Tribuna Ribeirão
Cultura

Sementes de resistência: Recortando Palavras apresenta trabalhos na 20ª FIL

Autor homenageado da 20ª Feira Internacional do Livro de Ribeirão Preto (FIL), o escritor moçambicano Mia Couto voltou a participar do evento na manhã da segunda-feira (23), a partir das 8h30 (horário de Brasília) no projeto Recortando Palavras. Desenvolvida junto a estudantes do 9º ano do Ensino Fundamental de escolas estaduais de Ribeirão Preto e região, a atividade teve, em 2021, a participação de aproximadamente 800 alunos, em 16 unidades de ensino. O conceito e a criação de fanzines é sempre o fio condutor do Recortando Palavras e, para esta edição da Feira, trabalhou com a obra de Mia Couto.

Com mediação de Adriana Silva, curadora da Feira, e participação do jornalista Angelo Davanço, e dos professores João Francisco Aguiar e Arnaldo Neto, todos fanzineiros e oficineiros responsáveis pela atividade, a roda de conversa reuniu o escritor Mia Couto, a partir da cidade de Maputo, em Moçambique, e alunos das escolas participantes, presentes na plateia virtual. Representantes da Diretoria Regional de Ensino também estiveram presentes.

O professor e vice-diretor da Escola Estadual Professor Alcides Corrêa, Arnaldo Neto, explicou que foram dois meses de trabalho com os estudantes, em encontros programados entre eles e com os oficineiros, num movimento que envolveu toda a comunidade escolar em todas as unidades de ensino. “A interação com os professores é fundamental para que o Recortando Palavras funcione e isso temos tido desde que esse projeto foi incorporado à agenda da FIL”, destacou Neto.

O jornalista Angelo Davanço lembrou a origem dos fanzines, nos anos 1930, nos Estados Unidos; sua chegada ao Brasil, em 1965; os anos de quietude dessa expressão cultural e seu renascimento como potente ferramenta na Educação. “O fanzine estimula a pesquisa e coloca o aluno em protagonismo no processo criativo“, disse Davanço. “Trata-se de um jogo de palavras e funciona bem como canal de comunicação com os alunos”, completou o professor João Francisco, coordenador na E.E Professor Alcides Corrêa.

Como unir a biologia e mundo da escrita foi uma das perguntas dirigidas a Mia Couto pelos estudantes da plateia virtual – cada um representando uma escola -, já que o escritor é biólogo de formação. “Minha relação com a ciência é de amor e paixão. E isso não é diferente com a escrita. São duas janelas para as quais tenho o mesmo olhar apaixonado”, respondeu Couto.

O professor João Francisco quis saber do autor homenageado, como tornar a escola um espaço mais aberto, com promoção de uma educação libertadora. “É importante perder o medo de errar. E, nesse sentido, o fanzine pode ajudar muito, uma vez que não tem erro no que se produz nessa linguagem”, respondeu Mia Couto, em alusão ao formato dinâmico do fanzine, que reúne textos, desenhos, colagens, num processo livre de criatividade.

Resistência

Lembrando que qualquer tema ou componente curricular pode ser trabalhado no fanzine, os oficineiros Angelo Davanço, Arnaldo Neto e João Francisco sublinharam que o projeto Recortando Palavras é uma acolhedora porta de entrada para a literatura, incentiva a leitura de modo geral, sendo ferramenta pedagógica que desperta a vontade de criar, de trocar e de ser solidário, além de contribuir com a inclusão.

Em tempos de distanciamento social, o resgate de estudantes por meio do projeto Recortando Palavras também foi destacado pela representante da Diretora Regional de Ensino, Sabrina Lourenço. Além da troca entre oficineiros, estudantes e o escritor Mia Couto, a atividade teve apresentação dos trabalhos produzidos pelos alunos, por meio e vídeos previamente gravados em cada escola.

Utilizando o contexto de transformação de suas palavras em composições visuais feitas por estudantes, Mia Couto se despediu dizendo que “a verdadeira porta que se abre para nós, somos nós quem a puxamos e a abrimos. E a escola incentiva esse desejo e essa vontade de saber que vale a pena puxar e abrir essa porta”. “Fanzine é resistência e o Recortando Palavras é um projeto que planta sementes de resistência”, finalizou Angelo Davanço.

A 20ª FIL dispõe de uma livraria virtual com obras de todos os autores participantes do evento, a preços acessíveis, que também pode ser acessada pelo site da Fundação. Já para participar da plateia virtual, as inscrições podem ser feitas pelas redes sociais da entidade (@fundacadolivrorp), com link na bio.

Até o próximo domingo (29), a programação da 20ª FIL segue reunindo nomes importantes no cenário cultural nacional e internacional. Totalmente gratuito, o festival literário é acessível, com interpretação em Libras para todas as atividades, autodescrição realizada pelos participantes e legendas nas atrações internacionais em que os convidados não falam a língua portuguesa. No total, o evento apresenta cerca de 60 atividades e 110 horas de programação.

Protocolos de Saúde

Toda a equipe e convidados que participam presencialmente do evento seguem a um rígido protocolo de saúde obrigatório, que inclui testagem e uso de EPIs (Equipamento de Proteção Individual), como máscaras e protetores faciais.

Para acompanhar a programação completa, basta acessar os canais da Fundação do Livro e Leitura: www.fundacaodolivroeleiturarp.com e canal do Youtube (FeiraDoLivroRibeirao).

Mais informações do evento pelas redes sociais:
Instagram (@fundacaolivrorp)
Facebook (https://www.facebook.com/fundacaolivrorp)
Linkedin (fundacaolivrorp)
Twitter (@FundacaoLivroRP)

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