Integrantes do movimento dos sem-teto (União dos Movimentos de Moradia de São Paulo) invadiram, na madrugada desta sexta-feira, 19 de janeiro, uma chácara localizada às margens da Rodovia Anhanguera, no sentido capital-interior. Os invasores alegam que a chácara pertence à família do ex-ministro Antônio Palocci, que está preso em Curitiba (PR) há mais de um ano devido às investigações da Operação Lava Jato.
Na tarde de ontem, três viaturas da Polícia Militar (PM) estiveram no local, mas os invasores se negaram a sair e disseram que só vão deixar o terreno após a Justiça emitir mandado de reintegração de posse. O Tribuna apurou que a chácara Santa Lídia pertence ao advogado Marco Antonio de Lima Rodrigues, primo distante de Antônio Palocci.
Josias Rodrigues da Costa Filho, do movimento dos sem-teto, diz que foi o caseiro do local quem prestou a informação de que a chácara seria da família do ex-ministro dos governos Luiz Inácio Lula da Silva (Fazenda) e Dilma Rousseff (Casa Civil). “Ele disse que recebia salário do ex-ministro e que desde que o Palocci foi preso nunca mais recebeu. Como ele contou que aqui tem quatro grandes quiosques abandonados, viemos para cá”, informa.
Segundo ele, durante a tarde já estavam no local 20 famílias, mas que mais pessoas chegariam à noite, após o trabalho. “Vamos abrigar umas 40 famílias, até umas 150 pessoas. Estamos instalando lonas ao redor dos quiosques e colocando um vaso sanitário no banheiro. Aqui tem luz e água”, informou.
O Tribuna apurou que a maioria das famílias que participam da invasão são de sem-teto que estavam até então em barracos na comunidade Cidade Locomotiva, localizada em um terreno de mais de 60 mil metros quadrados na rua Peru nº 3.086, no Parque Industrial Coronel Quito Junqueira.
O proprietário Marco Antonio de Lima Rodrigues informou que vai “tomar medidas cabíveis”, porém não quis adiantar quais. No final da tarde a PM conduziu dois integrantes da ocupação (Platinir da Silva Nunes e Jucilene Sena dos Santos) até a Central e Polícia Judiciária (CPJ) onde foi registrado boletim de ocorrência de “ocupação de terra”.