Tribuna Ribeirão
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Senado aprova MP do salário mínimo

FÁBIO POZZEBOM-AG.BR.

O Senado aprovou nesta quinta-feira, 27 de maio, a me­dida provisória que eleva o sa­lário mínimo de R$ 1.045 para R$ 1.100 a partir de 1º de janei­ro. A votação foi simbólica e o texto, aprovado pela Câmara dos Deputados na quarta-fei­ra (26), segue agora para pro­mulgação. Em seu parecer, o relator senador Luiz do Carmo (MDB-GO) rejeitou todas as emendas apresentadas e man­teve o texto original enviado pelo governo.

A MP foi editada em 30 de dezembro e precisa ser aprova­da pelos senadores até a próxi­ma terça-feira, em 1º de junho, para não perder validade. O reajuste foi de 5,26%, correção que não repõe integralmente as perdas inflacionárias, e terá impacto de R$ 17,3 bilhões nas contas públicas, já que o piso é referência para benefícios da Previdência Social.

Por dia, o valor do mínimo será de R$ 36,67, e por hora, R$ 5. Este é o terceiro ano seguido de reposição do poder de com­pra apenas pela inflação medi­da pelo Índice nacional de Pre­ços ao Consumidor (INPC) do Instituto Brasileiro de Geogra­fia e Estatística (IBGE). O au­mento foi concedido antes da divulgação oficial do resultado do INPC em 2020, que acabou subindo 5,45%.

O último ano de aumento real no piso nacional, segun­do a política de valorização do salário mínimo lançada em governos petistas, foi em 2019. Pela lei, governo tem a opção de fazer a compensa­ção da diferença (equivalente a cerca de R$ 2) no próximo reajuste, em 2022.

No ano passado, porém, o presidente Jair Bolsonaro precisou editar uma Medida Provisória para antecipar a compensação, em meio à in­satisfação de famílias com o reajuste abaixo da inflação e a disparada nos preços da car­ne. O piso, que inicialmente ficara em R$ 1.039 em janeiro de 2020, passou a R$ 1.045 no mês seguinte.

O ano de 2019 foi o últi­mo sob a vigência da política de valorização do salário mí­nimo, que previa aumentos pela inflação e variação do Produto Interno Bruto (PIB). Essa fórmula vigorou entre 2011 e 2019, mas nem sempre o salário mínimo subiu acima da inflação. Em 2017 e 2018, por exemplo, foi concedido o reajuste somente com base na inflação porque o PIB dos anos anteriores (2015 e 2016) teve retração.

Com base no preço da cesta básica de Florianópolis (SC) de R$ 634,53, a mais cara obser­vada pela pesquisa mensal do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioe­conômicos (Dieese), em abril o salário mínimo necessário para suprir as despesas de um trabalhador e da família dele seria de R$ 5.330,69, o que cor­responde a quase cinco vezes (4,8) o valor atual e já reajusta­do, de R$ 1.100.

Em março deveria ser de R$ 5.315,74, também 4,8 aci­ma do piso nacional, assim como os R$ 5.375,05 de feve­reiro. Em janeiro a previsão era de R$ 5.495,52 (cinco vezes). O valor estimado pelo Diee­se bancaria as despesas com alimentação, moradia, saúde, educação, vestuário, higiene, transporte, lazer e previdência.

Em dezembro, o valor do salário mínimo teria de ser de R$ 5.304.90, correspondente a 5,08 vezes o salário mínimo vi­gente à época, de R$ 1.045. Em abril de 2020, o mínimo ideal seria de R$ 4.673,06, mais de quatro vezes (4,4) o piso oficial (também de R$ 1.045).

O governo prevê um salá­rio mínimo de R$ 1.147,00 em 2022, um reajuste de 4,27% em relação aos atuais R$ 1.100,00. A estimativa foi divulgada em abril, no âmbito do Projeto da Lei de Diretrizes Orçamen­tárias (PLDO) de 2022. Para 2023, a previsão é de que o sa­lário mínimo será de R$ 1.188, chegando a R$ 1.229 em 2024.

O governo Jair Bolsonaro tem optado por dar apenas o reajuste pela inflação, garan­tido pela Constituição, de­vido à situação delicada das contas. Cada R$ 1 de aumen­to no salário mínimo tem um impacto de aproximadamen­te R$ 351,1 milhões nas des­pesas do governo, uma vez que o piso é referência para boa parte dos benefícios pre­videnciários e assistenciais.

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