O senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) renunciou nesta terça-feira, 31, à cadeira de membro titular da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) da JBS. Em carta dirigida ao presidente do Congresso Nacional, senador Eunício Oliveira (PMDB-CE), Randolfe disse que o grupo de trabalho busca dar um “golpe desavergonhado à Lava Jato”. Segundo o senador, os trabalhos têm como objetivo a “criminalização dos investigadores”, como forma de criar uma “cortina de fumaça” para a alteração da lei que regula a delação premiada.
“Um dos resultados certos dessa CPMI é, criando um ambiente de criminalização dos investigadores, fazer cortina de fumaça para justificar a alteração na Lei de Organizações Criminosas (Lei nº 12.850, de 2013), que regula a temida ‘delação premiada’. Teme-se a delação por uma razão simples: diferente da quase totalidade do nosso sistema punitivo, ela funciona.
Busca-se fabricar um pretexto exculpatório para esse golpe desavergonhado à Lava Jato”, afirmou.
No documento, Randolfe defendeu o “exemplar” trabalho do ex-procurador-geral da República Rodrigo Janot. “O alvo da CPMI da JBS, da sua concepção aos dias de hoje, sempre foi um só: enxovalhar o Sistema de Justiça, desqualificando quem tem o dever constitucional de punir corruptos (magistrados, procuradores da República, promotores de justiça e integrantes da polícia), em socorro daqueles que se julgam acima da Lei”.
Ao final, o senador afirma ainda que “a construção da lápide da Lava Jato já está adiantada”. “A impunidade provavelmente se fará, mais uma vez, uma marca da nossa tragédia política”, complementou.