Aproximamo-nos do segundo turno das eleições municipais. As 22 cadeiras do Poder Legislativo já foram designadas no primeiro turno. Deparamo-nos com algumas surpresas, como o aumento, embora ainda bastante tímido, de mulheres e pessoas relativamente jovens, para legislar em nome de todo o povo de Ribeirão Preto.
Lamento profundamente alguns dados que poderiam ser atribuídos à eleição em meio à uma pandemia, mas que não podem passar desapercebidos: Dos 441.845 ribeirãopretanos aptos a votar, apenas 298.508 foram às urnas no dia 15 de novembro. Houve, portanto uma abstenção de 32,44%. Os votos brancos e nulos totalizaram 46.222.
Se foi negligência, desencanto com a política, não importa. O que nos será lembrado ao longo dos próximos quatro anos, é que os eleitos terão de ser respeitados, mesmo que nem sempre agradem os que não votaram neles, e principalmente os que jogaram seus votos na lata do lixo. No próximo domingo conheceremos nosso próximo Poder Executivo.
Insisto na formação de consciência crítica política “numa época em que se calca a subjetividade e se tende fazer prevalecer o valor da individualidade”. É preciso voltar a insistir nas características do bem comum.
Quais são, pois, os valores fundamentais do bem comum?
Podemos sintetizá-los em três grandes categorias, que englobam segurança, alimento e religião, ou, na expressão do grande filósofo chinês Confúcio: exército, pão e fé. Desenvolvendo estes temas percebemos que eles envolvem muitos elementos, destacando-se a educação, como fulcro para alavancar suas exigências, e o trabalho como meio de consegui-los.
Quando indagada sobre o que vai mal e precisa melhorar, a população elenca em primeiro lugar a saúde. Tema amplamente discutido durante a Pandemia deste ano, que trata da saúde pública, ainda deixando tanto a desejar. Aparentemente houve melhorias e progressos na saúde pública. Milhares de cidadãos perderam seus planos de saúde, que aliás voltaram a ser privilégio de muito poucos. Saúde pública, educação, trabalho com oportunidades e não simplesmente empregos, assistência social que contemple de verdade as milhares de famílias em situação de vulnerabilidade, e Infraestrutura precisam ocupar a agenda diária do próximo Poder Executivo.
Eis porque se torna necessário lançar um grito de alerta. Estamos chegando ao fundo do poço. Precisamos, urgentemente, unir-nos num grande mutirão, que envolva todas as forças vivas da sociedade, para superar esta grave crise de humanismo, participando ativa e efetivamente das decisões do próximo Governo Municipal de nossa rica e linda cidade.
É neste sentido que convidamos todos a uma séria reflexão, que esperamos repercutam nas urnas do segundo turno das eleições municipais, no próximo domingo, bem como em todos os ambientes, para que nosso povo sofrido tenha vida e a tenha em abundância. Não sejamos indiferentes, não deixemos de votar para depois não ter como e onde reclamar.
Penso seriamente que abster-se, votar em branco ou anular o voto é, do ponto de vista da Teologia Moral, uma falta grave. Preferiria que o voto fosse livre e não obrigatório. Mas enquanto exercício obrigatório, precisa ser levado a sério. Preservemos as conquistas da Democracia. Conheço muitas pessoas que, como eu, vão às Urnas fazendo desse exercício uma verdadeira “liturgia”.