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Secretaria de Assistência Social procura moradora de rua infectada com Covid-19

ALFREDO RISK/ ARQUIVO

A 12ª Subseção da Or­dem dos Advogados do Bra­sil, a OAB de Ribeirão Preto (OAB-RP), deu prazo de 24 horas para que a prefeitu­ra apresente o protocolo de atendimento para pessoas em situação de rua no município. O ofício foi protocolado nes­ta segunda-feira, 18 de maio, porque uma mulher, em situ­ação de rua, testou positivo para covid-19 e desapareceu.

Ela foi atendida no Polo Novo Coronavírus (Polo Co­vid-19), instalado na Unidade de Pronto Atendimento Dou­tor Luís Atílio Losi Viana, a UPA da Treze de Maio, no Jardim Paulista, Zona Les­te. A Comissão de Direitos Humanos da OAB-RP foi acionada por integrantes do Projeto Pontes, na sexta-fei­ra (15), para atender um casal em situação de rua. A mulher já havia sido testado positivo para a covid-19.

O secretário adjunto da OAB-RP, Ricardo Miguel So­bral, constatou a inexistência de local adequado para que as pessoas em situação de rua possam ficar em quarentena. Não há ambiente adequado e seguro para essa população – segundo o protocolo, em ca­sos assintomáticos o paciente passa pela triagem e é libera­do para seguir o tratamento em casa.

Após quatro horas de espe­ra e somente após contato com a superintendência do Hos­pital Santa Lydia, responsável pela gestão da UPA, foram disponibilizados dois leitos para o casal pernoitar. Porém, como a situação já havia gera­do desgaste físico e emocional, os dois decidiram não aceitar a internação e resolveram retor­nar à Praça das Bandeiras, em frente à Metropolitana de São Sebastião, na região central.

Eles dividem o espaço e inclusive os talheres de alimen­tação com dezenas de outras pessoas em situação de rua. A OAB-RP destaca que não hou­ve qualquer acompanhamento psicológico. Diz ainda que tanto o início do atendimento, quanto a disponibilização do espaço so­mente ocorreram após a inter­venção da entidade. O casal foi convencido a permanecer por horas defronte à UPA.

Durante o atendimento, chegou a ser sugerido um es­paço no Complexo Esportivo Elba de Pádua Lima – “Tim”, a Cava do Bosque. Contudo, o local está sendo utilizado para a higiene de pessoas em situação de rua sadias. Como preconiza o protoco­lo da covid-19, os pacientes assintomáticos devem fi­car em quarentena em suas residências, desde que te­nham moradia. Outro fato preocupante é que o teste foi realizado em 10 de maio e, até sexta-feira, cinco dias depois, a prefeitura não havia concretizado nenhuma me­dida em relação ao casal para a prevenção do contágio.

De acordo com a Ordem dos Advogados do Brasil, isso significa que há uma semana o vírus sabidamente está sendo transmitindo no grupo social em que eles estão inseridos, sem que a prefeitura de Ribei­rão Preto tomasse qualquer providência. No ofício, a OAB­-RP afirma que, por causa dis­so e para evitar a contamina­ção comunitária da população em extrema vulnerabilidade social, está solicitando o proto­colo de atendimento às pesso­as em situação de rua durante a pandemia.

“Posto isso, a diretoria da 12ª Subseção da Ordem dos Advogados do Brasil, Seção São Paulo, oficia Vossa Exce­lência para que no prazo de 24 horas informe qual o proto­colo da assistência social e da saúde pública do município de Ribeirão Preto para os casos de covid-19 confirmados em pessoas em situação de rua, notadamente quanto ao iso­lamento do doente e daqueles com quem teve contato, bem como a testagem da comu­nidade em que está inserido para evitar o contágio”, diz.

“Solicitamos, ainda, que, no protocolo, seja informada qual a estrutura multidisciplinar (psi­cólogo, psiquiatras e profissio­nais de assistência) e a forma de acesso aos cidadãos”, diz parte do ofício. Cópia do documento também foi encaminhada ao secretário municipal de Assis­tência Social, Guido Desinde Fi­lho, ao coordenador do Grupo de Crise, ao Ministério Público Estadual (MPE, e ao Ministério Público Federal (MPF).

O ofício é assinado pelo presidente da OAB de Ribeirão Preto, Luiz Vicente Ribeiro Cor­rêa, pela vice-presidente Andréa Cristina dos Santos Corrado, pelo secretário-geral Alexandre Soares da Silveira, pelo secretá­rio-adjunto Ricardo Miguel So­bral e pelo tesoureiro da entida­de, Alexandre Meneghin Nuti.

Secretaria emite nota à imprensa

A Secretaria Municipal da Assistência Social enviou a seguinte nota ao Tribuna: “A munícipe não procurou os equipamentos de acolhi­mento oferecidos pela pasta e se recusou a ser internada na UPA. As equipes de abordagem da Semas estão tentando localizá-la para sensibilizá-la sobre a importância de fazer o isolamento social neste momento. Até o momento, a Semas confirmou dois casos de pesso­as em situação de rua confirmadas com covid-19. Uma delas está em isolamento na Casa de Passagem”, diz o texto.

A secretaria ressalta que oferece acolhimento às pessoas em situação de rua na Casa de Passagem e, para ampliar esse atendi­mento, fez uma parceria com a Secretaria de Esportes e expandiu o acolhimento na Cava do Bosque. Ampliou em 66% a capacidade de atendimento às pessoas em situação de rua no Complexo Esportivo Elba de Pádua Lima.

A capacidade de atendimento diário passou de 60 para 100 pesso­as. Mais de 430 pessoas foram abrigadas no local. No total, 1.890 atendimentos já foram realizados. Desde o início da pandemia, a Assistência Social já abordou 378 novos usuários e realizou 822 abordagens.

Para aqueles com suspeita de covid-19, a pasta diz que oferece acolhimento na Casa de Passagem, onde o usuário do serviço ficará isolado no quarto, por 15 dias, com banheiro privativo, realizando as refeições em embalagens descartáveis. Suas roupas não são coloca­das em contato com os demais, bem como as roupas de cama. Este tratamento é ofertado para pessoas com sintomas e assintomáticas.

A secretaria ressalta ainda, que este atendimento não é coercitivo, ou seja, a Semas não pode obrigar que uma pessoa em situação de rua aceite o acolhimento em seus equipamentos. Além disso, a Assistên­cia Social está em tratativas para garantir um terceiro local e ampliar esse atendimento. Caso algum munícipe perceba uma pessoa em situação de rua com sintomas de gripe, a orientação é entrar em contato com o Fale Assistência Social, por meio dos telefones 161 e 0800 7730161, para informar a localização.

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