Desde tenra idade que ouço dizer que o Brasil é o país do futuro, e que tínhamos um povo cordial e gentil, e convivíamos pacificamente com a diversidade. E cada vez que este futuro se aproxima surgem forças arraigadas a um passado aristocrático e escravagista, que joga para o futuro, o futuro que ameaça o presente, não permitindo qualquer mudança.
Sempre vivemos sob a égide de governos ditatoriais desde o advento da República, e com isso as turbulências foram constantes – prova disso são a inúmeras Constituições que tivemos até hoje – oito só no período republicano. Mas o movimento das Diretas Já, que aconteceu nos anos 1983/84, e naquele momento encheu de esperanças um povo cansado de esperar pelo salvador da pátria. Esse movimento cívico lutava para que o Brasil finalmente virasse uma nação, que se materializou com a Constituição cidadã de 1988.
Com a nova Carta Magna esperava-se que finalmente o regime democrático republicano funcionasse na sua plenitude, com três poderes independentes e harmônicos funcionando plenamente, e com um STF (Supremo Tribunal Federal) sendo o guardião da Constituição, mas depois de 30 anos vemos que as trevas do passado nunca se dissiparam.
Depois de vinte anos de ditadura militar, com as mazelas que todo o regime totalitário produz, a impressão que transparecia era que a maioria esmagadora da população brasileira repudiasse com veemência qualquer possibilidade de termos de volta este tipo de regime fascista. Acontece que as aparências enganam, e a chegada do século 21 desmistificou aquela sociedade tranquila e pacata que aparentava ser, e uma parcela foi para as ruas pedir a volta da ditadura militar.
A Constituição brasileira, e também a Lei de Segurança Nacional, trata do assunto, e prevê pena de até quatro anos para quem pedir a volta de regime militar, mas como não temos o costume de respeitar a nossa Carta Magna, e atualmente nem o STF, que é a nossa Suprema Corte respeita o seu papel de guardião constitucional. Estamos chegando ao niilismo!
O que está acontecendo no Supremo na atualidade é coisa impensada em qualquer país minimamente civilizado. Nunca nesta Corte aconteceu de um juiz se imiscuir na decisão monocrática de outro membro, seja qual fosse à decisão, que poderia ser reformada futuramente pelo Plenário, mas não impedida de ser cumprida, como aconteceu com a entrevista do Lula.
O momento de proliferação do ódio que estamos vivendo está cegando as pessoas, e está contaminação já chegou ao judiciário em todas as instâncias. Inclusive tem juiz do Supremo julgando com base nos clamores que vêm das ruas, o que é uma incongruência, pois ele teria de se ater ao que diz a Constituição, se não vamos voltar ao tempo da “Lei de Murici: cada um que trate de si”.
O processo eleitoral em que estamos vivenciando nos dias de hoje, com uma parcela, que eu espero não seja majoritária, que pedem a volta da chibata e do autoritarismo, para atingir seus adversários, mas esquecem de que o pau que dá em Chico, também bate em Francisco. A verdadeira história do Brasil, nunca foi ensinada nas escolas por motivos óbvios, e um povo que não conhece a sua história comete diversas vezes os mesmos erros.
A educação básica é o alicerce de qualquer país que queira se transformar em uma nação. Quando eu vejo professores de história fazendo manifestações a favor de regimes e candidatos fascistas, vejo que o alicerce foi mal feito, ou não foi construído. Domingo, dia 07 de outubro, temos que ser responsáveis!