Tribuna Ribeirão
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Seja a mudança que você quer ver na política 

André Luiz da Silva *
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Entre as várias notícias interessantes da semana, vamos refletir sobre duas relacionadas às eleições deste ano.

Uma operação da Polícia Federal, no Rio de Janeiro, prendeu quatro suspeitos de espalhar notícias falsas durante as eleições. Segundo apurações, atores amadores foram contratados para divulgar informações falsas sobre candidatos a prefeito e vereador. O sistema sofisticado incluía até provas forjtadas. As ações ocorriam em pontos de ônibus, praças, mercados e outros locais movimentados. Essa prática funciona há dez anos e influenciou disputas eleitorais em 13 cidades fluminenses. Outro fato relevante é que, nas redes sociais, já começam a circular correntes questionando a “qualidade” dos candidatos, o processo eleitoral e incentivando o voto nulo.

Embora desprezado por muitos, o voto popular é uma conquista que precisa ser valorizada e sempre celebrada. Olhando para a história, observamos que, em 1824, no Brasil Imperial, ocorreu a primeira eleição nacional para a Assembleia Legislativa. Participaram apenas homens com 25 anos (ou 21 anos, se casados), com renda anual mínima de 100 mil réis para votar e de 200 mil réis para serem votados, ou seja, apenas uma elite. Avançando um pouco, chegamos a 9 de janeiro de 1881, com a publicação do Decreto nº 3.029, conhecido como Lei Saraiva, que instituiu o título de eleitor e o voto direto; no entanto, exigia que o eleitor fosse alfabetizado. Vale destacar que, na época, a taxa de analfabetismo era entre 75% e 80% da população, novamente só a elite votava. Já o voto feminino no Brasil foi permitido apenas em 1932 e incorporado à Constituição de 1934, mas era facultativo. Somente em 1965, o voto feminino tornou-se obrigatório, equiparando-se aos homens. Os analfabetos permaneceram excluídos até as eleições de 1986.

Por mais que a política nos cause revolta ou decepção, fugir do debate e votar nulo ou branco não são as melhores opções, pois alguém será eleito, talvez aquele a quem mais rejeitamos. Na prática, votar nulo é terceirizar a conquista do voto e a responsabilidade que ela traz, dizendo “não me representa” ou “não fui eu que o coloquei lá”.

Olhando para Ribeirão Preto, um dos municípios mais importantes do Brasil, encontramos seis candidatos a prefeito e cerca de 400 candidatos à Câmara de Vereadores. São pessoas de diferentes formações acadêmicas, classes sociais, gêneros, credo religioso, enfim, uma enorme gama de possibilidades. Creio ser possível encontrar ótimos nomes nessas listas.

Alguns são seus amigos, vizinhos, familiares, colegas de trabalho ou de profissão de fé. Converse com eles, pergunte sobre seus projetos, propostas e ideias para os temas relevantes da cidade. Apresente sua visão, argumente! Não adianta xingar, virar o rosto ou recusar receber material de campanha. Pelo contrário, analise se o que está sendo apresentado é coerente, exequível e legal.

Um cuidado especial deve ser tomado em relação à proliferação de informações falsas. Quem começar a mentir, enganar ou jogar sujo provavelmente fará o mesmo depois do eleito. Para coibir essas práticas, existe o sistema Pardal, que permite ao cidadão denunciar infrações eleitorais e irregularidades verificadas nas campanhas à Justiça Eleitoral e ao Ministério. O aplicativo está disponível para download nas lojas virtuais Apple Store e Google Play, além do site https://pardal.tse.jus.br/pardal-web/.

Aos que ainda acreditam que ninguém é bom o suficiente para merecer seu voto, recorro à famosa frase atribuída a Mahatma Gandhi: “Seja a mudança que você quer ver no mundo.” E, com o respeito ao grande líder indiano da não-violência, vou adaptá-la sugerindo que se filie a um partido político, coloque suas ideias à disposição dos eleitores e seja a mudança que você quer ver na política.

* Servidor municipal, advogado, escritor e radialista 

 

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