Evitar especulação imobiliária. Este foi o argumento que o secretário municipal de Assistência Social, Guido Desiende Filho, apresentou à Comissão Especial de Estudos (CEE) da Câmara para não revelar o endereço da área onde deverá ser construída a segunda unidade do Bom Prato na cidade, na região do Hospital das Clínicas Unidade Campus – ligado à Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo (HC-FMRP/SUP).
Em depoimento nesta quinta-feira, 31 de outubro, o secretário pediu que os vereadores tenham paciência para serem informados sobre o local. Garantiu ainda que área está sendo comprada pela prefeitura e ficará a cerca de 400 metros mais perto do Hospital das Clínicas em relação ao endereço anterior, na avenida Governador Lucas Nogueira Garcez, atrás do estacionamento para veículos de visitantes e pacientes, próximo à Clínica Civil do HC, perto do Jardim Paiva, na Zona Oeste, a um quilômetro de distância.
Guido Desinde Filho afirmou ainda que, apesar de não revelar o endereço, a prefeitura de Ribeirão Preto já está viabilizando o projeto executivo do restaurante popular, que deverá ter 632 metros quadrados. A postura do secretário irritou o vereador Adauto Honorato, o “Marmita” (PR), que chegou a se exaltar e a afirmar que o governo municipal estava enrolando e desrespeitando a Comissão de Estudos.
“Só cego não vê que isso está acontecendo”, disse. Em resposta, Desinde Filho disse que se sentia impotente diante da situação, mas infelizmente não poderia revelar o endereço. Sobre a desistência anunciada nesta semana pela prefeitura de uma área que havia sido cedida pela Universidade de São Paulo (USP), na avenida Governador Lucas Nogueira Garcez, o secretário de Assistência Social afirmou que a desistência foi provocada por problemas técnicos detectados pela administração.
De acordo os engenheiros, por ficar em um nível mais baixo do que outras daquela região, o local serve para a contenção de água da chuva. Para construir o restaurante seria necessário transferir esta retenção para outro local. De acordo com os técnicos, isso aumentaria consideravelmente o custo da obra. Ele afirmou ainda, que a prefeitura pediu para a USP a cessão de outro local, que não foi autorizada.
Agora a CEE do Bom Prato vai solicitar – via ofício – que a Secretaria Municipal de Planejamento e Gestão Pública informe onde fica a área que está sendo adquirida e o custo total para o município. Também integram a comissão os vereadores Igor Oliveira (MDB), presidente, e Jean Corauci (PDT).
A novela sobre a instalação do segundo restaurante popular começou em 2017, na gestão do ex-governador Geraldo Alckmin (PSDB). Em outubro daquele ano ele anunciou que o restaurante ficaria pronto em março de 2018. Funcionaria no imóvel da rua Capitão Pereira Lago nº 1.605, no Jardim Monte Alegre, na Zona Oeste da cidade. Contudo, a data acabou sendo prorrogada para setembro, mas também não foi cumprida.
Meses depois a história mudou e Guido Desinde Filho, afirmou que o endereço seria outro, pois um empresário anônimo da cidade se dispôs a construir o prédio, equipá-lo e doá-lo ao município. A única condição era que o prédio ficasse o mais próximo possível do ambulatório do HC. Meses depois, entretanto, a prefeitura divulgou que o empresário anônimo havia desistido da doação.
Para viabilizar o projeto, a administração municipal anunciou uma parceria com a Universidade de São Paulo – por meio da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto –, que cederia, em comodato, uma área com 700 metros quadrados para a prefeitura construir a unidade.
Na última terça-feira (29), após anunciar que havia desistido do terreno sob o argumento de que a área “não atende as necessidades para a implantação do restaurante”, o governo municipal revelou que estudava um novo local e que a desistência não prejudicará a viabilização do projeto para o segundo semestre de 2020 – a última previsão anterior era para antes de junho, segundo o governador João Doria.
Ribeirão Preto possui uma unidade do Restaurante Bom Prato, na região central da cidade. O Bom Prato do Centro, na rua Saldanha Marinho nº 765, serve diariamente 2.050 refeições, sendo 1.750 no almoço a R$ 1 e 300 no café da manhã, a R$ 0,50. A entidade responsável pela unidade é Associação Espírita Casas de Betânia. Desde sua inauguração, em novembro de 2005, o restaurante já atendeu mais de 4,6 milhões de pessoas. A rede de restaurantes serve diariamente mais de 100 mil refeições, entre almoço e café da manhã.
Depois de inaugurado, o Bom Prato do HC deverá fornecer 1.400 almoços diariamente, dos quais 140 para crianças com até seis anos de idade e 1.260 para adultos, de segunda a sexta-feira, exceto aos feriados. O valor pago pelos usuários será de R$ 1 e as crianças até seis anos estarão isentas. Também está previsto o fornecimento de 300 cafés da manhã diários, a R$ 0,50 para os usuários. O custo total do almoço será de R$ 5,70 e do café da manhã R$ 1,96. A diferença entre o preço pago pelo usuário e o valor total das refeições será subsidiado pela esfera pública.