceu é que, nesse primeiro momento de abertura, com a China pagando um preço muito bom, houve esse momento, digamos, de euforia. Em São Paulo, uma arroba está sendo vendida a R$ 231”.
Em menos de três meses, o contrafilé registrou índices de aumento acima de 50% e o coxão mole, de 46%, no preço de custo que acaba sendo repassado ao consumidor, segundo a Associação Brasileira de Supermercados (Abras). O Ministério da Agricultura afirmou que está acompanhando de perto a situação e acredita que o mercado “vai encontrar o equilíbrio”.
Risco de desabastecimento
A elevação no ritmo de exportações de carne bovina para a China provocou uma alta nos preços internos da proteína, mas não gera risco de desabastecimento, diz o diretor da Scot Consultoria, Alcides Torres. “Não há nenhuma possibilidade de faltar carne para o consumidor”, afirma. Passada a euforia maior no mercado físico, a tendência é de que o ritmo dos negócios mantenha os preços da arroba do boi próximos dos atuais níveis até o fim deste ano, estima o especialista.
O efeito do preço da carne vermelha no valor do frango e do peixe está sendo analisado de perto pelo governo. A avaliação é de que a inflação de outras carnes seria um movimento natural de livre mercado, ou seja, com o aumento da procura por frango e também por peixe, é de se esperar que haja reajuste nos preços desses itens, principalmente nesta época de fim de ano.