Por Daniel Batista
Gabriel Jesus tem apenas 23 anos, mas já viveu altos e baixos na carreira. O precoce estrelato no Palmeiras, a chegada ao Manchester City e a decepcionante atuação na seleção brasileira durante a Copa do Mundo na Rússia fizeram o garoto do Jardim Peri, zona norte de São Paulo, amadurecer. Hoje, ele é um jogador com presença constante no clube inglês e na seleção, sem esquecer dos amigos e de onde veio.
Em entrevista ao Estado, Jesus comentou sobre como é trabalhar com Josep Guardiola, técnico do Manchester City, o momento que o mundo vive, sua relação com o Palmeiras e contou sobre a ajuda que dá para os mais necessitados.
Constantemente, o atacante doa cestas básicas ou dinheiro para instituições que ajudam comunidades carentes, inclusive de onde ele veio. Ele retornou para Manchester, onde faz treinamentos em sua casa, após comemorar o aniversário e passar mais de um mês ao lado da família, principalmente de sua mãe, Vera, que ficou famosa pelo fato do jogador sempre comemorar seus gols fazendo gesto como se estivesse telefonando para ela para avisá-la que balançou as redes.
Qual a maior dificuldade no treinamento em casa?
Acho que é mais a questão da falta da bola mesmo, dos companheiros, de estar em campo. Mas eu tenho lidado muito bem com isso. Tenho feito treinos preparados pelo meu personal, André Cunha, que montou tudo em contato com o City, em parceria. Então estou levando na boa.
Vejo você participando e apoiando várias ações para ajudar os necessitados. Você veio de uma origem bem humilde. Isso vem na sua mente, quando te convidam para participar dessas ações?
Com toda certeza, todos sabem que eu cresci no Jardim Peri, gosto muito de lá e sempre tento ajudar o local de onde eu vim. Mas também sempre que eu posso eu tento ajudar campanhas, e outras ações nesse sentido. A gente sabe como é difícil, principalmente nessa época de pandemia, então ajudo sempre que eu posso.
Como foi ter passado o aniversário com a família no Brasil (ele fez 23 anos no dia 3 de abril)?
Algo difícil de acontecer, porque sempre estou jogando, mas foi muito bom. Claro que por estarmos em quarentena, em casa, estive apenas com minha família, mas foi bom estar com eles. A gente se acostuma a passar esse tipo de data distante, então tem que aproveitar quando tem essas oportunidades.
O que tem feito para passar o tempo?
Acho que de tudo um pouco, né? Gosto bastante de jogar videogame, tenho treinado todos os dias, assisto algumas lives. Isso tem ajudado muito a passar o tempo. Mas creio que esteja assim pra todo mundo, não tem muito o que fazer. É torcer para acabar logo e que a gente possa retornar ao normal, com saúde.
No City, você é comandado por Pep Guardiola, que para muitos, é o melhor treinador do mundo? O que ele tem de tão diferente?
Acho que o que o Guardiola fez no futebol fala por si só. Ele é um cara muito diferenciado, sempre muito atento e dedicado a evolução do nosso time, que cobra bastante da gente, muito intenso. Acho que isso é o que o faz ser tão vitorioso.
Sente saudades do Brasil e do Palmeiras? A torcida sempre lembra de você de forma positiva.
Eu nunca escondi minha relação com o Palmeiras e também com a torcida do clube. É o clube no qual eu fui formado, que apareci para o futebol, então eu tenho um carinho muito grande. Guardarei sempre na lembrança os momentos que estive no clube.
Trabalhar com Guardiola e ter a confiança do Tite, um treinador que também tem muito prestígio com os atletas, foram determinantes para você se reerguer após a decepcionante campanha na Copa da Rússia?
Aquele foi momento mais difícil como jogador. Mas superei, trabalhei, conquistei de novo meu espaço. Isso me abalou apenas no começo da temporada, faz tempo que não abala mais. Conversei bastante com minha família e meus amigos. Tive um momento muito bom na carreira e na vida e alcancei coisas muito rápido, dei uma parada e acho que é normal, pois sou jovem.