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Secretário é alvo de nova acusação

A Câmara de Vereadores aprovou, na sessão desta ter­ça-feira, 10 de agosto, a convo­cação do secretário municipal de Governo, Antônio Daas Abboud, para prestar esclare­cimentos sobre o processo ju­dicial que a prefeitura de Ribei­rão Preto move contra ele por causa da dispensa de licitação na reforma do Centro de Edu­cação Infantil (CEI) Ana Maria Chúfalo, no Jardim Roberto Benedetti, o popular “Jardim dos Bancários”, na Zona Leste da cidade, em 2018.

Porém, agora Daas Abboud é alvo de nova denúncia. O promotor Carlos Cezar Bar­bosa, que foi vice-prefeito de Duarte Nogueira (PSDB) na primeira gestão tucana (2017- 2020), move ação civil pública contra o secretário e o profes­sor de Direito Gustavo Assed Ferreira por improbidade ad­ministrativa e por suspeita de fraude no processo de contra­tação – também com dispensa de licitação – da fundação que realizou o estudo da reforma administrativa da prefeitura de Ribeirão Preto.

O caso está na 2ª Vara da Fazenda Pública de Ribeirão Preto. A juíza Lucilene Apare­cida Canella de Melo vai deci­dir se os argumentos apresen­tados pelo Ministério Público de São Paulo (MPSP) são su­ficientes para abertura de pro­cesso judicial contra a dupla. O promotor diz que Abboud e Assed Ferreira teriam frau­dado o processo ao simularem propostas com o objetivo de beneficiar a Fundação para o Desenvolvimento do Ensino e da Pesquisa do Direito (Fa­dep), instituição ligada à Fa­culdade de Direito de Ribeirão Preto (FDRP) da Universidade de São Paulo (USP).

A organização também é ré no processo e será alvo de investigação. “A prova que acompanha esta inicial demonstrou que houve dire­cionamento da contratação para a Fadep, ante o notório conluio entre ela e a Fundação Sada Assed (FSA), eis que tais entidades possuem dirigentes comuns, sendo que o próprio presidente da Fadep ao tempo da contratação – Gustavo As­sed Ferreira – era vice-presi­dente da FSA. Isso, sem contar que a Fundação Sada Assed não tem atuação institucional voltada para o trabalho que estava sendo cotado”, afirma o MPSP na inicial da ação.

O ex-secretário municipal da Fazenda, Demerval Prado Junior, também responderá ao mesmo processo. Se condena­dos, todos terão que restituir aos cofres públicos R$ 690 mil, além de ficarem sujeitos a processos administrativos e criminais. Este foi o valor pago pela prefeitura no projeto de reforma administrativa. Por meio de nota, Gustavo Assed Ferreira respondeu ao Tribu­na. “Não firmei proposta pela FSA e só me manifestarei nos autos do processo quando no­tificado”, diz.

Segundo o MPSP, na época da escolha da Fundação para o Desenvolvimento do Ensino e da Pesquisa do Direito, Gusta­vo Assed Ferreira era dirigen­te tanto da vencedora quanto da Fundação Sada Assed, que apresentou preço maior. A Fa­dep venceu com o valor de R$ 690 mil e a FSA propôs R$ 780 mil. A Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe) ofereceu R$ 1,2 milhão.

O Tribuna procurou o secre­tário de Governo, Antonio Daas Abboud, mas não obteve retor­no. O ex-secretário municipal da Fazenda, Demerval Prado Junior, não foi localizado.

A convocação do secretário
O projeto de resolução aprovado na Câmara – por unanimidade, 21 vo­tos, já que o presidente Alessandro Maraca (MDB) não é obrigado a votar – nesta terça-feira, 10 de agosto, foi apresentado pela Mesa Diretora a partir de requerimento de Jean Corauci (PSB), datado de 15 de abril.

No mesmo mês, a juíza Luísa Helena Carvalho Pita, da 2ª Vara da Fazenda Pública, aceitou denúncia da própria prefeitura de Ribeirão Preto contra o atual secretário de Governo da administração Duar­te Nogueira (PSDB) por improbidade administrativa. Até o final da primeira gestão tucana (2017-2020), Daas Abboud era secretário adjunto da Casa Civil.

No começo do atual mandato tucano (2021-2024), o segundo con­secutivo, foi nomeado secretário de Governo. Na época, ele também acumulava a função de diretor administrativo da Secretaria Municipal da Educação, administrada então pela professora Luciana Rodrigues, também alvo da ação.

Na ação, o município argumenta que a dispensa de licitação para obras de readequação elétrica no Centro de Educação Infantil (CEI) Ana Maria Chúfalo, no Jardim Roberto Benedetti, em 2018, acon­teceu de forma “totalmente sigilosa”, com ausência de “qualquer controle interno e externo”, o que foi considerado pelos procuradores do município “ofensa grave à publicidade”.

A prefeitura cobra o ressarcimento dos valores gastos na obra – aproximadamente R$ 49 mil. A ação cita o relatório técnico do Centro de Apoio Operacional à Execução do Ministério Público de São Paulo (MPSP) que, em 2010, durante o governo da ex-prefeita Dárcy Vera (sem partido), solicitou a reforma e adequação da parte elétrica e hidráulica. Entretanto, as obras não foram realizadas.

Seis meses antes da reforma, uma vistoria preventiva do Corpo de Bombeiros na unidade de ensino já havia apontado os problemas. O município afirma que o tempo seria suficiente para realizar a licita­ção para reforma. Na ação, a defesa do secretário afirma que o caso não pode prosperar porque as alegações da prefeitura não apontam quais seriam as condutas diretas e objetivas praticadas por ele.

Segundo a juíza Luísa Helena Carvalho Pita, os citados no processo “não apresentaram provas cabais da regularidade da dispensa de licitação ou da ausência de culpa na ação por improbidade adminis­trativa”. A defesa de Daas Abboud afirma que a ação não pode pros­perar porque as alegações da prefeitura não apontam quais seriam as condutas diretas e objetivas praticadas por ele no caso.

A Secretaria Municipal de Governo disse por intermédio de nota enviada à redação do jornal Tribuna que o secretário da pasta conti­nua acompanhando a tramitação do processo e quando citado pela Justiça de Ribeirão Preto irá apresentar os argumentos necessários para comprovar a lisura da contratação.

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